Schizophrenia – “Recollections of the Insane” (2022) | Resenha

 

“Recollections of the Insane” é o primeiro álbum da banda belga Schizophrenia, um quarteto devotado às formas mais intensas e diretas do death/thrash metal.

O disco foi lançado no Brasil pelo selo Shinigami Records e abaixo você lê nossa resenha completa.

Schizophrenia - Recollections of the Insane (2022) death thrash metal resenha shinigami records

Sem exageros, “Recollections of the Insane”, primeiro álbum de estúdio da banda belga Schizophenia me fez pensar que eles tentaram fundir o Kreator, da fase-“Extreme Aggression” com o Death de “Scream Bloody Gore”, muito pelo bom equilíbrio de peso e melodia sobre uma estrutura rítmica variada.

Confesso que essa aproximação das formas teutônicas do thrash metal com a vibe death metal da Flórida (principalmente nos vocais guturais do baixista e vocalista Ricky Mandozzi) me causou certo susto, pois pelo nome da banda eu esperava (talvez ingenuamente) um direcionamento mais voltado ao que o Sepultura fazia até o brilhante “Beneath The Remains”.

Ledo e bem vindo engano! Afinal, “Recollections of the Insane” é uma pedrada thrash/death metal da melhor qualidade!

Formado em 2016, na Antuérpia, Bélgica, o Schizophrenia apresentou o EP “Voices” (2020) antes de entregar, agora em 2022, este “Recollections of the Insane”. Ao ouvir aquele EP hoje percebo que o Schizophrenia tem uma forma musical bem definida, pois não alteraram, nestes dois anos, sua proposta de soar extremo e intenso, mas também dinâmico e bem trabalhado.

Com nove faixas se desenrolando em pouco mais de quarenta minutos, “Recollections of the Insane” traz uma costura de referências que vão além das mencionadas anteriormente, e obviamente você vai perceber algo do Sepultura de “Schizophenia” (1987) entre elas, ao lado de obviedades canônicas do segmento como Slayer, Possessed, Sodom, Testament, Death e Morbid Angel.

Porém, se comparado ao EP “Voices” (2020), “Recollections of the Insane” traz algumas remissões ao death/black metal de bandas como Dissection, Behemoth e Belphegor, principalmente em seus movimentos mais melódicos e sombrios, como ouvimos na faixa “Divine Immolation”.

A produção de Francesco Paoli, líder da banda italiana Fleshgod Apocalypse, foi decisiva para o resultado final de um disco que precisa soar orgânico, mas ainda moderno, para exprimir todo o seu potencial numa parede sonora opressora. Parece que o disco foi gravado em algum lugar abandonado e empoeirado, mas cada detalhe é claro e bem definido, mesmo com o alto volume.

Tudo bem que eles usam de algumas soluções mais fáceis para direcionar suas composições, soando genérico aqui e ali, ou então esticam passagens desnecessariamente, mas quando acertam a mão o resultado e de impressionar pelo peso cativante que eles dominam, fazendo das músicas extremamente pesadas e rápidas fáceis de se ouvir.

E assim, desenhando riffs de impacto, ora death ora thrash metal, e movimentando muita energia do metal extremo (principalmente pelo impiedoso baterista Lorenzo Vissol) o Schizophrenia oferece bons momentos como “Inside the Walls of Madness”, “Sea of ​​Sorrow”, “Souls of Retribution” e “Cranial Disintegration”, mesmo que esteja longe de ser inventivo e original.

Portanto, “Recollections of the Insane” é um ótimo primeiro trabalho, pois mostra uma banda sólida, mas com muito potencial para amadurecimento e evolução. Principalmente no processo de composição onde precisam valorizar um pouco mais os alívios melódicos, pois se não existe um contraponto relativo de velocidade, nem mesmo a aceleração de um trem desgovernado soa tão assustadora com o passar do tempo.

Ainda assim, eu colocaria “Recollections of the Insane” como um dos grandes discos de death/thrash metal que ouvi neste ano!

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