De Rolling Stones a Metallica, nesta lista quero destacar os grandes discos renegados do rock n’ roll, ou seja, aqueles que merecem sua atenção por possuírem ótimas canções ou terem envelhecido bem, mas foram fracassos ou tidos como ruins na época do lançamento.
A imperfeição inerente ao ser humano diversas vezes é uma premissa utilizada quando somos apontados como responsáveis por um erro ou outro. Partindo deste princípio podemos dizer que um grupo de três a cinco pessoas tem uma maior probabilidade de ser acometido por tal condição natural e vir a promover um belo e forte infortúnio.
Se formos atentos que esta hipótese dá mais solidez à proposição cabalística da famosa e alardeada Lei de Murphy, podemos ter certeza que tal erro acontecerá e pode estar certo que este grupo será duramente criticado se tiver construído um precedente legado de acertos.
Didaticamente, hoje ofereço-lhes um clássico exemplo desta minha tese: as bandas de rock. Sim, as bandas de rock são grupos de seres humanos que escolheram um terreno inseguro e emocionante para trilhar.
Basta um pequeno deslize em sua discografia para transformar um grupo genial em uma banda crucificada no Gólgota musical, adjetivada pelos piores impropérios de seus seguidores que se sentem traídos e ludibriados.
Ou seja, basta a banda lançar um disco que não agrade tanto, ou que fuja dos seus padrões, pa ra que comece o apedrejamento em forma de duras críticas.
Hoje, quero buscar alguns destes momentos trazendo à discussão alguns discos que foram esmagados pela crítica, ou obscurecidos por grandes clássicos e que, talvez por isso, passaram despercebidos até pelo ouvinte mais atento.
O que é um disco renegado?
Quais características fariam um álbum ser classificado como renegado? Podemos estabelecer como sendo aqueles lançamentos que foram injustiçados pela crítica musical e/ou até mesmo pela legião de fãs do artista mentor da obra, mas que não são tão deploráveis quanto se diz.
Exemplo 1: Rolling Stones – “Their Satanic Majesties Request”
Podemos, num primeiro momento, exemplificar esta classe de álbuns com um disco da maior banda de rock em atividade do momento. O ano era 1967 e o Rolling Stones, assim como toda banda do mundo naquele período, corria atrás da inovação sonora trazida pelos Beatles.
Depois que os Fab-Four apresentaram ao mundo o álbum “Revolver” um ano antes, o cheiro de revolução pairava no ar e muitos eram os candidatos a criadores do próximo grande álbum de rock da história.
Naquele momento, somente duas bandas poderiam alcançar o grupo de Liverpool. Os americanos do Beach Boys pararam no meio do processo de composição do megalomaníaco e excêntrico álbum “Smile” (um álbum que teria a importância do “Sgt Peppers…” se este se tivesse sido lançado na época), e os Stones forjaram seu primeiro de vários álbuns renegados: “Their Satanic Majesties Request”.
Abaixo você encontra uma oferta da edição em CD de “Their Satanic Majesties Request”, dos Rolling Stones. |
Lançado na cola de “Sgt Peppers…” dos Beatles, em novembro de 1967, este álbum foi duramente criticado, adiando um pouco mais a ascensão de Mick Jagger e cia. Entretanto, creio que exista muita qualidade nas canções que preenchem aquele “bolachão” e, apesar das opiniões implacáveis dos críticos, o disco figurou na segunda posição da Billboard 200, em 1968, valendo muito a pena uma audição acurada em faixas como “Citadel”, “The Lantern”, “On With The Snow” e a clássica “2000 Man” (que foi regravada pela banda Kiss).
Este álbum pode ser tomado como o exemplo máximo de renegado dentro do rock, pois nunca é lembrado quando listamos os grandes álbuns dos Stones e até mesmo a banda não executa as músicas ali presentes há tempos.
Tal condição é em certa parte natural, pois dando uma olhada na seqüência de clássicos absolutos do estilo lançados após este disco (“Beggar’s Banquet” (1968), “Let It Bleed” (1969), “Sticky Fingers” (1971), “Exile On Main Street” (1972)) fica evidente a evolução musical em comparação a “Their Satanic Majesties Request”, entretanto, “Goat’s Head Soup” (1973) e “It’s Only Rock N’ Roll” (1974) estão no mesmo nível do álbum injustiçado de 1967, mas são alinhados junto aos clássicos.
Exemplo 2: Iron Maiden – “No Prayer for the Dying” (1990)
No heavy metal a existência deste tipo de álbum também é costumeira e suas consequências são um tanto mais sérias, até pelo maior fanatismo dos apreciadores do estilo. Este contexto pode ser uma das explicações para a enorme quantidade de álbuns renegados no estilo, principalmente aqueles concebidos pelos baluartes do estilo mais pesado do rock n’ roll.
Começando pelo Iron Maiden, até mesmo pela extensão de sua discografia, a banda produziu um bom número deste tipo de álbum. O clichê seria indicar um dos dois registros com o vocalista Blaze Bayley (“The X-Factor” (1995) e “Virtual XI” (1998)), mas o principal álbum renegado dos ingleses é “No Prayer for the Dying” (1990).
