“Metal Relics – Hail the World Metal” (2020)” – Resenha de Coletânea

 

capa da coletânea Metal Relics - Hail the World Metal (2020)
“Hail the World Metal” (2020, coletânea | Metal Relics)

Sabe o que Iron Maiden, Metallica e Slayer possuem em comum além de serem bandas das mais importantes da história do heavy metal? 

Todas foram apresentadas ao mundo através de coletâneas!

Ou seja, falar da importância deste tipo de lançamento para a difusão do estilo, dando oportunidade a bandas iniciantes de colocarem seus nomes num álbum, é redundante.

Aqui no Brasil não foi diferente. Coletâneas históricas como “Warfare Noise” “S.P. Metal” apresentaram alguns dos pilares do metal nacional como Sarcófago, Korzus, Centúrias e Salário Mínimo.

Atualmente, mesmo com a facilidade de acesso às bandas que o mundo digital nos oferece, esse tipo de lançamento não perdeu força.

Na verdade, as coletâneas atuais oferecem uma espécie de curadoria do que ouvir em tempos onde toda a informação está à disposição de uma só vez e é muito comum não saber por onde começar nesse oceano de novidades.

Uma das mais interessantes coletâneas que chegaram por aqui recentemente, e que merece destaque, foi a “Metal Relics – Hail the World Metal”, lançada em formato duplo pelo selo Metal Relics.

 

Uma loja/selo fundada em 2016, a Metal Relics se dedica a todas as formas em que o heavy metal se apresenta, focando seus lançamentos em edições físicas, editadas para colecionadores, principalmente de material raro.

Isso pode ser conferido dentre os lançamentos do selo,  onde figuram como destaque “Heart of the Ages” e “Omnio” do In The Woods, “The Astral Sleep” do Tiamat, e “Ophidian Wheel” do Septicflesh, todos em parceria com outros selos, como o Cold Art Industry.

Todo esse cuidado com a produção, desde a capa até a mídia, pode tembém ser conferido nesta coletânea, embalada em jewelcase com direito a slipcase.

Ao todo, são vinte e quatro faixas de vinte e três bandas oriundas de vinte e um países diferentes que se desdobram no espectro existente das variações de melodia, peso e velocidade do metal tradicional.

Ou seja, nao espere bandas de metal extremo ou modernidades. O assunto aqui é tradicionalismo!

 A escolha das bandas e das faixas foi muito feliz e as diferenças entre timbres e produção são mais do que esperadas nesse formato.

Sem dúvidas, a faixa “The Scout” mostra que a banda Sunrunner está realmente um degrau acima das demais. Retirada de seu quarto álbum de estúdio, “Ancient Arts of Survival” (2018), essa faixa traz velocidade nos riffs melódicos, no refrão intenso e no ritmo intrincado da bateria, me lembrando os bons tempos do trio Budgie.

Mas não ficamos somente nesse destaque, sendo possível descobrir bons nomes como o Living Metal, banda brasileira pertencente ao idelizador da coletânea, Pedro Zupo, e que apresenta uma abertura para cada um dos CD (com destaque a “Are You Ready for Metal?/Living for Metal” e suas guitarras vibrantes) encapsulando a essência do metal tradicional, em duas odes ao gênero.

Ao lado da banda brasileira, coloque dentre os destaques os italianos do Scala Mercalli (com melodia e um excelente vocalista, apesar da produção discutível), os suecos do Fretless (o nível das bandas desse país é impressionante), os franceses do Gorgeous (e seu hard n’ heavy moderno e cheirando a sleazzy), os colombianos do Diamond Chazer (com sua peculiar Tokyo Rendezzvous”) e os argentinos do Bazofias (“Tu Estrella” é a faixa melhor trabalhada em arranjos e harmonias na coletânea).

Porém, o grande trunfo desta coletânea é nos mostrar que existem boas bandas de heavy metal fora dos polos tradicionais do gênero.

