De “Stargazer” a “Man on the Silver Mountain”, o Rainbow é uma lendária banda de heavy metal e hard rock britânica pelos clássicos que criou. Hoje escolhemos 5 discos essenciais da sua discografia em diferentes fases. O Rainbow é uma lendária banda de heavy rock britânica, um verdadeiro supergrupo formado pelo fundador e ex-guitarrista do Deep Purple, Ritchie Blackmore, em 1975, ao lado do icônico vocalista Ronnie James Dio.
A história do Rainbow começa um pouco antes de abril de 1975 quando Ritchie Blackmore deixaria o Deep Purple. Já em dezembro de 1974, dentro de uma das folgas da turnê do Deep Purple, a dupla Ronnie James Dio e Ritchie Blackmore já trabalhava em sua primeira parceria: um cover do Quatermass, para a faixa “Black Sheep of the Family”, que seria lançado como single solo do ainda guitarrista do Deep Purple.
A composição inédita, “Sixteenth Century Greensleeves”, que iria para o Lado B do single, ficou excelente, motivando o guitarrista a evoluir de duas músicas para um álbum completo, que seria gravado entre fevereiro e março de 1975. Este álbum seria o primeiro do Rainbow, que Dio gravou ao mesmo tempo em que o Elf registrava “Trying to Burn the Sun”, terceiro álbum da sua (àquela época) banda principal.
Para economizar tempo e esforço, Blackmore convocou os integrantes do Elf, exceto obviamente o guitarrista Steve Edwards, para registrar o que nasceria como “Ritchie Blackmore’s Rainbow”, em 1975, iniciando a história de uma das mais importantes bandas do Rock. O nome Rainbow foi retirado de um famoso clube londrino que Blackmore frequentava e este primeiro álbum foi promovido na época como um álbum solo do guitarrista.
Porém, musicalmente não ouvíamos um trabalho de um guitarrista apoiado por uma boa banda, mas sim uma banda guiada por um grande vocalista e um ilustre guitarrista. Fato reforçado em faixas como “Catch the Rainbow”, “Man on a Silver Mountain”, “Sixteenth Century Greensleeves” e “Temple of the King”.
Abaixo você tem ofertas de edições em disco de vinil de “Rising” e “Ritchie Blackmore’s Rainbow”, dois discos do Rainbow que são essenciais! | ||
Rainbow: 5 discos da banda de heavy rock de Ritchie Blackmore
Em sua jornada o Rainbow padeceria de inúmeras mudanças de formação tendo sempre Blackmore na capitania das ações que criou basicamente uma discografia bem dividida em eras diferentes, donde nos propomos escolher cinco discos enquanto passeamos por sua biografia.
1. “Rising” (1976)
Nossa primeira escolha é incontestável! Olhando em retrospecto, Ritchie Blackmore esteve em três dos mais importantes discos do heavy rock nos anos 1970: “Machine Head” (1972) e “Burn” (1974), pelo Deep Purple, e este “Rising”, do Rainbow.
E a julgar pelo quesito influência, acho até que este segundo trabalho com Rainbow esteja um passo a frente dos outros dois com o Deep Purple. Os ecos de sua grandiloquência épica e do peso cheio de energia chegariam até os dias atuais. Além disso, foi exatamente em “Rising”, lançado em 1976, que Dio começou a inserir em suas letras os temas de fantasia, inspirados em magia e literatura épica.
“Rising” é o ápice musical do Rainbow, e faixas como “Startruck”, “Tarot Woman”, “Stargazer” (um hard rock progressivo e pesado, e atenção à bateria de Cozy Powell), e “Do You Close Your Eyes”, comprovam isso! Apesar das ótimas composições e da coesão musical que ouvimos no primeiro trabalho, a formação com ex-membros do Elf duraria apenas até a gravação daquele álbum. Exceto por Dio, Blackmore trocou todo o restante do Rainbow para produzir “Rising”, um disco gravado em apenas dez dias e que já não trazia mais o nome do guitarrista gravado na belíssima capa de Ken Kelly.