Abaixo você encontra uma oferta da edição em vinil 180 gramas de “No Prayer For The Dying”, do Iron Maiden. |
Muitos creditam o fracasso das composições ao foco que Bruce Dickinson estava dando à composição de seu primeiro álbum solo, mas, mesmo um pouco abaixo dos clássicos imediatamente anteriores, neste disco existem composições muito boas como “Bring Your Daughter… To The Slaughter”, que fora composta para uma trilha sonora, mas rejeitada em seguida; “Holy Smoke” que se desconsiderarmos o clipe ridículo e darmos crédito à mensagem presente na sua letra elevamos a composição; além de “Tailgunner” e “Fates Warning”.
Exemplo 3: Metallica – “Load” (1996)
Do outro lado do Atlântico o Metallica produziu ao menos três álbuns de qualidade contestável pela maioria de seus fãs e críticos, mas ao menos um destes se enquadra como um bom álbum renegado e, neste, optarei pelo óbvio, o álbum “Load” (1996).
Abaixo você encontra uma oferta da edição em vinil duplo de “Load”, do Metallica. |
Este álbum não possui a classe pesada dos álbuns dos anos 80, nem o brilhantismo do álbum negro de 1990, mas se fosse lançado sem o nome Metallica estampado na capa seria um clássico do rock noventista, guiado por músicas como “Until It Sleeps”, “King Nothing”, “Hero Of The Day”, “Bleeding Me” e a beleza sulista de “Mamma Said”.
Estes são os 20 Álbuns Renegados do Rock Que Merecem Sua Atenção
Minha vontade de listar em um texto a maioria dos álbuns renegados do rock, ao menos os principais geraria um texto muito extenso. Desta forma, preparei uma lista que englobam estes grandes álbuns que considero injustiçados, pois possuem músicas de qualidade. Como em toda lista, o mais interessante são os nomes que ali não estão, mas em todo caso, aí vão os que minha memória elencou neste momento.
- Chris Cornell – “Euphoria Morning”. Vale ouvir: “Can’t Change Me”, “Follow My Way”, “Wave Goodbye” e a belíssima “When I’m Down”.
- Pearl Jam – “No Code”. Vale ouvir: “Hail Hail”, “Off He Goes”, “Smile” (a melhor de todas) e “Red Mosquito”.
- Silverchair – “Diorama”. Vale ouvir: “The Greatest View”, “Across The Night”, “Without You” e “After All These Years”.
- Sonic Youth – “Dirty”. Vale ouvir: “100%” e “Young Against Fascism”.
- Capitain Beyond – “Sufficiently Breathless”. Vale ouvir: “Sufficiently Breathless”, “Bright Blue Tango”, “Distant Sun” e “Evil Men”.
- Kraftwerk – “Radioactivity”. Vale ouvir: “Radioactivity”, “Antenna”, “Airwaves” e “Radioland”.
- Queen – “Hot Space”. Vale ouvir: “Under Pressure” vale o disco todo.
- Rush – “Presto”. Vale ouvir: “Show Don’t Tell”, “The Pass”, “Anagram” e “Chain Lightning”.
- Megadeth – “The World Needs A Hero”. Vale ouvir: “Dread And The Fugitive Mind”, “Moto Psycho”, “Return To Hanger” e “Promises”.
- Sepultura – “Against”. Vale ouvir: “Against”, “Choke”, “Old Earth” e “Common Bonds”.
- Slayer – “Diabolus In Musica”. Vale ouvir: “Bitter Piece”, “In The Name Of God”, “Screaming From The Sky” e “Wicked”.
- Aerosmith – “Rock And A Hard Place”. Vale ouvir: “Jailbait”, “Cry Me A River”, “Joanie’s Butterfly” e “Rock In A Hard Place (Cheshire Cat)”.
- Deep Purple – “Come Taste The Band”. Vale ouvir: “Coming Home”, “Lady Lucky”, “I Need Love” e “You Keep On Moving”.
- Kiss – “Dinasty”. Vale ouvir: “I Was Made For Loving You”, “2000 Man”, “Sure Know Something” e “Magic Touch”.
- Led Zeppelin – “Presence”. Vale ouvir: “Achiles Last Stand”, “Nobody’s Fault But Mine”, “For Your Life” e “Tea For One”.
- Twisted Sister – “Love Is For Suckers”. Vale ouvir: “Love Is For Suckers”, “Hot Love” e “I’m So Hot For You”.
- Bruce Dickinson – “Skunkworks”. Vale ouvir: “Innerspace”, “I Will Not Accept The Truth” e “Space Race”.
- Van Halen – “III”. Vale ouvir: “Without You”, “From Afar”, “Once” e “Neworld”.
- Judas Priest – “Demolition”. Vale ouvir: “One On One”, “Hell Is Home”, “Close to You”, “Bloodsuckers”, “Lost And Found” e “Cyberface”.
- AC/DC – “Ballbreaker”. Vale ouvir: “Hard As A Rock”, “Cover You In Oil”, “Boogie Man”, “Love Bomb” e “Ballbreaker”.
- Celtic Frost – “Cold Lake”. Vale ouvir: “Seduce Me Tonight” e “Dance Sleazy”
- Discharge – “Grave New World”. Vale Ouvir: pelo menos a longa “The Downward Spiral”
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O disco load do Metallica você considera renegado? Está entre os 100 discos mais vendidos da história da música, a opinião de críticos musicais só serve para eles mesmos. Ninguém dá valor.