“A Gente Só Se Fode!” é o terceiro disco de estúdio da banda brasiliense de punk rock Os Cabeloduro. “É nossa mensagem contra o extermínio da juventude negra nas periferias do Brasil”, diz a banda sobre a capa do trabalho, que é uma referência aos protestos de Baltimore (EUA), com a repressão policial aos negros norte-americanos, mas que também se encaixa na realidade brasileira.
A mensagem desta tradicional banda punk brasiliense já está clara no título deste novo álbum após um hiato de mais de uma década, sendo impossível não se identificar com essas “poesias” urbanas confrontadoras, independente de que lado você esteja, pois, aqui embaixo, onde o povo corre pelo dia-a-dia, a gente só se fode!
O inconformismo é latente no discurso entoado nestes hinos revoltos, anárquicos, catárticos, escrachados e revolucionários, construídos sobre os tradicionalismos brasileiros do punk/hardcore, com pitadas de crossover e seguindo a cartilha temática do estilo, esbravejando sobre política, alienação, violência urbana, drogas, sexo, skate e bebidas.
No decorrer das doze faixas, entre refrões imperativos, guitarras agressivas, cozinha rápida, e livres de censura, são notórias as sombras de Ratos de Porão, Cólera, Discharge, Ramones e Black Flag.
Como um produto do cenário político, social e cultural do nosso país, “A Gente Só Se Fode!” abre com a faixa título, que já descamba para a porradaria sonora vestida com toda a elegância que o punk permite, cuspida com fúria, entre guitarras timbradas como motosserras, bateria veloz e baixo gordo.
Tudo isso envolto numa roupagem suja, que se seguirá ao longo dos destaques “Não Passarão”, “Se Meu Fígado Falasse”, “Hey Garoto” e “Obrigado, Presidente”, que variam entre pedradas diretas (apenas uma faixa passa dos 3 minutos) e porradas mais trabalhados, com destaque aos solos de guitarra de algumas destas faixas.
Todavia, “A Revolução Será Televisionada’, “Ignorar é Fácil” e “Jéssica” são faixas especiais, aparecendo como ápices de um trabalho que fecha de modo impressionante com a inteligente e pujante “Fim do Caminho”, faixa que dialoga com a o clássico “Águas de Março”, de Tom Jobim, dando um choque de realidade à poesia quase onírica da elite da MPB, bem como ao ouvinte, em cada estrofe!
São faixas que assassinam o silêncio do bom mocismo atual, com energia, ferocidade e um toque necessário de vulgaridade, transformando o ruído disforme da insatisfação em um desabafo musical!
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