Paradise Lost – Resenha de “Tragic Idol” (2012)

 

“Tragic Idol” é o décimo terceiro disco da banda inglesa Paradise Lost.

Lançado em 2012, este trabalho foi aquele que colocou a banda no caminho de sua ótima fase atual, com ótimos discos como “The Plague Within” (2015)“Medusa” (2017) e, principalmente, o brilhante “Obsidian” (2020).

De certa forma, “Tragic Idol” foi responsável por colocar a musicalidade do Paradise Lost novamente na rota do doom metal clássico, ao mesmo tempo que continuava a proposta de retomada de peso bem definida em “Faith Divides Us – Death Unites Us” (2009), álbum anterior.

Entre esses dois discos, o Paradise Lost havia acabado de realizar uma viagem no tempo ao revisitar seu mais aclamado trabalho, “Draconian Times” (1995), que rendeu o imperdível DVD “Times Draconian MMXI”. 

Obviamente isso influenciou na hora de compor o próximo trabalho, que viria a ser “Tragic Idol”.

Paradise Lost - Tragic Idol (2012, Century Media, 2020, Mindscrape Music)

Após decidirem que era hora de um novo disco da banda, se trancaram  no estúdio Chapel, em Lincolnshire, na Inglaterra, e começaram a produzir o material ao lado de Jens Bogren (que havia produzido o disco anterior), tendo o baterista Adrian Erlandsson pela primeira vez em estúdio com a banda.

De lá eles saíram com um disco pesado, melódico e guiado por guitarras, muitas guitarras.

A certeza primeira era de que conseguiram soar mais dinâmicos que no pesado, mas morno, “Faith Divides Us – Death Unites Us”, principalmente pelos riffs incisivos e carregados de tensão que permeia o trabalho e fatalmente foram inspirados nos de “Draconian Times”.

Algumas harmonias e climas mais profundos rumam mais longe no passado, de discos como “Icon” “Shades of God”, e suas nuances melancólicas, principalmente porque aqui o gothic/doom arquitetado pela banda se apresentam com pinceladas pontuais de death metal, gothic rock e heavy/dooom metal da NWOBHM nas diversificadas composições do disco.

O próprio guitarrista Greg Mackintosh comparava “Tragic Idol” ao disco “Icon” na época do lançamento.

De fato, ouvimos aqueles elementos de aura sombria e gótica, mas impressos de forma moderna e requintada, equilibrando peso e melodia de um a forma consistente e variada, tudo guiado pelos vocais sensacionais de Nick Holmes.

Apesar dos vocais já estarem mais agressivos, os guturais ainda não se faziam presentes, afinal o vocalista só tomaria gosto por eles novamente à partir de sua entrada no Bloodbath, em 2014.

Mesmo assim, suas linhas vocais são os destaques das músicas seguidas de perto das linhas de guitarra.

Falando francamente, creio que a ideia que tinham para “Tragic Idol” só foi executada com total maestria no fim da década, no estupendo “Obsidian”, após olharem profundamente para suas raízes em “Medusa”.

Mas antes de atingir essa excelência, o Paradise Lost voltaria sua sonoridade novamente ao death/doom metal em “The Plague Within”, transformando a musicalidade crua de suas raízes em algo mais requintado.

Porém, essa capacidade de soar agressivo e belo é também aqui dominada com maestria pelo Paradise Lost, nos fornecendo destaques como “Solitary One”, “Fear of Impending Hell” (atenção aos arranjos dessa música), “The Glorious End” “Tragic Idol” (com suas sombras góticas mais densas), todas impregnadas daquele peso arrastado, ambientadas pelos climas melancólicos e sombrios, e dotadas da classe britânica do doom/gothic metal que só a banda sabe executar.

Já “Crucify” mostra uma versão mais moderna do Paradise Lost, buscando um groove quase stoner/doom metal para sua proposta mais determinada.

Atenção às guitarras dessa música que parecem correr em paralelo aos arranjos dando um contraste perfeito entre melancolia e determinação, assim como nas acachapantes “Theories from Another World” e “To the Darkness” (outra com guitarras brilhantes), além das noventistas “Honesty in Death” e “In This We Dwell”.

A veia experimental do Paradise Lost ainda se faz presente em “Worth Fighting For”, com geometria assimétrica na seção rítmica e guitarras quase alternativas, mesmo que com a marca da banda, tudo desenhando arranjos mais ousados e instigantes.

Este disco acabou de ganhar um relançamento nacional via Mindscrape Music, numa edição especialíssima com slipcase envernizado, pôster e acabamento com nível de importado.

Vá atrás já, pois esse disco é um dos grandes clássicos do Paradise Lost.

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