Rolling Stones – “Let It Bleed” (1969) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Let It Bleed”, clássico disco da banda THE ROLLING STONES, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Rolling Stones - Let It Bleed (1969, Decca) Resenha

Definição em um poucas palavras: Rústico, drogas, Classudo.

Estilo do Artista: Rock

Comentário Geral: Em 1968, Brian Jones já era inoperante como compositor dos Rolling Stones, e suas condições só piorariam até 1969 pelo abuso de drogas.

Até por isso, as viagens psicodélicas de “Their Satanic Majesties Request” (1967) foram deixadas de lado quando Keith Richards tomou para si as rédeas das composições e mudou a banda de patamar nos quatro álbuns seguintes, atingindo o ápice em “Exile On Main Street”.

Mas o começo da construção da nova identidade musical do Rolling Stones foi com “Beggar’s Banquet” em 1968. Na verdade, o conceito começou a surgir na cabeça de Keith Richards um pouco antes.

Entre 1964 e 1966 as turnês nos Estados Unidos serviram também para que Keith Richards criasse uma vasta coleção de discos de blues e suas variantes e desdobramentos que só foi devidamente assimilada entre 1966 e 1967.

O primeiro fruto desta viagem pela rusticidade das raízes do blues foi “Beggar’s Banquet”, que tirou de vez as cores psicodélicas e viagens lisérgicas da música dos Stones, dando novo espaço ao country (“Dear Doctor”) e ao blues (“Prodigal Son”).

Em “Beggar’s Banquet” estão dois dos maiores clássicos da banda: “Street Fighting Man”, que encapsula a turbulência que o mundo vivia em 1968, e “Sympathy for the Devil”, uma longa versão xamânica do samba.

Saiba + sobre “Sympathy for the Devil” nesse texto.

Porém, essa fórmula envenenada pelo blues seria ainda melhor registrada em “Let It Bleed”, disco de 1969 que viria na sequência, carregado do peso da morte do guitarrista Brian Jones, afogado em sua piscina poucos meses antes deste disco ser lançado.

Ambos, “Beggar’s Banquet” e “Let It Bleed”, são reflexos de um período complicado para os Rolling Stones; tumultuado, mas muito criativo.

Entre março de 1968 e e dezembro de 1969, gravaram estes dois discos, perderam o guitarrista  Brian Jones – um dos pilares criativos da banda -, trouxeram Mick Taylor para o time, filmaram o “The Rolling Stones Rock N’ Roll Circus” e  fez ao menos dois shows históricos: um no Hyde Park e outro no fatídico show de Altmont.

Os Stones viviam às voltas com a polícia e a justiça, principalmente pelas acusações de uso de drogas. Em 29 de maio de 1969 o Tribunal Magistrado acusou Mick Jagger e Marianne Faithfull de posse de substâncias ilegais.

A polícia afirmava que ter encontrado LSD, heroína e maconha na casa de Mick, que, por sua vez, alegava que a droga fora plantada. Resultado? Duzentas libras de multa por posse de maconha.

A saída de Brian Jones dos Stones se deu em junho de 1969, mesmo mês em que recrutaram Mick Taylor, com 22 anos à época, no Bluesbreakers de John Mayall. Sua presença nos Rolling Stones seria determinante para o som baseado em riffs, que se tornaria sua marca registrada.

Um mês após sua saída dos Stones e a entrada de Mick Taylor, Brian Jones estava morto. Ele foi encontrado no fundo da piscina em sua fazenda na noite de 2 de julho de 1969.

Oficialmente, a causa da morte foi afogamento acidental sob efeito de drogas e álcool, mas existe muita controvérsia sobre sua prematura morte.

“Let It Bleed” seria lançado em novembro de 1969 e encapsulava toda a cena borbulhante da época, bem como a turbulência que a banda e seus membros colecionavam em suas biografias.

Um disco intenso, potente, e provocador.

Quer deixar um roqueiro das antigas emocionado? Toque  “You Can’t Always Get What You Want”.

E ao mesmo tempo que o London Bach Choir dá tons celestiais à essa belíssima balada profana, “Midnight Rambler” tinha a aspereza, violência e a tensão de uma época marcada pela Guerra do Vietnã, enquanto “Gimme Shelter” dá os rumos da certeira canção roqueira na próxima década.

Em suma, “Let It Bleed” reúne rock, soul, blues (existe uma releitura maravilhosa para “Love In Vain” de Robert Johnson) e até country music com a assinatura dos Stones em sua melhor fase.

De longe, esse é o melhor disco dos Rolling Stones nos anos 1960. Tanto que foi aclamado pela crítica e alcançou a posição número 1 no Reino Unido, retirando “Abbey Road”, dos Beatles, do primeiro lugar.

“Let It Bleed” foi montado com sessões de gravações continuadas da direção que a banda tomou no álbum anterior, com Brian Jones (que aparecia tocando autoharp em “You Got the Silver” e percussão em “Midnight Rambler”) e Mick Taylor (que tocou guitarra apenas em “Country Honk” e “Live With Me”), sinalizando que uma nova era na carreira do Rolling Stones havia começado, onde se destacariam pela força e energia de execução.

Porém a essência da música áspera que ouvimos aqui se dá por causa de Keith Richards, que além de gravar quase todas as guitarras do álbum, ainda estréia sozinho nos vocais de uma faixa completa, em “You Got Silver”.

Infelizmente, a turnê desse disco é marcada pelo fatídico show de Altmont, registrado no vídeo “Gimme Shelter”, em que um fã é morto a facadas por um Hell Angel, que fazia a segurança. Todo esse período, entre 1968 e 1969 foi dissecado por nós nesse texto especial.

O assassinato no meio do público aconteceu tão próximo ao impacto da morte de Brian Jones que Keith Richards não suportou a “bronca” e sua reação foi aumentar o uso de heroína.

Mesmo assim ele não deixou o ritmo diminuir e depois de “Let It Bleed”, que seria o último de inéditas pelo selo Decca, o Rolling Stones se mostrava ainda em plena evolução sob o comando de Keith Richards, que ainda se inspirava em sua discoteca básica de música folk norte-americana, como veríamos em “Sticky Fingers”, disco de 1971.

A melhor fase em estúdio da banda finalizaria no ano seguinte com “Exile on Main Street”, um produto sujo (no bom sentido) e acachapante do blues e do boogie dentro do rock.

Conheça + 5 Discos Essenciais do Rolling Stones nesse link. 

Por ser “Let It Bleed” o disco que transforma o Rolling Stones na maior banda de rock do mundo,  VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 1969.

Top 3:“You Can’t Always Get What You Want”, “Gimme Shelter” e“Midnight Rambler” 

Formação: Mick Jagger (vocais), Brian Jones (guitarra), Keith Richards (guitarra), Mick Taylor (guitarra), Charlie Watts (bateria), e Bill Wyman (baixo).

Disco Pai: Bo Didley – “500% More Man” (1965) 

Disco Irmão: The Beatles – “Let it Be” (1970)

Disco Filho: Black Crowes – “The Southern Harmony and Musical Companion” (1992)

Curiosidades: Originalmente o título do álbum seria “Automatic Charger”, o que combinaria mais com a capa idealizada e executada pelo designer gráfico Robert Brownjohn e fotografada por Don McAllester.

Pra quem gosta de: Discos de vinil, cerveja escura, show de rock e motocicletas.

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1 comentário em “Rolling Stones – “Let It Bleed” (1969) | Você Devia Ouvir Isto”

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