Avatarium – Resenha de “The Fire I Long For” (2019)

 

avatarium - the fire i long for
Avatarium – “The Fire I Long For” (2019 | Nuclear Blast, Shinigami Records)

Mesmo que o Avatarium seja uma entidade conjurada por Leif Edling, nome gigantesco do doom metal mundial, nos dias atuais a banda já se dissociou da sua imagem através de discos consistentes que registraram uma personalidade própria.

Personalidade musical construída basicamente pelo trabalho em parceria da vocalista Jennie-Ann Smith e do guitarrista e produtor Marcus Jidell (Evergrey), nos oferecendo desdobramentos modernos, apesar do sabor vintage, que fundem elementos do folk, jazz e até algo psicodélico junto aos aspectos tradicional do doom rock/metal e da limpidez melódica do classic rock.

Desde o princípio, a geometria estrutural das músicas do Avatarium ia além do usual do doom metal, sempre buscando um trabalho de estúdio que favorecesse suas potencialidades, como nos riffs de impacto e dramaticidade melódica, em discos como “Avatarium” (2013) e “The Girl With The Raven Mask” (2015).

Porem, o amadurecimento da sonoridade veio, de fato, com o ótimo “Hurricanes and Halos” (2017) onde o Avatarium explorava ao máximo seu altíssimo potencial mostrado nos dois álbuns anteriores, lapidando de vez sua identidade hipnotizante, sombria, lúdica, poética, melancólica, agridoce, fantasmagórica e vintage, deixando-a ainda mais pujante e grandiloquente.

De saída posso dizer que eles foram capazes de manter esse madurecimento em “The Fire I Long For”, sem buscar se repetir ou autorreferenciar, buscando uma sonoridade no ponto médio entre o  que fazia o Trouble e o occult rock moderno.

Em certa medida, parece que visaram o mesmo objetivo que o Kadavar em seu ultimo trabalho, mas executaram-no de uma forma bem diferente, usando teclados eloquentes, vocais femininos sirênicos e solos inspirados, como ouvimos no peso acachapante de “Voices”, a abertura arrepiante.

Essa composição ditará todo o clima do trabalho, com ousadias pontuais, solos de guitarra arrebatadores e muita profundidade nas timbragens, principalmente no baixo encorpado e onipresente.

Como já e característica do Avatarium, desde essa primeira faixa, “The Fire I Long For” traz também uma densidade psicodélica de harmonias quase místicas com uma variação tanto em forma quanto em conteúdo, numa originalidade cativante ao longo das nove faixas dinâmicas e multifacetadas.

E se a abertura trazia algo do Candlemass, “Rubicon”, pelas harmonias e melodias, me lembrou alguma coisa do Blue Oyster Cult, enquanto “Lay Me Down” traz uma melancolia de climática, outonal, e estradeira que vai agradar os fãs da trilha sonora da série “Sons of Anarchy”.

Isso tudo nas três primeiras faixas do trabalho.

O que só mostra a evolução da banda como compositores e a versatilidade em ampliar o espectro de sua música, principalmente nas passagens climáticas e nos detalhes, sem descaracterizá-la.

E mesmo que a vocalista ainda seja a estrela do Avatarium, não há como ignorar o trabalho de Jidell, que parece ter estudado o livro de regras do occult rock, entregando um trabalho preciso ao dar o que a música pede, seja em riffs certeiros ou nos belíssimos solos.

A prova dessa observação reside em “Porcelain Skull”, uma das melhores músicas de “The Fire I Long For”, que coloca um refrão à lá Fleetwood Mac num doom rastejante e sorumbático, guiado por guitarras ora macabras, ora vibrantes.

Ainda podemos destacar as demais faixas: “Shake Me Down” (um hard rock direto e com boas inserções de teclado), “The Fire I Long For” (que parece uma balada escrita por uma fusão do Heart como o Black Sabbath), “Epitaph of Heroes” (expondo as ligações com o Candlemass até os ossos) e o desfecho emocional com “Stars They Move”.

Só mesmo “Great Beyond” soa uma faixa menor e genérica dentro de um repertório com crivo tão elevado.

Se o Avatarium ofereceu um direcionamento interessante sem Leif Edling no álbum anterior, agora com “The Fire I Long For” a banda define com propriedade sua sonoridade sem influência de seu mentor do início de carreira, deixando no passado a versão do Candlemass com vocais femininos.

Excelente disco!

FAIXAS:

1. Voices
2. Rubicon
3. Lay Me Down
4. Porcelain Skull
5. Shake That Demon
6. Great Beyond
7. The Fire I Long For
8. Epitaph Of Heroes
9. Stars They Move

FORMAÇÃO:

Jennie-Ann Smith (Vocal)
Marcus Jidell (Guitarra)
Andreas ‘Habo’ Johansson (Bateria)
Rickard Nilsson (Órgão)
Mats Rydström (Baixo)

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