QUEEN | Existe Vida Sem Freddie Mercury?

 

Freddie Mercury é o maior vocalista da história do rock. 

Aceito se você pensar diferente, mas fatalmente você o colocará entre os cinco grandes frontmen do gênero.

Certamente ele sabia de sua importância para o Queen, tanto que proferiu uma frase célebre que ficou eternizada quase como uma profecia: Se eu de repente partisse, eles simplesmente me substituiriam. Mas não é fácil me substituir, hein!?!”

Todavia, acredito que nem Freddie mensurava ser essa dificuldade tão grande.

Queen - Existe Vida Sem Freddie Mercury

QUEEN: EXISTE VIDA SEM FREDDIE MERCURY?

O legado de sua carreira junto ao Queen é abissal, casando música clássica com rock pesado e tonalidades pop, como parte do processo de metamorfose de uma banda de rock progressivo com certo peso para um fenômeno da história da música.

A morte do artista que era a alma da banda se deu em 24 de novembro de 1991, após desistir do tratamento da AIDS, que alguns dizem ter sido contraída no Brasil, em 1985.

A última canção registrada para a banda por Freddie Mercury foi Mother Love, presente no álbum póstumo Made In Heaven.

Entretanto, a última imagem que os fãs guardam na lembrança esta presente no vídeo da canção These Are the Days Of Our Lives, quando Freddie olha para a câmera com toda a magia que lhe era inerente e profere um emocionado “eu amo vocês“.

A morte do vocalista do Queen foi a maior tragédia do rock mundial na década de 1990, fazendo a banda amargar um período de incertezas que abarcou dois eventos importantes neste período.

Um deles foi a produção do álbum póstumo Made In Heaven, que criou lacunas entre um errante Brian May e um apressado Roger Taylor, tendo o recluso Deacon em meio a todo este turbilhão de emoções.

Elton John certa vez teria dito aos remanescentes do Queen que a banda se assemelhava a um carro de corrida parado na garagem, sem nenhum piloto!

A próxima baixa seria a reclusão de John Deacon, que fez seu último registro com o Queen no compacto “No One Bu You (Only The Good Die Young)“, composta por Brian May em homenagem a Freddie e cantada por ele e Roger Taylor.

Lançado em 1997, a gravação deste compacto mostrou a Brian que ele ainda não estava pronto para retomar com o Queen. Deacon se isolaria de tal forma, que nem mesmo compareceria à nomeação da banda ao Rock N’ Roll Hall of Fame, em  2001.

GEORGE MICHAEL NO QUEEN?

Talvez o mais importante evento deste primeiro período sem Freddie Mercury foi o show em sua homenagem.

Em meio a uma verdadeira constelação da música pop, George Michael se destacaria cantando o clássico Somebody To Love.

Lendas do mundo da música nos contam que Roger Taylor ao fim do show já conjecturava a possibilidade de George assumir os vocais da banda.

Não demoraram a surgir boatos na mídia e o periódico The Sun, em sua edição de 3 de julho de 1995, anunciava uma matéria exclusiva que alardeava: Queen quer George Michael para ser novo Freddie!

As únicas verdades desta época estavam na frase da banda afirmando ser uma ideia impossível substituir Freddie Mercury no Queen e no lançamento do EP Five Live, que trazia o registro da participação de George Michael no show tributo a Freddie.

 

A VEZ DE ROBBIE WILLIANS…

No mesmo ano da inclusão ao hall da fama do rock, Robbie Willians regravaria o clássico We Are The Champions com os dois remanescente do Queen para a trilha sonora do filme Coração de Cavaleiro.

Logo as especulações acerca de uma nova formação da banda pipocavam pelos veículos de comunicação e, desta vez, os boatos tinham certo fundamento.

Brian May chegou a declarar que Robbie seria o candidato mais forte para realizar a nova façanha: ele já sentia a vontade de tocar novamente com o Queen.

No entanto, as possíveis dificuldades de conciliar a carreira de sucesso do popstar com o Queen naquele momento foram empecilhos, mesmo o próprio Robbie alegando que adoraria ter substituído Freddie no Queen.

Creio este desejo foi o mais importante para o projeto não evoluir.

Para Taylor e May, Freddie era insubstituível e a procura era por alguém que não tentasse emular o saudoso vocalista.

QUEEN + PAUL RODGERS

A procura acabou exatamente em 24 de setembro de 2004, no Royal Albert Hall, na comemoração do 50º aniversário da Fender Stratocaster, onde Brian May acompanhou Paul Rodgers na canção All Right Now, clássico do Free.

Enxergando a possibilidade a frente e percebendo a química existente com Rodgers, Brian enviou o vídeo da apresentação para Roger Taylor que respondeu de modo enfático: “como não pensamos nisso antes?“.

O baterista parecia sedento por cair na estrada e se tornou a mola propulsora desta nova fase do Queen.

O supergrupo Queen + Paul Rodgers foi anunciado em 25 de janeiro de 2005.

Oriundo de bandas seminais como o Free e o Bad Company, Paul Rodgers é dono de um timbre vocal único e magistral, que o permitiu imprimir a própria personalidade nas suas interpretações, dando um pouco mais de crueza, energia e tempero bluesy aos clássicos do Queen.

Ao contrário dos vocalistas que o precederam, Paul fez do jeito dele e nunca tentou interpretar as canções emulando Freddie Mercury.

A química entre o trio era tamanha que rendeu o único álbum de canções inéditas do Queen sem Freddie Mercury.

“THE COSMO ROCKS”

Apesar da indiferença da crítica especializada que avaliou o álbum por um crivo envelhecido por quinze anos, além de comparativo com era Mercury, The Cosmo Rocks foi o álbum mais vendido em diversos países da Europa e figurou como 5º colocado na lista dos mais vendidos do Reino Unido.

