Iron Maiden – “Virtual XI” (1998) | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado Pra Ouvir: Quinta-Feira.

Hora do dia indicada para ouvir: Cinco da Tarde.

Definição em um poucas palavras: Adulto, Guitarra, Progressivo, Melancólico, Sombrio.

Estilo do Artista: Heavy Metal.

IRON MAIDEN - Virtual XI (1998)
Iron Maiden – “Virtual XI” (1998, EMI)

Comentário Geral:  Fãs do Iron Maiden, peço-vos que guardai as pedras até que meu argumento esteja completamente desenvolvido nestas linhas que se seguirão.

Lançado em 23 de março de 1998, “Virtual XI” marcou o maior fracasso comercial da banda, e  a menor posição nos charts em anos, mas não deve ser negligenciado na discografia da banda.

Esse décimo primeiro álbum da carreira da Donzela de Ferro nem chega a gerar polêmica entre os fãs, o apedrejamento é impiedoso.

Para estes, Steve Harris deu o recado certeiro: “Eu gastei um ano da minha vida trabalhando por horas para fazer este disco – que eu ainda amo e não dou a mínima para que os outros dizem”. Claro que anos mais tarde seu discurso seria menos explosivo, mesmo que à época do lançamento ele tenha afirmado que este disco estava “no mesmo nível dos melhores que Iron Maiden lançou”.

Entretanto, com um olhar frio e alheio ao clamor apaixonado pela sonoridade clássica da banda, eu vos digo que não assimilo fracasso neste álbum.

Procurando como definir este disco em apenas uma palavra, encontrei “liberdade”, como bradado inúmeras vezes na faixa “The Clansman”, uma composição que retoma a temática medieval para uma música do Iron Maiden.

Eu sinto a liberdade de cinco músicos em compor sem a obrigatoriedade de revisitar o passado, alheios às vontades de seus fãs radicais, fazendo música sem as externas influências limítrofes, algo que não mais repetiriam em sua história.

Mas ainda existiam fantasmas a assombrar o estúdio. 

A pressão por um sucesso com o novo vocalista, Blaze Bayley (que não pode ser comparado a Bruce Dickinson, nem por questões técnicas, mas por terem estilos diferentes de voz), era enorme, principalmente por causa das críticas dos fãs.

O guitarrista Dave Murray ofereceu uma comparação interessante acerca das trocas de vocalista da banda e a escolha de Blaze Bailey:

“Quando Paul Dianno saiu do Iron Maiden aconteceu a mesma coisa, com uma diferença: o Paul tinha apenas dois anos de carreira, e sendo assim a diferença não era muito grande. Quando Bruce saiu ele pensava que a banda ia acabar, mas nós decidimos que isso não poderia acontecer. Nos reunimos e decidimos arrumar um vocalista do tipo que é o Blaze Bailey e foi isso que aconteceu”.

O mesmo Murray que declarou à revista Terrorizer que este disco era superior ao anterior.

O outro guitarrista da banda, Janick Geers, na época do lançamento do disco ainda afirmou que “como a voz de Blaze  Bailey é diferente, mais profunda, em outro tom, nós podemos criar outras harmonias, explorar outros timbres na guitarra, coisa que não fazíamos há um bom tempo. Isso nos deu outra dimensão como músicos.”

Neste contexto, este álbum era a prova de fogo para o vocalista Blaze Bailey que, por sua vez,  caracterizava “Virtual XI” como um disco bem mais introspectivo. 

A faixa de encerramento, “Como Estais Amigos”, é uma prova disso. Composição de Blaze com Janick Gers, ela foi inspirada na Guerra das Malvinas, conflito onde o vocalista perdeu um amigo próximo.

Já a canção “The Educated Fool” (uma espécie de mãe de “Blood Brothers”, faixa do próximo disco) é uma auto-análise dos compositores, indo mais profundamente no significado das coisas e traz elementos mais que inerentes à sonoridade da banda. 

Para a grande maioria Blaze falhou nesta prova de fogo. Para mim ele é um ótimo vocalista (e provou isso em seus discos solo), apenas não se encaixou nos moldes melodiosos e épicos do Iron Maiden. Algo que o baterista Nicko McBrain ressaltou anos depois:

“Blaze fez um grande trabalho em ‘Virtual XI’. Steve escreveu faixas sensacionais como ‘Futureal’, ‘The Clansman’ e ‘The Angel and the Gambler’. Nós temos muito orgulho desse disco. Mas acabou sendo o último com Blaze.”

O que alguns não percebem é o caráter exorcista deste álbum e a necessidade dele ter sido composto para que a banda pudesse continuar de forma sadia posteriormente.

Mas não apenas isso, ele é um ótimo álbum se não comparado com os clássicos de início dos anos 1980 e sendo frio, prefiro este “Virtual XI” ao macambuzio “No Prayer for The Dying” ou ao pretensioso “The Final Frontier” 

A única ressalva dentre as faixas do álbum éThe Angel And The Gambler”. Se esta fosse reduzida em cinquenta por cento, seria uma ótima canção, fazendo um cruzamento entre as bandas The Who e UFO, só que a realidade é diferente e ela foi eleita uma das piores canções que o Maiden já produzira, mas para mim tem seus encantos. Gosto de suas linhas de teclado que remetem a canções do Deep Purple, dos ótimos solos e riffs, mas a repetição constante de certos versos a torna cansativa.