A formação que registrou “Rising” é simplesmente fenomenal: Cozy Powell na bateria, Jimmy Bain no baixo, Tony Carey nos teclados, além de Blackmore e Dio. Um verdadeiro dream team do heavy rock setentista. Destaque à performance poderosa e espontânea do baterista Cozy Powell que insistia em registrar sua linhas numa sessão única.
Já Blackmore vinha extrapolando suas habilidades musicais de uma forma que o Deep Purple não permitia, mas que seria encerrada já neste disco, afinal, “Long Live Rock N’ Roll” (1978), o próximo álbum, já buscaria um caminho musical mais direto e as rusgas entre o guitarrista e o vocalista começariam, até que Dio deixaria o Rainbow em 1979.
2. “Long Live Rock n’ Roll” (1978)
Outra escolha óbvia! Dos outros dois discos em estúdio registrados com Dio nos vocais além de “Rising”, “Long Live Rock n’ Roll” é mais emblemático que o primeiro álbum, tanto pela marcante faixa título quanto pela foto interna do LP. Além disso, seu conjunto de composições é também mais coeso.
Porém, é importante lembrar que entre “Rising” e “Long Live Rock n’ Roll” o Rainbow nos ofereceu seu primeiro álbum ao vivo. Um ano após “Rising”, o Rainbow lançaria “On Stage”, que foi gerado durante um período conturbado entre os músicos, mesmo que com ele a banda tenha atingido um status elevado dentro do cenário setentista, a era dos discos ao vivo. Vale mencionar que no repertório deste álbum ao vivo temos uma antológica versão para o clássico “Mistreated”, do Deep Purple.
Aliás, em seus quatro primeiros discos de estúdio o Rainbow trouxe quase uma formação totalmente diferente em cada um deles. Para se ter uma ideia de como as coisas funcionavam, em dado momento o baixista Mark Clark (ex-Uriah Heep) vem para o lugar de Jimmy Bain, mas ele nem chegou a gravar as composições que estariam em “Long Live Rock n’ Roll”, e quem faz as linhas de baixo do disco foi o próprio Blackmore, apesar dos créditos serem dados a Bob Daisley.
Além de Daisley, David Stone registrou os teclados e completou a formação ao lado de Dio, Powell e Blackmore. A banda rumou para um castelo na França para gravar o álbum que contou também com arranjos orquestrados à cargo na Bavarian String Esemble. Musicalmente, o Rainbow lançava um dos melhores discos de sua carreira, ao mesmo tempo que mesclava sua abordagem grandiloquente e épica com algo mais direto, objetivo e até certo ponto comercial.
Em dada maneira, este terceiro disco de estúdio apresentava uma carta de intenções musicais por parte de Ritchie Blackmore, antecipando o que ouviríamos no futuro. Além da icônica e flamejante faixa-título, podemos destacar dentro de “Long Live Rock n’ Roll” músicas de altíssimo nível como “L. A Connection”, “Gates of Babylon” (uma filha de “Stargazer”), “Kill the King” (que já havia aparecido no álbum o vivo) e “Rainbow Eyes” ( uma balada lindíssima guiada por um dos melhores momentos de Dio em estúdio).
A partir de então o Rainbow experimentaria sua maior mudança, não só em formação, mas também em musicalidade e direcionamento de mercado. O mercado inglês, onde o Rainbow nunca experimentou a mesma popularidade que viva no Japão e na Alemanha, começa a ficar ainda mais desconfortável para a musicalidade do Rainbow à partir da explosão do punk rock.
Com isso, Blackmore olhava para o mercado norte-americano. Logicamente isso implicaria em deixar sua proposta musical ainda mais comercial. Algo que desagradava Ronnie James Dio e o motivou a abandonar o Rainbow rumo ao Black Sabbath, onde lançaria os clássicos “Heaven and Hell” (1980) e “The Mob Rules” (1981). No embalo, saem também o tecladista David Stone e o baixista Bob Daisley (que havia chegado para a turnê de “Long Live Rock n’ Roll”).
