Phil Campbell – Resenha de “Old Lions Still Roar” (2019)

 

Phil Campbell ficou por mais de três décadas empunhando sua guitarra ao lado de Lemmy Kilmister na instituição chamada Motorhead.

Com a morte de Lemmy e o consequente fim da banda ele não descansou e tem apresentado projetos interessantes.

Se num primeiro momento ele reuniu seus três filhos e o vocalista Neil Starr na banda Phil Campbell & the Bastards Sons para, num atrito de gerações distintas, gerar o bom “The Age of Absurdity”, um disco de rock n’ roll em alto e bom som, agora ele nos entrega “Old Lions Still Roar”, seu primeiro disco solo recheado de convidados especiais.

Phil Campbell - Old Lions Still Roar (2019)
Phil Campbell – “Old Lions Still Roar” (2019 | Nuclear Blast, Shinigami Records)

Numa estética usual de convidar amigos para se divertirem enquanto produzem música, Campbell traz em “Old Lions Still Roar” a participação de nomes como Alice Cooper, Rob Halford e Dee Snider, Mick Mars (Mötley Crüe), Whitfield Crane (Ugly Kid Joe), Chris Fehn (Slipknot) e Benji Webbe (Skindread)

E apesar de trazer um promessa intimista e folk na capa, com o guitarrista em posse de seu violão, e a faixa de abertura, “Rocking Chair”, ter essa estética mais puxada ao country rock, “Old Lions Still Roar” é um disco de rock n’ roll, puro, simples e direto. 

Aliás, “Rocking Chair” é uma belíssima composição, dona de arranjos brilhantes de violão e guitarra, além de um  ótimo trabalho nas linhas vocais de Leon Stanford, principalmente no refrão certeiro.

Vagamente, essa música me lembrou uma versão atualizada, intimista e melhor produzida da ideia que Bruce Sprinsgteen executou no clássico “Nebraska”.

Nessa linha mais introspectiva e cadenciada,  “Left For Dead” trará a pegada bluesy para uma balada lindíssima, com show do vocalista Nev Macdonald e solo de guitarra com alma, enquanto “Dead Roses” trará os vocais inspiradíssimos de Benji Webbe roubando a cena de Phil ao piano, numa das melhores baladas que ouvi nos últimos anos.

Claro que a dinâmica entre movimentos mais cadenciados e outros mais enérgicos se faz presente, mas, no geral, o disco traz o peso na medida certa e está a milhas de distância de ser um disco entediante.

Isso fica claro já em “Straight Up”segunda faixa dona de guitarras ásperas e cheias de malícia que emolduram vocais instigantes e diferentes do metal god Rob Halford.

No campo do rock pesado ainda temos o peso sabático do stoner metal construído sobre as possibilidades setentistas do blues rock em “Swing It”; a timbragem grave e a determinação mezzo punk, mezzo stoner de “Walk the Talk”; e a vibe metálica noventista renovada aos novos tempos de “Dancing Dogs”.

Como eu acredito que 99% do que Alice Cooper colocar sua voz estará sempre acima da crítica, “Swing It” é uma das melhores faixas por aqui. Um hard rock urgente, com clima de perigo e encharcado de adrenalina nas guitarras maliciosas.

Outra que não tinha como dar errado é “These Old Boots”, com Dee Snider e Mick Mars promovendo uma festa oitentista de puro rock n’ roll com tudo que se tem direito: peso, riff  com gancho irresistível, solo de guitarra, refrão bem feito, backing vocals e até cowbell! 

Por essas duas músicas é perceptível que não existiria título mais apropriado para esse disco!

Afinal são instituições da era mas clássica e dourada do rock mostrando que ainda possuem energia, vontade e capacidade de executar o estilo de forma relevante e empolgante.

O disco fecha com “Tears From A Glass Eye”, um diálogo musical belíssimo, tanto em estilo quanto em técnica, de Phil com o guitarrista Joe Satriani que é de arrepiar pelo clima e texturas exploradas.

Por todas essas composições podemos conferir como Phil Campbell é um compositor versátil, encarando o desafio de criar com parceiros diferentes, executar as composições com músicos distintos e mesmo assim gerar uma coesão impressionante ao longo do trabalho.

Além disso, as letras estão bem pessoais, refletindo, talvez, algumas coisas que ele iria passar no livro prometido, mas que fora temporariamente abortado, o que dá ainda mais profundidade às composições. 

O disco foi gravado no estúdio que Phil possui em casa, no País de Gales, tendo na produção e mixagem  a colaboração do seu filho, Todd Campbell, que executou um trabalho brilhante.

Segundo o próprio Phil Campbell esse disco é um desejo antigo, incentivado, inclusive por Lemmy, mas impossibilitado de ser posto em prática pelas turnês incansáveis do Motorhead.

Ainda bem que ele não desistiu do projeto, pois “Old Lions Still Roar”, lançado no Brasil via Shinigami Records, é um disco excelente!

FAIXAS

1. ‘Rocking Chair’ (c/ Leon Standford – vocal, Todd Campbell – guitarra, Will Davies – baixo)
2. ‘Straight Up’ (c/ Rob Halford – vocal, Tyla Campbell – baixo, Dane Campbell – bateria)
3. ‘Faith In Fire’ (c/ Ben Ward – vocal, Tim Atkinson – baixo, Robyn Griffith – bateria)
4. ‘Swing It’ (c/ Alice Cooper – vocal, Chuck Garric – baixo, Dane Campbell – bateria)
5. ‘Left For Dead’ (c/ Nev MacDonald – vocal, Mark King – baixo, Danny Owen – teclados, Tyla Campbell – guitarra acústica, Dane Campbell – bateria)
6. ‘Walk The Talk’ (c/ Nick Oliveri – vocal/baixo, Danko Jones – vocal, Ray Luzier – bateria)
7. ‘These Old Boots’ (c/ Dee Snider – vocal, Mick Mars – guitarra, Chris Fehn – bateria, Todd Campbell – guitarra)
8. ‘Dancing Dogs (Love Survives)’ (c/ Whitfield Crane – vocal, Tyla Campbell – baixo, Dane Campbell – bateria)
9. ‘Dead Roses’ (c/ Benji Webbe – vocal, Will Davies – baixo, Matt Sorum – bateria)
10. ‘Tears From A Glass Eye’ (c/ Joe Satriani)

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