Esse uso de teclados e a repetição dos refrãos eram uma continuidade do disco anterior.

Aliás, a comparação com o álbum “X Factor”, que trazia canções mais diretas, foi determinante para rotular este “Virtual XI” como um fracasso, por ser um álbum mais melancólico e cadenciado e com canções longas.

Mas a essência do Iron Maiden estava lá. “Futureal” tem a forma das canções do Iron Maiden e remete a clássicos como “Be Quick Or Be Dead”, “Man on the Edge” e “Aces High”.

A supracitada “The Clansman”, que fora baseada no filme Coração Valente, se mostra uma canção inspirada, atmosférica, que transita entre a melancolia e a rebeldia.

Ainda existem momentos fortes como “Lightning Strikes Twice”, com refrão consistente, riffs empolgantes em guitarras que duelando entre si, assim como acontece em “When Two Worlds Collide”, uma composição de temática apocalíptica muito em voga à época, principalmente no cinema.

Porém, esse disco foi o fim da linha para Blaze Bayley, pois foi muito mal recebido por público (que já o queria fora da banda desde “X-Factor”, disco anterior) e mídia, e até os shows começaram a ser duramente criticados durante a divulgação do disco.

O que acho sinceramente é que o problema do Iron Maiden nessa época não era a falta de Bruce Dickinson, mas sim do guitarrista Adrian Smith.

É perceptível a queda de qualidade nas composições da banda após o disco “Seventh Son of a Seventh Son” (1988). Até então o último dele na banda.

A troca de vocalistas só amplificou a deficiência das composições à partir da saída de Adrian e como ele retornaria junto com o vocalista Bruce Dickinson, a impressão imediata era de que o problema residisse em Blaze Bailey.

O que mais incomodou os fãs da banda era o fato de ser neste disco onde o Iron Maiden tirou a previsibilidade de sua sonoridade e quem esperava por guitarras gêmeas, refrãos fáceis e toda aquela dramaticidade lírica nos vocais deu com os burros n’água.

E esse tipo de decepção acomete sempre aquele que esperam que o artista os sirva, e no caso do Iron Maiden eles tentaram mudar a receita e experimentar algo novo.

Claro que Blaze tinha suas deficiências como vocalista de uma banda como o Iron Maiden, principalmente ao vivo, e isso alimentou ainda mais seus críticos.

A “Virtual XI World Tour” teve diversos shows cancelados nos EUA devido a problemas de saúde de Blaze Bayley ocasionados pela sua reação alérgica a alguns elementos dos cenários usados nos shows.

“Realmente tive alguns problemas com os vocais no fim da tour, pois nós estávamos há muito tempo na estrada. Achei que podíamos, após a tour de ‘Virtual XI’, voltar ao estilo de ‘X-Factor’ ou tomarmos um rumo diferente, mas obviamente eu estava completamente enganado”, refletiu o vocalista após sua saída da banda.

Após o último show na Argentina os rumores sobre a saída de Blaze cresciam. Em fevereiro de 1999 o vocalista foi comunicado que não estava nos planos que a banda seguiria dali em diante.

A volta de Bruce Dickinson era questão de tempo, como mais tarde contou Nicko McBrain:

“Nós ficamos sabendo que Bruce estava querendo voltar e obviamente era um dilema. Era uma decisão difícil, mas, uma vez que resolvemos isso, foi como de estivéssemos em uma nova banda”.

Hoje em dia creio que é mais fácil enxergar “Virtual XI” como um conjunto de canções menosprezadas, mas que têm muita qualidade.

Além disso, se fosse lançado por qualquer outra banda iniciante, e não sob o logo do Iron Maiden, seria aclamado como um destaque de fim do milênio. 

Não se permita deixar de ouvir estas canções por simples opiniões gerais de demérito (que são motivadas pela paixão ao passado). Ouça e tenha sua própria impressão da obra. Eu ouvi e gostei. Muito!

Agora sim… Podem atirar as pedras!

Ano: 1998.

Top 3: The Educated Fool”, “The Clansman”, “Don’t Look To The Eyes Of a Stranger”.

Formação: Blaze Bayley (vocais), Dave Murray e Janick Gers (guitarras), Steve Harris (baixo) e Nico McBrain (bateria)

Disco Pai:  Deep Purple –Slaves And Masters” (1990).

Disco Irmão: Van Halen –III” (1998)

Disco Filho: Iced Earth – “The Glorious Burden” (2004).

Curiosidades: Lançado em ano de copa do mundo que coincidia com os anos derradeiros do milênio, misturaram futebol (a seleção brasileira aparece na capa jogando futebol) com realidade virtual na temática de promoção que fora feita junto com o jogo Eddie Hunter, cujo personagem principal era o mascote Eddie e a trilha sonora era composta pelas vinte músicas mais populares do Iron Maiden.

Pra quem gosta de: Realidade virtual, Van Halen com Gary Cherone, Judas Priest com Tim Owens e Pepsi. 

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