RESENHA | Eternal Idol – “Renaissance” (2020)

 

O Eternal Idol que chega a “Renaissance”, seu segundo disco, está um pouco diferente.

Não que seu heavy metal sinfônico tenha sido alterado drasticamente, mas a formação que orbita o talentoso vocalista italiano Fabio Lione sofreu algumas mudanças.

Eternal Idol - Renaissance (2020, Shinigami Records)

Fundada pela gravadora italiana Frontiers em torno de Lione para trazer novamente a sonoridade grandiosa que o metal sinfônico popularizou na década de 1990, a banda Eternal Idol revitaliza seu line up com músicos ligados ao metal progressivo italiano.

Obviamente, o nome da banda veio do clássico disco do Black Sabbath (à época com Tony Martin nos vocais), mas as similaridades param por aí, pois nesse segundo disco o Eternal Idol entra ainda mais de cabeça nas formas modernas do metal sinfônico. 

Até por isso, musicalmente, podemos encontrar similaridades óbvias com o Nightwish, o Angra e o Turilli/Lione RHAPSODY, assim como de Kamelot, Secret Sphere, Labÿrinth, Within Temptation e Epica.

Ou seja, pode esperar intensidade, arranjos pomposos, melodias grandiloquentes e linhas vocais dramáticas nessas composições assinadas, em sua maioria, pelo guitarrista Nick Savio.

Verdade seja dita, é, também, inegável que existe uma personalidade própria impressa nessas composições.

“Renaissance” foi gravado entre o fim de 2019 e início de 2020, produzido pelo próprio Nick Savio e mixado por Simone Mularoni (DGM, Sunstorm). Cabe aqui ressaltar como a produção ajudou alavancar as potencialidades da banda.

Ao lado da dupla Lione/Savio está o baixista Andrea Buratto, além dos recém-chegados Enrico Fabris (bateria) e Claudia Duronio (vocais femininos).

Num disco esmerado, seja no trabalho de composição ou em estúdio, temos um altíssimo nível de execução e criação, entregando de forma elegante as passagens elaboradas e com muita energia a parcela mais direta.

Ao mesmo tempo, existe uma fumaça gótica aclimatando todo o disco que dá um requinte moderno e sombrio a faixas como “Into the Darkness”, “Dark Eclipse” (chegando a lembrar as bandas de gothic rock dos anos 1980 e com uma abordagem diferente do usual por parte de Lione) e “The Edge” (que lembra muito o Within Temptation).

As demais composições trazem a assinatura de peso e melodia, numa dinâmica que se divide entre a energia melódica e a grandiloquência épica, com destaques para “Black Star” (com uma pegada mezzo power metal mezzo hard rock) e “Not the Same” (com um refrão irresistível), além da épica faixa-título.

O grande trunfo dessas composições reside no trabalho vocal da dupla Lione/Duronio, sejam sozinhos ou em dueto. Lione soa cada vez melhor com o passar do tempo e sabe como poucos valorizar um bom refrão!

Já Nick Savio se consolida como um dos grandes nomes na atual cena italiana do heavy metal como compositor criativo e inteligente nas construções melódicas, no desenho dos riffs e no uso da técnica para construir seus solos.

Suas escolhas de timbres são muito bem feitas, assim como sua forma de mesclar o simples e o complexo é muito interessante.

As composições de “Renaissance” vão do progressivo ao hard rock, do metal sinfônico até o gothic rock/metal (chegando a esbarrar sem rubor em algo mais pop) com naturalidade, como em “Without Fear”, por exemplo, outro grande destaque do disco.

Todavia, essa pluralidade de estilos foi também o fator que impediu-os de superar o disco anterior, “The Unrevealed Secret”, simplesmente por “Renaissance” não se decidir entre ser um disco mais goticamente progressivo ou sinfonicamente metálico.

Ao mesmo tempo, esse conflito de identidade estílico, esses múltiplos sabores musicais, fazem com que “Renaissance” seja um disco envolvente e musicalmente “hiper-palatável” (para o bem e para o mal).

No fim, “Renaissance” soa como uma fusão da proposta do Turilli/Lione RHAPSODY com a musicalidade atual do Nightwish, pincelada pontualmente pelo melodic rock europeu moderno nos refrãos (como nas ótimas “Flying Over You” “Lord Without Soul”).

Se metal sinfônico é sua praia, então pode conferir esse disco sem medo.

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