Paradise Lost – “Medusa” (2017) | O Retorno às raízes no Doom Metal

 

“Medusa” é o décimo quinto álbum de estúdio da banda britânica Paradise Lost,  aquele que marca um retorno às suas raízes no doom death metal. Leia nossa análise para descobrir por que este álbum é obrigatório para os fãs de heavy metal.

“Medusa” se encaixa como uma extensão de “The Plague Within” (2015), mas por texturas diferentes, além de autorreferências espaçadas pelas composições, sendo um álbum onde o Paradise Lost soa moderno e extremamente maduro em cada detalhe. Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast.

"Medusa" é o décimo quinto álbum de estúdio da banda britânica Paradise Lost,  aquele que marca um retorno às suas raízes no doom death metal. Leia nossa análise para descobrir por que este álbum é obrigatório para os fãs de heavy metal.

Ao que tudo indica, o Paradise Lost completou seu ciclo de transformações e experimentações em “The Plague Within” (2015), álbum em que a banda retomou o peso dos primeiros e clássicos trabalhos. Indo na contramão de nomes como Enslaved, Arcturus, Anathema, Opeth e Kataonia, que evoluíram das catacumbas sombrias do Black/Doom/Death Metal, para uma sonoridade trabalhada variando entre elementos progressivos e incursões mais modernas, o Paradise Lost voltou a reafirmar o negrume que sempre viveu no âmago de sua obra.

Alguns creditam essa retomada ao trabalho do vocalista Nick Holmes junto ao Bloodbath no álbum “Grand Morbid Funeral” (2014), porém o mais importante é a reafirmação que “Medusa”, seu décimo quinto álbum de estúdio, nos oferece desta condição. Um álbum anunciado pelo líder Greg Mackintosh com superlativos de adjetivos como arrastado, sludge, e doom, segundo ele de uma forma nunca vista antes.

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Exageros à parte, “Medusa” se encaixa como uma extensão de seus antecessor, mas por texturas diferentes. Aqui, trocaram a organicidade e requinte dos arranjos de cordas, pelo elegante, melancólico, e macabro clima criado por órgãos, ecos e distorções. Movimento já anunciado nos primeiros segundos da épica faixa de abertura “Fearless Sky”, de nuance arrastada e megalítica, que resume muito bem o que veremos ao longo do trabalho: vocais guturais em contraste aos backing vocals limpos e linhas Death/Death, misturadas a densas guitarras góticas, além de um leve e costumeiro tempero Sludge, que virá mais acentuado no Death n’ Roll gótico trampado de “Blood and Chaos”.

E esses artifícios permearão as frequências graves e volumosas das dez composições aqui presentes (sim, a edição nacional vem com duas faixas bônus, as espetaculares “Shrines” e “Symbolic Virtue”), esfumaçando um apelo gótico classudo que sempre foi perene em sua música, ao longo de ótimas composições como “Gods of Ancient” (sorumbática, com variações interessantes na geometria), “The Longest Winter” (com suas guitarras difusas e performance acachapante de Holmes), a faixa-título (e sua falsa sensação de calmaria sombria) e “Until The Grave” (uma faixa capaz de causar temor e reverência).

Tudo isso acompanhado pelo trabalho técnico e pesado de Stephen Edmondson (baixo) e Waltteri Väyrynen (bateria, também do Vallenfyre). Aliás, é importante ressaltar que este é o primeiro álbum com o novo baterista, que tem apenas 23 anos (quando ele nasceu a banda já tinha lançado quatro álbuns e se preparava para apresentar o clássico “Draconian Times” [1995]) e substituiu o experiente Adrian Erlandsson após o lançamento de “The Plague Within”.

Musicalmente, existem autorreferências espaçadas pelas composições, como vocais que remetem a “Draconian Times” (como em “The Longest Winter”) em meio ao Death/Doom que a banda se aproxima atualmente, bem modulado pela produção de Jaime Gomez Arellano que manteve a sujeira e aspereza inerente ao gênero. Uma “sujeira” que contribui encorpando os riffs  que guiam o trabalho de guitarras de Greg e Aaron Aedy, com imensa qualidade e feeling (confira o que esse caras fazem em “From The Gallows”), chegando a lembrar, em alguns momentos (podemos dizer em “No Passage For The Dead”), o complemento estrutural que faziam aos vocais de Nick no clássico “Gothic” (1991). Mas não se engane, a banda soa renovada, moderna e extremamente madura em cada detalhe do trabalho.

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Mas voltemos aos vocais de Nick Holmes, eles merecerem alguns comentários somente para si. Indiscutivelmente, seu gutural é o melhor que o Death/Doom já viu, conseguindo ser grave e imponente, mas ao mesmo tempo inteligível e sepulcral, além de acompanhar o requinte do extremismo metálico por linhas limpas, conseguindo a proeza de soar brutal e melancólico, simultaneamente. Considere uma faixa como “From The Gallows”, por exemplo, onde ele consegue imprimir dramaticidade com o vocal gutural, ou reverencie sua versatilidade ao oscilar do gutural à melancolia gótica em “The Longest Winter”, um dos destaques de “Medusa”, e na própria faixa-título.

Conceitualmente, trabalham a figura mítica da Medusa (uma das três Górgonas, irmãs más que tinham serpentes sibilantes como cabelo, e quem quer que olhasse para sua face era transformado em pedra. Um mitológico símbolo do medo), por um prisma filosófico, teológico, e existencial, revelando um trabalho tão tematicamente consistente e denso, quanto pesado musicalmente.

Resumindo, “Medusa”, é um  álbum que consegue soar pesado e denso, mesmo investindo forte em melodias melancólicas, conjurando um Death/Doom Metal de fortes acentos góticos e vocais transitando da fúria à melancolia! Ou seja, tudo permanece do jeito que deixaram em “The Plague Within” e como sempre quisemos desde “Draconian Times”!

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