Roberto Carlos – “Roberto Carlos” (1969) | Você Devia Ouvir Isto

 

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Confira a proposta desta seção aqui

Dia Indicado para ouvir: Terça-feira.

Hora do dia indicada para ouvir: Seis da Tarde. 

Definição em um poucas palavras: Adulto, Baladas, Bucólico, Classudo, Pra Encher a Cara, Retrô, Sentimental, Som Brasil, Urbano. 

Estilo do Artista: Música Brasileira. 

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Roberto Carlos – “Roberto Carlos” (1969, Columbia Records)

Comentário Geral:  Os derradeiros anos da década de 1960  foram de metamorfose para Roberto Carlos. A canção Não Vou Mais Ficar anunciava nas ondas de rádio que novos tempos viriam para o rei da Jovem Guarda em seu disco auto-intitulado lançado em 1969.

O ritmo do iê-iê-iê já era parte do passado e os novos elementos de sua música pairavam numa mistura de soul music, romantismo e pop franco-italiano.

A introdução de As Curvas da Estrada de Santos e sua forte interpretação envolta em arranjos de metais e teclados típicos da música negra americana, direcionavam Roberto Carlos para a maturidade musical desfilada na melhor parte de sua carreira, que vai até 1978.

Esta canção, em especial, uma belíssima composição da dupla Roberto e Erasmo Carlos, se tornou icônica na carreira do futuro “rei” da música brasileira.

Esses novos sabores musicais foram experimentados ainda no ano anterior, 1968, quando Roberto Carlos venceu o Festival de San Remo com a canção Canzone Per Te, de co-autoria de Sérgio Endrigo, compositor e cantor italiano, dono do sucesso atemporal Io che Amo Solo Te.

A influência desta cena pop europeia de meados da década de 1960 se faz presente neste disco em canções como Sua Estupidez (outra parceria com Erasmo, com pé no blues/soul, de letra densa e dilacerante), Aceito Seu Coração (com estilo europeu de executar um romantismo musical pop adaptado aos ouvidos brasileiros, que seria perpetrado por quase toda a sua carreira, e com extremo sucesso) e Não Adianta (composição de Edson Ribeiro que traz ecos da Jovem Guarda).  

Mas a dieta musical de Roberto ia além nesse repertório. Neste período, estava fascinado por nomes americanos como James Brown, Wilson Pickett e Ray Charles e desejava um pouco desta emoção funk/soul em seu álbum.

Entra em cena o – naquela época – aspirante a um lugar ao sol, Tim Maia, “amigo” antigo cuja história é bem conhecida e que se tornaria, na década seguinte, o maior cantor do país.

Assim nascia Não Vou Ficar, um arrasa-quarteirão como Roberto nunca mais teria em sua carreira, com bateria forte, guitarra latente, baixo pulsante, coros arrebatadores, naipe de metais cortantes e órgão libidinoso, além da variação entre conciliação e abandono impressa na letra, muito bem adornada musicalmente.

Este clima americanizado ainda fica evidente nos hollers (gritos emocionais típicos da música negra americana) espalhados pelas composiçõesna pulsante e libertária Nada Vai Me Convencer e no irresistível boogie/soul Do Outro Lado da Cidade, tipicamente sessentista e com direito a riff de blues e assobio

Os críticos que alardeavam a infantilidade juvenil das canções presentes nos álbuns de Roberto Carlos, tiveram que se render à evolução do cantor de vinte e oito anos, que abria seu novo trabalho com a belíssima “As Flores do Jardim da Nossa Casa”, mais uma parceria com Erasmo Carlos, e onde apresentava uma performance vocal diferenciada e carregada de emoção.

Esta canção era servia de arauto da próxima fase musical do cantor, um dos poucos ícones da música brasileira que soube evoluir sua musicalidade junto com as marcas deixadas pelo cotidiano de seus admiradores.

Outras canções antecipavam cenas dos próximos atos da carreira de Roberto Carlos, como em Quero Ter Você Perto de Mim, cuja força está condensada na letra emocionadamente desfiada em sua voz, assim como na instrumental O Diamante Cor-de-Rosa, com traços musicais europeus em seus belíssimos arranjos.

A verdade é que com este álbum Roberto Carlos deixou de ser visto apenas como um ídolo juvenil, começando a ser levado a sério por críticos e atingindo um público mais diferenciado do alucinadamente histérico dos primeiros dias. 

A partir deste momento, até se render ao comodismo de sua zona de conforto em meados da década de 80, Roberto Carlos mostrou um gigantesco ecletismo musical em suas influências e uma desconcertante habilidade para compor dilacerantes temas de amor.

Por ser um álbum que abre o caminho do merecimento da coroação de Roberto Carlos, definitivamente, você precisa ouvir isto! 

Ano: 1969

Top 3: Não Vou Ficar, As Curvas da Estrada de Santos, As Flores do Jardim da Nossa Casa

Formação:  Roberto Carlos (vocal), Renato Barros (guitarras), Paulo César Barros (baixo), Lafayette (teclados) e Tony (bateria). 

Disco Pai: Otis Redding: Sittin’ In The Dock Of The Bay (1968) 

Disco Irmão: Erasmo Carlos: Erasmo Carlos e os Tremendões (1970)

Disco Filho: Tim Maia: Tim Maia (1971)

Curiosidades: A banda que acompanha Roberto Carlos é formada, em parte, por alguns integrantes do grupo Renato e Seus Bluecaps. Tim Maia, quando mostrou a Roberto Carlos a canção que tinha para ele, apresentou Você (que seria sucesso estrondoso dali a alguns anos na voz do próprio compositor), mas Roberto estava buscando uma canção forte, “um pé na bunda musical”, como escreveu Nelson Motta na biografia de Tim Maia. 

Pra quem gosta de: mudar de vida, jardins, lembrar da pessoa amada, estradas, e cappuccino com canela.

https://youtu.be/tPVQE2NrW5E

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