Rage – Resenha de “Wings of Rage” (2020)

 

“Wings of Rage” é o mais novo trabalho do Rage, um dos maiores nomes do power metal alemão (e sua discografia é prova cabal deste fato).

Desde o princípio, quando surgiu da clássica banda Avenger, o Rage é afeito a transformações, seja na sonoridade quanto na formação, sempre capitaneada pelo incansável Peter “Peavy” Wagner (baixo e vocais).

E entre “Seasons of the Black”, de 2017, e este “Wings of Rage”, seu vigésimo terceiro álbum de estúdio lançado em 2020, Paevy resolveu reunir a formação do Rage que figurou entre os anos de 1988 e 1993, quando gravaram álbuns como “Perfect Man” (1988), “Secrets in a Weird World” (1989) e “Trapped” (1992), para um novo disco. Dessa reunião surgiu um novo álbum, “Solitary Man” (2018) lançado pela gravadora italiana Frontiers, mas não sob o nome de Rage, e sim Refuge.

Não há como negar que essa “fuga” temporária com o Refuge deu a Peavy uma energia renovada para trabalhar as novas músicas do Rage. Afinal “Wings of Rage” parece dar uma oxigenada no mais do mesmo que vinham apresentando nos bons álbuns anteriores.

Rage - Wings of Rage
Rage – “Wings of Rage” (2020, SPV/Steamhammer, Shinigami Records)

Claro que a sonoridade de peso cavalar inerente ao seu power metal de orientações sinfônicas, com vocal agressivo e instrumental encorpado, guiado por riffs poderosos, tendo na bateria a mola propulsora de sua forte pegada metálica, continua por aqui.

Porém, de certa forma, a banda explora composições mais diversificadas em comparação a seus discos mais recentes, como se o Refuge tivesse motivado Peavy a olhar para outros momentos da carreira do Rage e permitir uma auto-influência, além da era “Unity” (2002) – “Soundchaser” (2003).

“Chasing the Twilight Zone”, por exemplo, traz remissões à fase noventista da banda, com guitarras pesadas e vocais típicos de Peavy, fazendo dela uma das melhores do disco.

Já “A Nameless Grave”, com seus elementos sinfônicos, me lembrou do clássico “From the Cradle to the Grave” do álbum “XIII”, com ótimas linhas vocais. Aliás, Peavy se diz aqui influenciado pelo show que fizeram em um festival onde tocaram esse mesmo disco acompanhados da Lingua Mortis Orchestra.

O disco inclusive é bem dividido para a segunda parte com aspectos sinfônicos mais proeminentes pela faixa “Shadow Over Deadland (The Twilight Transition)” que precede a ótima e já citada “A Nameless Grave”.

Nesse campo musical amplo e próprio (a rigidez da fórmula não abre espaço para espontaneidade, mas isso já é uma marca da banda), o trio pisa várias vezes no thrash metal e de forma mais pontual no prog metal (como na pesada “Let Them Rest in Peace” e na cadenciada “For Those Who Wish To Die”), mesmo que a orientação seja puramente power metal por aqui.

Claro que existem aquelas faixas que soam genéricas (como “Tomorrow” e “Wings of Rage”) em meio a bons momentos gerados pela pura essência power metal do Rage, como em “True” (com clima de filme de terror no início e guitarras vibrantes), “Don’t let me Down” (com refrão que vai funcionar muito bem ao vivo), “Blame it on the Truth” (rápida e melódica) e “Shine a Light” (com belas melodias).

Destaque também ao guitarrista Marcos Rodriguez abusa da técnica nos solos, mas entrega exatamente o que a música pede nos arranjos, com palhetadas abafadas e riffs cavalares.

De escorregão mesmo só a nova versão de “Higher Than The Sky”, retirada do álbum “End of All Days” (1996), aqui intitulada “HTTS 2,0”, que é bem dispensável.

O trabalho em estúdio é moderno, mas um tanto crú (o som da bateria pode estranhar no início), conseguindo mesmo assim imprimir uma sonoridade agressiva (principalmente nas guitarras que soam cortantes) e avassaladora, numa organicidade que permite detalhar os instrumentos.

No encarte do álbum Peavy diz que eles “nunca foram tão maduros e poderosos antes” e tendo a não discordar dele no quesito maturidade. Já na coluna “poderio” creio que foi exagero da empolgação de estarem comemorando trinta e cinco anos de história.

Mesmo não sendo o disco mais poderoso do Rage aos meus ouvidos é o melhor desde “Soundchaser” (2003), pois as músicas funcionam no conjunto, possuem solidez rítimca e dinâmica equilibrada entre peso, melodia e velocidade.

Faixas:

1. True
2. Let Them Rest in Peace
3. Chasing The Twilight Zone
4. Tomorrow
5. Wings Of Rage
6. Shadow Over Deadland (The Twilight Transition)
7. A Nameless Grave
8. Don`t Let Me Down
9. Shine A Light
10. HTTS 2.0
11. Blame It On The Truth
12. For Those Who Wish To Die

Formação

Peavy Wagner »» vocal/baixo
Marcos Rodriguez »» guitarra
Vassilios Maniatopoulos »» bateria

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