Abaixo você tem ofertas de edições em CD e em disco de vinil, respectivamente, de “Down To Earth” e “Long Live Rock ‘n Roll”, dois discos do Rainbow que são essenciais! | ||
3. “Down to Earth” (1979)
Você pode até torcer o nariz parao Rainbow sem Dio, mas não há como negar que Blackmore encontrou outro grande vocalista para estar ao seu lado e seguir com o trabalho em altíssimo nível. Antes de “Down to Earth”, mesmo com a inconstância da formação, o Rainbow conseguia manter a alta qualidade em seus discos, pois o cérebro e a alma da banda sempre esteva na dupla Blackmore/Dio. Ou seja, a saída de Dio era o maior desafio da, até então, curta biografia do Rainbow.
A primeira escolha de Blackmore foi seu ex-companheiro de Deep Purple, Ian Gillan, que recusou de imediato a proposta, ao contrário de Roger Glover, que não só registrou o baixo como seria co-autor de sete composições do próximo álbum, além de produtor. Graham Bonnett, ex-Marbles, aceita o posto de vocalista do Rainbow e coloca sua voz em “Down to Earth”, disco com uma personalidade musical bem diferente de seus anteriores.
Para os teclados é recrutado Don Airey, uma sugestão do baterista Cozy Powell (mais um que logo sairia da banda), completando a formação que tocaria na histórica edição do festival Monsters of Rock de 1980. E mesmo com toda essa tribulação o Rainbow emplacava seus primeiros dois hits: “Since You’ve Been Gone” e “All Night Long”.
Todavia, não pense que o Rainbow tinha se tornado totalmente comercial. “Eyes of the World” aparece no início do álbum para nos lembrar que o Rainbow era um dos nomes mais importantes do heavy rock. Junto a ela temos “Lost in Hollywood” e “No Time to Loose” como parcelas de peso dentro da estética mais pop que Blackmore impunha no Rainbow, tudo bem impresso pelo trabalho em estúdio.
Porém, logo teremos mais mudanças na formação. Além de Cozy Powell dar lugar a Bob Rondinelli e rumar para o Michael Schenker Group, Blackmore, que visava ainda mais o mercado norte-americano, demite Bonnett e traz o vocalista do Fandango, Joe Lynn Turner, para gravar o próximo álbum, “Difficult to Cure”, que sairia em 1981.
“Difficult to Cure” foi a mudança definitiva da sonoridade do Rainbow, aumentando o tempero comercial nas composições. Isso abria as portas do mercado norte-americano, mas também fechava o europeu onde as datas de shows diminuíram drasticamente. Até por isso, Blackmore aproveita o lançamento do disco em outubro de 1981 e muda para os Estados Unidos, trocando o tecladista Don Airey por David Rosenthal.
4. “Bent Out Of Shape” (1983)
Esta talvez seja a primeira e única escolha polêmica da nossa lista! Mas tentarei justifica-la. “Difficult to Cure” era um disco com muitas inconstâncias de repertório, pouco coeso, apesar de ser credenciado a entrar nessa lista principalmente por conter “I Surrender”, uma das melhores musicas do Rainbow, mas também pelo ótimo trabalho de Blackmore.
Algo que não podemos dizer de “Straight Between the Eyes” que viria na sequência, em 1982, mas que garantiria uma extensa turnê pelos Estados Unidos e ainda mais respaldo do mercado japonês.
Isso mesmo com ele sendo o mais pesado dentre os registrados pelo vocalista Joe Lynn Turner, o que nos mostra como Blackmore ainda estava ajustando o equilíbrio da fórmula que ele queria para sua versão americana do Rainbow, que chegaria em “Bent Out Of Shape” (1983). As saídas continuavam e agora era a vez do baterista Bob Rondinelli, o que causava certo desgaste e cansaço em Blackmore, além de prejudicar o entrosamento dos músicos. Para seu lugar veio Chuck Burgi.
Burgi podia até ser um baterista pouco conhecido do público roqueiro, mas ele tocava com jazzistas renomados, uma bagagem que contribuiu muito para a sofisticação que ouvimos em “Bent Out Of Shape”, um álbum mais melódico que seus anteriores.
