Silver Lake by Esa Holopainen – “Silver Lake by Esa Holopainen” (2021) | Resenha

 

“Silver Lake by Esa Holopainen” é o auto-intitulado álbum da banda capitaneada pelo guitarrista finlandês e membro fundador do fantástico Amorphis. O disco, que foi lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast, ainda traz a participação de sete vocalistas famosos de rock e metal como Jonas Renkse (Katatonia), Einar Solberg (Leprous), Björn “Speed” Strid (Soilwork), Anneke Van Giersbergen, dentre outros.

Silver Lake By Esa Holopainen Resenha Review

Esa Holopainen é o guitarrista solo da banda finlandesa Amorphis e um dos maiores guitarristas e compositores do heavy metal daquele país. Suas influências incluem nomes diversificados, mas incontestáveis, como Ritchie Blackmore, David Gilmour, John McLaughlin (jazzista que revolucionou o gênero ao lado de Miles Davis e liderou a Mahavishnu Orchestra), e Petri Walli (Kingston Wall).

Partindo destas influências, Esa Holopainen construiu uma personalidade marcante e singular que possibilitou ao Amorphis criar uma identidade que quase gerou um subgênero inteiramente para si em torno de sua abordagem musical que funde metal, folk e progressivo.

Até por isso, não causa surpresa que aquela musicalidade folk escandinava mergulhada numa estética progressiva esteja aqui presente. Mas Esa Holopainen vai além de nos oferecer um disco similar ao de sua banda principal e nos dá, além de solos inspirados e exuberantes, ao menos duas boas surpresas num repertório muito diversificado, que vai do pop ao heavy metal com classe.

Neste sentido, a primeira grande surpresa é a participação do ator finlandês Vesa-Matti Loiri, que praticamente desenvolve uma narração sobre uma música de motivos cinematográficos e grandiloquentes, intitulada “Alkusointu” (com um arranjo doom/prog metal de dar gosto).

Certamente esta música é um dos destaques do repertório ao lado de “Fading Moon” (com Anneke Van Giesbergen); a pesadíssima “In Her Solitude” (com o vocalista do Amorphis, Tomi Joutsen); “Storm”, a outra surpresa do repertório pela abordagem classic/pop rock; além de “Sentiment” “Apprentice”, ambas com o irrepreensível Jonas Renkse do Katatonia.

Pra mim, a surpresa negativa vai para a participação de Bjorn Strid na faixa “Promising Sun”, que definitivamente não me agradou, mesmo eu sendo um grande fã do seu trabalho (mais no Night Flight Orchestra do que no Soilwork, é fato!) e da música trazer uma forma moderna de metal.

Além disso, a constante alternância nos vocais a cada nova composição nos tira a sensação de que estamos ouvindo uma banda, deixando um sabor de projeto/coletânea, o que acaba não sendo um problema pela própria natureza do disco, mas gera um repertório heterogêneo, especulativo (no bom sentido) e multifocal.

Ainda mais quando Esa Holopainen se permite explorar um vasto horizonte de sonoridades e sentimentos, num espectro estílico que vai do rock progressivo ao metal progressivo, da organicidade valvulado dos anos 1970 a hinos folk tradicionais, e do heavy metal ao art rock (“Ray of Light”, que traz Einar Solberg, do Leprous, nos vocais, chega a lembrar o Roxy Music e o A-Ha em dado momento).

Apesar deste caráter progressivo e multifacetado, “Silver Lake by Esa Holopainen” é um álbum curto, que se desenrola por menos de quarenta minutos e traz apenas nove composições com clima bem desenhado desde a pinkfloydiana abertura instrumental com “Silver Lake”.

O trabalho tem a mão forte do produtor Nino Laurenne, que não fez um grande trabalho em estúdio, como motivou o guitarrista finlandês a por em prática o velho plano de compor um álbum solo. Com tempo de sobra após os cancelamentos das atividades com o Amorphis por causa da pandemia, era hora de concentrar forças neste projeto.

Por fim, não seria errado, muito menos depreciativo, dizer que o Silver Lake é uma versão mais light do Amorphis, mas com tanta qualidade musical e classe artística quanto. Ou seja, “Silver Lake by Esa Holopainen” é um disco que vale a pena ser conferido com calma, principalmente se você gosta daquela melancolia escandinava.

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