A turnê foi um sucesso, com prodigiosas plateias ao longo do período. Mas a crítica foi tão imperdoável que acabou minando a empolgação do projeto que também se mostrou com química entre os integrantes com prazo de validade.

As longas turnês eram exaustivas para Rodgers que alegaria anos depois, quando perguntado sobre sua saída do Queen, que:

 “A vida numa banda consumia muito e eu queria ter uma vida. Depois de deixar o Queen eu decidi parar com mega turnês de quatro meses. Eu viajo um mês e quando volto meus cachorros ainda me reconhecem.

Aliado a estes dois elementos estava uma possível e lucrativa reunião do Bad Company. Neste contexto, em 2009, após quatro anos, a melhor fase do Queen pós-Freddie Mercury terminava.

QUEEN + ADAM LAMBERT

A chegada de Adam Lambert foi quase casual, quando a banda participou do reality show musical onde o cantor era um dos concorrentes. Brian May se interessou pela performance visual de Lambert e o novo supergrupo Queen+ Adam Lambert ganhou a estrada em 2011.

Adam também compartilha da maior virtude de Paul Rodgers, não tentando imitar Freddie Mercury, mas, infelizmente, seu perfil vocal não se encaixa nas guitarras fortes de Brian May ou na bateria pesada de Roger Taylor.

Sem medo de parecer leviano, sinto fortes aromas de oportunismo e interesse financeiro nesta união, pois nos mesmos reality shows onde Adam foi pinçado existiam melhores vozes para a empreitada.

Os defensores de Adam só aceitam comparação com Freddie quando se trata da afetação em cima do palco, justo o item em que mais diferem.

Perto de Adam Lambert, a postura de Freddie se assemelha a Ted Nugent.

Todavia, tanto Brian May, quanto Roger Taylor, já afirmaram que a performance visual de Adam é o mais próximo que já tiveram do estilo de Freddie Mercury.

Concomitantemente, já apoiaram-no a dar continuidade a sua carreira solo, pois não existem planos para novas composições nesta nova fase da banda.

UM OLHAR MAIS CRÍTICO SOBRE O QUEEN COM ADAM LAMBERT

Adam Lambert não é um vocalista ordinário!

Possui uma excelente técnica vocal e um domínio de sua voz que poucos de sua geração podem se vangloriar, sendo esta habilidade que garantiu ao Queen a manutenção dos tons originais das canções nos shows.

Ainda podemos mencionar que os tons médios de Adam são passáveis dentro da música da banda, mas quando ele busca os tons mais altos, sua voz saía das raias roqueiras, descaracterizando em demasia a essência forte das composições.

Segundo, o vocalista se mostra pouco confortável em situações que fogem ao previamente ensaiado e sua carência de espontaneidade fica evidente nos momentos onde os outros membros saem do roteiro (como ao errar a entrada de Save Me, ou o tempo de Radio Gaga).

Neste ponto é imprescindível ressaltar que discutir a espontaneidade de Adam não significa contestar a sua personalidade, que, aliás, ele nos mostra ter de sobra ao empunhar corajosamente o microfone de uma das maiores bandas de rock da história.

E eis aqui um novo ponto a ser abordado.

A imprevisibilidade do que acontecerá num show de rock é o maior tempero deste evento, sendo que as bandas mais novas esqueceram deste artifício, emulando seus shows como se reproduzissem seus DVD’s ao vivo!

Para exemplificar, voltarei ao show do Queen + Adam Lambert no Rock in Rio 2015.

No dia seguinte ao show do Queen + Adam Lambert, Dee Snider, líder do Twisted Sister, mostrou, em apenas quinze minutos, como um vocalista de rock deve ser portar no palco.

Sem prévios ensaios, tocou dois de seus maiores sucessos com a banda Angra e colocou a cidade do rock abaixo com espontaneidade e improviso.

Claramente nenhuma de suas ações estava ensaiada e pré-determinada, sendo este o tipo de virtude que ainda carece em demasia para Lambert (não só para ele dentro do mundo da música atual), que, como todo artista moldado para a música pop, oriundo de reality shows como o American Idol, se preocupa mais com sua imagem e performance do que o sentimento que a música lhe provoca.

Acredito que ele terá um futuro de enorme sucesso pela frente, mas em carreira solo, em outro estilo musical, pois como frontman de um baluarte como o Queen não convenceu.

Para aqueles que limitam o Queen a canções como Radio Gaga, I Want To Break Free, Bohemian Rhapsody e Love Of My Life não existe tamanho problema assim, mas basta uma audição acurada para ver como as canções In The Lap Of The Gods, Fat Bottomed Girls, Stone Cold Crazy e I Want It All perderam força!

Aos meus olhos, sobrou-lhe brilho ao mesmo tempo em que, aos meus ouvidos, faltou-lhe atitude na voz para entoar o velho e clássico rock n’ roll.

Claro que todos estes apontamentos são reflexos de minha opinião pessoal, que em nenhum momento se baseia na comparação de Adam como substituto de Freddie.

Minha análise em nenhum momento tem como parâmetro o inigualável Freddie Mercury, que na história do rock só pode ser pareado a no máximo cinco vocalistas.

POR FIM…

Mesmo após toda esta viagem pela trajetória do Queen pós-Mercury, vendo que claramente Adam foi uma escolha simplesmente lucrativa, digo que se esta é a única forma de manter Taylor e May, dois nomes tão importantes para o rock, em cima do palco, mesmo existindo ao menos três nomes melhores do que o escolhido para os vocais, seja bem vindo Adam Lambert!

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1 comentário em “QUEEN | Existe Vida Sem Freddie Mercury?”

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