É fato que Blackmore já estava, por volta de 1983, mais interessado nas propostas milionárias em torno de uma reunião da formação clássica do Deep Purple, que seria oficializada em maio de 1984 e renderia o clássico “Perfect Strangers”. Creio que isso também ajudou muitos a ignorarem esse trabalho (algo que acometeu, ironicamente, o último disco do Elf, “Trying to Burn the Sun”, lançado quando já eram parte do próprio Rainbow), sem falar na capa pavorosa.
Porém, “Bent Out Of Shape” é o mais centrado e coeso dos três trabalhos com Joe Lynn Turner nos vocais (aliás ele nos oferece uma de suas grandes performances em estúdio) .
Se antes os bons momentos competiam com outros menos inspirados, agora, a sofisticação estava lado-a-lado com o equilíbrio de peso e apelo comercial (“Can’t Let You Go” e “Street of Dreams” são provas disso).
Outra coisa que conta à favor deste disco é o fato de que muitas ideias que aparecem amadurecidas em “Perfect Strangers” foram plantadas aqui, em “Bent Out Of Shape”. Duvida? Ouça “Fire Dance” e “Drinkin With the Devil”.
Enfim, este seria o último álbum de inéditas do Rainbow na década de 1980. Veríamos, até 1995, apenas coletâneas ao estilo “The Best Of”, para os mercados inglês e japonês. O Rainbow lançaria, em 1986, “Finyl Vinyl”, uma coletânea de lados B presentes nos singles e faixas ao vivo de diversas fases da banda.
A história ainda colocaria Joe Lynn Turner ao lado de Ritchie Blackmore no Deep Purple, após Ian Gillan ser demitido em 1989. Com Turner nos vocais o Deep Purple lançaria “Slaves & Masters” em 1990, que segundo Blackmore foi “o melhor álbum do Rainbow que o Deep Purple poderia ter feito”. Faz sentido e esse disco merece ser redescoberto!
5. “Stranger In Us All” (1995)
Assim como você, eu também acharia ao menos dois discos que estariam no lugar desse “Stranger In Us All”, lançado pelo Rainbow em 1995. Porém, creio que esses mesmos dois discos estariam bem próximos da qualidade que ouvimos nesse último esforço de estúdio da banda.
Em 1993, o próprio Ritchie Blackmore estava fora do Deep Purple e reformulava o Rainbow, sem Joe Lynn Turner nos vocais, o que chamou a atenção até mesmo do vocalista que esperava ser chamado de volta. Para o posto veio Doogie White, que ocupou a posição até 1997, quando o guitarrista passou a se dedicar ao projeto renascentista ao lado de sua belíssima esposa, o Blackmore’s Night.
Doogie White foi dos vocalistas testados para o posto de vocalista do Iron Maiden, após a saída de Bruce Dickinson, mas foi mesmo recrutado para a nova encarnação do Rainbow junto aos músicos Paul Morris (teclados), Greg Smith (baixo e vocal) e John O’Reilly (bateria).
A verdade é que Blackmore estava desejoso em lançar um disco solo, mas a gravadora pediu por uma novo trabalho do Rainbow. Por isso vemos novamente Ritchie Blackmore’s Rainbow grafado na capa de “Stranger In Us All”, um disco que trazia o guitarrista ao lado de uma nova parceira de composição, a esposa Candice Night.
E esse disco em nada lembra o rock nos anos 1990, estando calcado em boas melodias, longe de qualquer estética alternativa que imperava, nos rendendo bons momentos em faixas como “Cold Hearted Woman”, “Black Masquerade” e “Too Late For Tears”.
A turnê de “Stranger In Us All” foi longa, durando até maio de 1997, quando o Rainbow entrou em estado de hibernação novamente e Blackmore rumou ao projeto de música renascentista Blackmore’s Night.
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A origem do nome não foi de “um famoso clube londrino que blackmore frequentava”. O Rainbow Theater era o teatro londrino (e não clube) onde várias bandas se apresentariam no curso dos anos. No entanto, o nome saiu do clube de Los Angeles que vários roqueiros frequentavam, sendo, inclusive, a “casa” de Lemmy do Motorhead. Portanto, não seria “clube” londrino, até porque não há “clubes” londrinos com este nome. Pelo menos na época não. O Rainbow bar and grill era o clube de LA que Blackmore se inspirou para colocar o nome de seu projeto.