Rage – Resenha de “The Devil Strikes Again” (2016)

 

Desde o primeiro álbum “Reign Of Fear”, no ano de 1986, após a clássica banda alemã Avenger ser rebatizada, o Rage galgou todos os degraus necessários para se tornar um dos grandes nomes do que se convencionou a chamar de Power Metal.

Ao longo dos anos, grandes álbuns vieram e remodelações na sonoridade acompanharam a evolução do tempo, dando mais grandiosidade à já encorpada sonoridade da banda capitaneada pelo incansável Peter “Peavy” Wagner (baixo e vocais).

Após mais de duas dezenas de álbuns, “The Devil Strikes Back” (o 22º da carreira), além de manter o ritmo constante dos lançamentos da banda, inaugura, em estúdio, sua nova formação, completada pelo guitarrista Marcos Rodriguez e pelo baterista Vassilios “Luckyˮ Maniatopoulos, além de dar continuidade à sonoridade de peso cavalar inerente ao seu Power Metal, com vocal agressivo e instrumental encorpado que tem na bateria a mola propulsora de sua forte pegada metálica.

Rage - The Devil Strikes Again 2016
Rage – “The Devil Strikes Again” (2016, Nuclear Blast, Shinigami Records)

As inspirações eruditas aparecem em algumas harmônias de guitarra, que seguem, com muitos riffs, o ritmo vertiginoso das canções, com mudanças de andamentos e viradas de bateria que nos tiram o senso de direção dentro das músicas, impelindo-nos para dentro do trabalho de um modo indefensável.

Ao contrário de muitos contemporâneos, o Rage trouxe uma quantidade de faixas salubre ao trabalho, sem alongar sua duração, o que faz deste assalto metálico rápido, envolvente e nada enjoativo.

Todavia, mesmo observando que os refrãos estão muito bem pensados e executados, confesso que algumas melodias espalhadas pelas composições soaram menos inspiradas e um tanto quanto rasteiras, minando o trabalho final.

Mesmo assim, é impossível não dar alto crédito a um trabalho tão eficiente no conjunto da obra, principalmente quando em meio ao tracklist temos faixas tão honestas quanto “Ocean Full Of Tears”“Def, Dumb  & Blind” (esta com solo beirando o neoclássico).

A faixa-título, que é também a abertura do trabalho, mantém as tradições da banda, com esmero nos arranjos e passagens com sadias doses de “grudência” melódica, que também se faz presente no riff totalmente Hard Rock de “The Final Curtain”, uma faixa mais cadenciada, mas não menos eficiente, mostrando que o Rage também sabe tangenciar com maestria roupagens mais acessíveis, assim como no refrão de “War”, que, além disso, ainda apresenta andamentos diferenciados que permitem um respiro e oxigenam o álbum.

“Spent Of The Night” é um prato cheio de tradicionalismos melódicos que empolgam, assim como “Time of Darkness” (que apresenta uma pegada mais Hard n’ Heavy, mesmo com um andamento arrastado de fazer orgulho ao Candlemass no meio da canção) e “My Way” (uma faixa irretocável, dona de um trabalho de baixo notável).

Talvez o único elo realmente fraco do álbum seja a faixa “Back on Track”, com seu Power Metal versão “feliz e efusivo”, mas que não agrada, algo diametralmente oposto ao que acontece com “The Dark Side of the Sun”, melhor faixa do álbum, que surpreende como tema melódico, cheio de arabescos e guitarras pesadas.

Pra quem buscar a edição especial, temos ainda temas muito legais como “Bring Me Down” (rápida, furiosa e de refrão cadenciado), “Requiem” (uma aula de metal melódico) e “Into The Fire” (balada interessantíssima, com interpretação vocal destacável ), que poderiam substituir muito bem  a fraca “Back on Track” no tracklist oficial. Além disso, dentre os bônus, podemos conferir os covers para “Slave To The Grind” (Skid Row), “Bravado” (Rush) e “Open Fire” (Y&T).

Segundo Peavy, eles buscaram a energia e o espírito dos clássicos álbuns noventistas da banda, focando nas canções fortes e diretas, mas com melodias gradiosas. Se este objetivo foi alcançado ou não, eu deixo para análise de vocês, mas certamente, o Rage continua muito poderoso e não perdeu o pedigree metálico!

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