Night – “High Tides – Distant Skies” (2020) | Resenha

 

“High Tides – Distant Skies” é o quarto álbum de estúdio da banda  sueca Night, lançado em setembro de 2020, via The Sign Records, e que ganhou edição nacional em formato slipcase via Hellion Records.

Night - High Tides - Distant Skies (2020, The Sign Records, Hellion Records) Resenha Review

O Night é uma banda que se dedica ao heavy rock de implicações vintage e que já tinha me agradado muito em seu álbum anterior, “Raft of the World” (2017), um disco que nos lembrava que o rock para ser cativante pode também ser simples.

Essa proposta é continuada em “High Tides – Distant Skies”, mas agora com menos sombras e expandindo as possibilidades técnicas do proto-metal outrora explorado para algo mais requintado, principalmente na dinâmica interessante dos vocais que estão divididos entre Oskar Andersson e Sammy Ouirra, os dois guitarristas da banda.

Mesmo assim, a proposta musical básica continua sendo o resgate dos aspectos basilares do rock e do heavy metal: bons climas, riffs com ganchos melódicos afiados, refrãos certeiros e dinâmica variada, mas sempre dramática.

A partir dessa proposta, essas novas dez faixas se desdobram em movimentos menos progressivos, com guitarras trabalhadas objetivamente, e melodicamente preparando o terreno para a exploração das linhas vocais.

Se antes as referências eram centradas no Judas Priest, agora não seria exagero dizer que o Night está mais para o Demon no núcleo de inspirações vintages. 

Com isso, temos um direcionamento mais leve do hard n’ heavy com atmosfera da NWOBHM, muito pelas pinceladas de elementos setentistas de bandas como Blue Oyster Cult, Boston, Fleetwood Mac e até mesmo dos primeiros discos do Dire Straits em alguns timbres e desenhos das linhas de guitarra, além do bem administrado tempero pop/classic rock hiper-palatável (nada disfarçado em “Lost in a Dream”).

Ainda no campo das influências, “High Tides – Distant Skies” soa um disco mais puxado pelas estratégias hard rock do Thin Lizzy (com muitas guitarras gêmeas e bons refrãos), com classe, requinte e energia, que ao proto-metal dos primeiros três discos do Judas Priest, e aí podemos ver a orientação dada pelo produtor.

A produção ficou à cargo de Ola Ersfjord (Lucifer e Tribulation) e sua mão pode ser sentida não só no excelente trabalho em estúdio, que captura a banda num ambiente orgânico e valvulado, mas também no direcionamento da musicalidade do Night em “High Tides – Distant Skies”.

Isso porque ele ajudou o Night a levar essa musicalidade para um novo caminho objetivo, menos estereotipado e anacrônico, principalmente na construção das linhas vocais e no desenho inteligente das guitarras da dupla Oskar Andersson e Sammy Ouirra.

Com isso, “High Tides – Distant Skies” é um disco que vai demandar menos tempo para ser absorvido, em sua vibe mais classuda e americanizada do que a britânica e sombria da abordagem de “Raft to the World”.

Analisando friamente o resultado final, eu não diria que “High Tides – Distant Skies” é melhor que o anterior, “Raft the World”, mas sim discos do mesmo nível com significativas diferenças.

Destaques? Pode anotar aí: “Shadow Gold” (boas guitarras e seção rítmica vibrante), “Burning Sky” (um rock simples, mas construído aos detalhes e com ótimas linhas vocais), “Crimson Past” (uma mistura de Dire Straits com Blue Oyster Cult), “Running Away” (com aquela urgência sombria do heavy rock setentista), a agressiva “Give Me to the Night” (com linha de guitarra bem familiar) e “Under the Moonlight Sky” (com ótimos teclados).

Exatamente, quase o disco todo de destaques!

Ou seja, pode conferir “High Tides – Distant Skies” sem medo, principalmente se você curtiu a sonoridade dos últimos discos do Lucifer, do Avatarium e do Imperial State Electric.

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