Ouso dizer que muita banda renomada da atualidade não tem a determinação e a qualidade dos sulafricanos do Deadline (se você não gostar de “White Death”, creio que você não gosta de metal) e do peruano Natthamer (com a climática vibe oitentista de “Lonely Heart”).

Adicione a esse grupo os indianos do Infamy (com a pesadíssima “Hellfire”), o Psywar das Filipinas e os libaneses do Nightchains (que apesar da crueza com que “The Law” foi impressa, mostra potencial a ser lapidado).

Claro que alguns nomes soam mais genéricos, como o Coven, do Japão, que soa perdido no tempo apesar da boa intenção em recriar o som da NWOBHM (especialmente do Saxon e do Iron Maiden), assim como os mexicanos do Steel Night e os checos do Steel Witch (esse no meio do caminho entre o Holocaust e o King Diamond).

Coloque no meio do caminho entre os destaques e o genérico, bandas como o Witchseeker (o que falta em criatividade sobra em energia na faixa “Speed Way”) de Singapura, os gregos do Rhodium (cujo vocalista exera em alguns pontos, mas “Memory of Light” tem, talvez, o melhor refrão da coletânea) e os alemães do Olymp (e sua veloz e melódica “Icarus“).

Queria registrar aqui que na maioria dos casos as bandas que não figuram como os destaques principais foram traídas pela própria produção, pois mesmo naquelas que praticam uma sonoridade mais simples existem predicados positivos e alto potencial que foram minados pelo trabalho em estúdio.

Ao meu ver, num nível tão alto de técnica e composição dentro de um estilo tão tradicional, o diferencial entre as bandas atuais, que as colocará em suas respectivas prateleiras de relevância dentro da cena mundial, reside nos mínimos detalhes.

Creio eu que o mais importante aspecto destes detalhes reside na produção! É a produção que separa o profissional do diletante.

Talvez o maior exemplo disso que quero dizer resida na faixa “Stormbringer”, da banda eslovaca Oznor. Essa música tinha tudo para ser uma das melhores da coletânea, mas a produção não soube dar concisão às individualidades e falta um produtor para organizar os músicos que parecem querer ir cada um para um lado.

Porém, engrossam o caldo de exemplos dessas afirmações, as faixas apresentadas pelos alemães do Torpëdo, os franceses do Wings of Decay, o russo Deadzone (que exibe técnica instrumental apurada) e os chilenos do Metal Genocide.

Se você é daqueles que gosta de sair da mesmice quando o assunto é heavy metal essa coletânea é um boa fonte de opções.

FAIXAS:

CD 1
1) Living Metal – Hail The True Metal (Will Never Die) | Brasil
2) Deadline – White Death | Africa do Sul
3) Coven – Wings Of Glory | Japão
4) Natthammer- Lonely Heart | Peru
5) Witchseeker- Speed Way | Singapura
6) Steel Night – Red Alert | México
7) Scala Mercalli – The 1000 (Calatafimi Battle) | Itália
8) Torpëdo – Sons Of Evil | Alemanha
9) Rhodium – Memory Of Light | Grécia
10) Fretless – Freedom | Suécia
11) Sunrunner – The Scout | Estados Unidos
12) Gorgeous- Speeding | França

CD 2
1) Living Metal – Are You Ready For Metal / Living For Metal | Brasil
2) Wings Of Decay – Crossroad | França
3) Infamy – Hellfire | Índia
4) Diamond Chazer – Tokyo Rendezvous | Colômbia
5) Psywar – Malaya | Filipinas
6) Oznor – Stormbringer | Eslováquia
7) Nightchains – The Law | Líbano
8) Metal Genocide – Heavy Metal Army | Chile
9) Dead Zone – Nightrider | Rússia
10) Steel Witch – The Midnight Hunt | República Tcheca
11) Bazofias – Tu Estrella | Argentina
12) Olymp – Icarus | Alemanha

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