Das letras políticas à sonoridade forte e única, “O Concreto Já Rachou” da Plebe Rude explorou as regras do jogo do Rock Nacional de forma particular gerando clássicos atemporais. Explore o impacto do álbum com neste artigo.
Introdução
“O Concreto Já Rachou” da Plebe Rude é um álbum marcante na história do rock nacional. Com suas letras politicamente carregadas e som único, o álbum desafiou o status quo roqueiro do eixo Rio-São Paulo e abriu caminho para uma nova geração de músicos do Planalto Central ao lado da Legião Urbana e do Capital Inicial.
“O Concreto Já Rachou” da Plebe Rude foi lançado em 1986, em um momento de turbulência política no Brasil.
O país ainda estava sob a ditadura militar, e a censura era desenfreada. As letras do álbum falam contra o governo e a injustiça social, tornando-se uma poderosa declaração de resistência.
O álbum misturou punk rock com ritmos e instrumentos brasileiros, criando um som ao mesmo tempo rebelde e nitidamente brasileiro.
Este disco é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Plebe Rude: Por que você devia ouvir “O Concreto já Rachou”
Definição em um poucas palavras: Adulto, Alternativo, Contra Tudo Isso Que está aí, Guitarra, Punk, Som Brasil, Urbano.
Estilo do Artista: Rock
Comentário Geral: A Plebe Rude é uma das bandas brasileiras oriundas da geração brasiliense oitentista, sendo os caçulas da famosa Turma da Colina, de onde surgiram os embriões da Legião Urbana e do Capital Inicial. O rock praticado nas planícies centrais de nosso território nacional era baseado no punk inglês, muito pela influência dos irmãos Flávio e Fê Lemos que voltaram da Europa em 1978 carregados das mais diversas influências do novo movimento musical, incluindo discos e fitas das principais bandas inglesas como Buzzcocks e The Damned, Sex Pistols e The Clash.
Porém, apesar da juventude, a Plebe Rude era uma das bandas que mais apresentava maturidade musical desde sua gênese. Aliás, o tempo mostraria que as bandas centro-brasileiras eram mais maduras e miravam, mesmo que inconscientemente, alvos mais altos. E devido a esta sua postura o movimento punk brasiliense resultou num maior sucesso. É importante salientar que essas bandas de Brasília surgiram numa época de abertura política e domínio roqueiro nas ondas do rádio.
Voltando à Plebe Rude, o discurso presente em suas letras se assemelhava a ogivas nucleares prontas a serem acionadas nos cérebros dos ouvintes após cada audição. Em um momento de turbulência política no Brasil, pois o país ainda estava sob a ditadura militar, e a censura era desenfreada, as letras da banda falavam contra o governo e a injustiça social, tornando-se uma poderosa declaração de resistência. Uma típica mensagem punk, mesmo que o punk no Planalto Central brasileiro naqueles dias fosse apenas uma válvula de escape para jovens nos fins de semana.
A fusão deste conteúdo rebelde e revolucionário com duas guitarras e o duelo entre dois vocalistas promovido pela Plebe Rude, inovaram de modo ímpar o rock nacional. Além da mensagem política, a banda também se destacou pela sonoridade e estilo únicos. Misturava punk rock com ritmos e instrumentos brasileiros, criando um som ao mesmo tempo rebelde e nitidamente nacional dentro do rock. Essa fusão de gêneros e culturas foi pioneira no rock nacional da época e inspirou uma nova geração de músicos a experimentar diferentes estilos e sonoridades.
Apesar de se unirem em 1981, Jander Bilaphra, Gutje, André Muller e Phellipe Seabra somente experimentaram certa profissionalização quando se mudaram para o Rio de Janeiro, após uma rápida passagem pela forte cena paulista, onde tocaram na data do fechamento da histórica casa Napalm. O amálgama da cozinha incisiva, guitarras furiosas e jogo de vozes só foi registrada com a intercedência de Herbert Vianna frente a gravadora EMI, que inciava um projeto de lançamento de novas bandas nacionais em Mini-LPs, que eram vinis de 12 polegadas, mas com um número menor de faixas, supostamente barateando o preço final.
No site oficial da Plebe Rude, está registrado que o lançamento de “O Concreto Já Rachou” se deu em 11 de fevereiro de 1986, composta por sete faixas, e que se tornaria o trabalho mais bem sucedido do grupo. Os shows de lançamento de “O Concreto Já Rachou” ocorreram nos dias 14 e 15 de fevereiro, no palco do Noites Cariocas, Rio de Janeiro. O primeiro clipe foi para “Minha Renda”, quarta faixa do disco, e que teve estreia no Fantástico com apresentação do músico Herbert Vianna.
Os padrinhos eram fortes – Herbert Vianna produziu o álbum e Renato Russo escreveu o press release – mas a qualidade musical era era o que falava mais alto e já chegavam implacáveis na faixa de abertura, a clássica “Até Quando Esperar”. Um clássico atemporal do rock nacional, musicalmente, em “Até Quando Esperar” vemos brotar arranjos de cordas diferenciados da áurea pos-punk, solos de guitarra pouco comuns ao que víamos em bandas nacionais e harmonias que respiram ares pesados do rock de Brasília.
Entretanto, são os versos que apoiam grande parte da genialidade desta canção com uma pesada crítica ao status quo dos agentes da sociedade que se mostram indiferentes ao sistema de engrenagens que a fazem girar. Outra forte canção é “Proteção”, composta em abril de 1984, durante a votação da Emenda Dante de Oliveira, onde policiais cercavam o congresso nacional e os principais cruzamentos da Capital Federal. No quesito musical, ela se mostra cadenciada com versos quase “rezados” em cima de uma linha instrumental básica.
Um dos destaques maiores deste clássico nacional esta na faixa “Sexo e Karatê”, outra mensagem incomodamente atual. As harmonias raivosas emolduram perfeitamente a crítica à programação banalizada da TV brasileira, numa das faixas mais pesadas do álbum, ainda trazendo a participação de Fernanda Abreu, creditada como Fernanda da Blitz.
Impossível não comentar sobre o irrepreensível trabalho de baixo em todas as canções onde as mais diversas críticas desfilam sem medo. Temos mais inconformismo (“Seu Jogo”, com destemidos arranjos de saxofone à cargo de George Israel do Kid Abelha), crítica à cidade natal da banda (“Brasília”, com um duelo simultâneo entre vocalistas, às vezes em versos diferentes), versos camuflados contra o modus operandi da repressão (“Johnny Vai À Guerra Outra Vez”, com total fluidez punk) e ironizava as interferências da industria musical nas composições a serem gravadas (“Minha Renda”, discurso contra a fórmula pré-estabelecida das canções de sucesso que servem de molde imposto pelas gravadoras e com participação de Herbert Vianna).
Além de ser uma das obras máximas do rock nacional, “O Concreto Já Rachou” se mostra desconcertantemente atual em seu discurso, apesar de ter rachado as relações entre os integrantes da banda já em sua primeira empreitada. Prestando muita atenção aos detalhes e às letras VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1986
Top 3: “Até Quando Esperar”, “Brasília” e “Sexo e Karatê”.
Formação: Jander Bilaphra (vocal e guitarra), Philippe Seabra (vocal e guitarra), Gutje (bateria e vocal), André Muller (baixo)
Disco Pai: Gang Of Four – “Entertainment” (1979)
Disco Irmão: Legião Urbana – “Legião Urbana” (1985)
Disco Filho: Uns e Outros – “Uns e Outros” (1989)
Curiosidades: Apesar do fracasso do projeto dos Mini-LPs da gravadora EMI, “O Concreto Já Rachou” foi certificado Disco de Ouro. A banda se recusou a receber a premiação n’O Cassino do Chacrinha, onde teriam que fazer playback em sua apresentação e preferiram que a entrega fosse feita no programa Perdidos na Noite, capitaneado por Fausto Silva e onde poderiam tocar ao vivo.
Pra quem gosta de: Revolução, niilismo, política, jeans rasgado, coturno e ser “do contra”.
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Uma das melhores bandas nacionais
Viva a Plebe🤘👏👏❤️
Grande matéria para uma gigantesca banda do rock nacional….tive a oportunidade de revê-los aqui em BH em Abril deste ano…puta show ao vivo são indestrutíveis….ainda mais com o Clemente na formação!!!!!