“Dead Soul”, primeiro disco da banda NECROFOBIA, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Definição em um poucas palavras: pesado, guitarra, agressivo, groove, bem trabalhado e primeiro disco.
Estilo do Artista: Thrash Metal
Comentário Geral: Formada no interior de São Paulo, a banda Necrofobia tem em “Dead Soul” seu primeiro álbum de estúdio, lançado em 2004, dez anos após a fundação da banda.
Até por isso, a banda já se tornou um nome tradicional dentro do thrash metal nacional, sendo esse primeiro trabalho hoje aclamado como um clássico brasileiro no segmento.
O Necrofobia surgiu da mesma forma que várias bandas históricas na era de ouro do rock/metal, ou seja, alguns amigos que se juntam para fazer música, sem muita pretensão, tocando covers das suas bandas favoritas.
Logo as composições próprias começaram a surgir, assim como as constantes mudanças na formação se tornaram uma realidade.
O próprio fundador do Necrofobia, Romulo Ramazini Felício, aponta esse último fator como a maior dificuldade para o crescimento da banda:
“O mais difícil de uma banda como a nossa são as mudanças de integrantes, pois é um grande esforço para a banda se entrosar novamente e chegar a um nível alto de cumplicidade entre os integrantes. Ainda bem que sempre nos saímos bem neste aspecto pois geralmente as mudanças que fizemos, foram rápidas, e sempre só entrou no Necrofobia gente muito próxima a nós, grandes amigos. Esta é uma dificuldade geral de todos estes anos.”
No entanto, naqueles primeiros ensaios eles perceberam que tinham mais afinidade pelas músicas pesadas e logo o direcionamento musical do Necrofobia surgiu naturalmente.
O primeiro show veio em um festival escolar em Ribeirão Preto, onde já apresentaram duas faixas autorais e ainda em 1994 gravariam a primeira demo tape, “Necrofobia”, com três músicas: “My Sin”, “Third World” e “Street of Life”.
Nos próximos dez anos seriam lançadas mais algumas demos como “Manifest” (de 1995 e trazendo músicas em português e outras presentes na primeira fita), “Auto-Destruição” (1996) e “Fatos Consumados” (2000).
Mais quatro anos e teríamos em mãos o primeiro full lenght, lançado de forma independente e musicalmente desenhando sua personalidade própria à partir de referências óbvias como Sepultura, Pantera, Testament, Exhorder e Korzus.
Peso, groove e solos técnicos são as matérias-primas das treze composições e “Dead Soul”, das quais podemos destacar “Placebo” (atenção às passagens dos solos dessa música), “Shit in Fan”, “Dead Soul”, “Time Out”, “Leaders”, “Reason Why” e “Black Sheep”.
Muito da potência do som do Necrofobia vem das guitarras pesadas e tecnicamente desenhadas, seja no arsenal de riffs mortais ou nos solos vibrantes, ambos bem sustentados por uma seção rítmica competente e energizada pela parceria com vocais gritados cheios de fúria.
Porém a produção crua de “Dead Soul” é o fator determinante para que esse disco ainda não seja redescoberto pelos ouvidos atuais, não acostumados com tanta organicidade.
Além disso, apesar das composições não deverem em nada aos grandes nomes do segmento na época, os timbres (à moda noventista) usados já soavam um tanto anacrônicos dentro do thrash metal praticado em 2004.
Talvez o trabalho em estúdio seja o maior porquê do Necrofobia não ter a penetração necessária para marcar seu nome com mais força além da região onde foi formada, naquela época.
Isso é algo que Romulo também aponta:
“O Necrofobia nunca foi uma banda de muita evidência em outras regiões fora do interior do estado de SP e MG. Muita gente conhece a banda ou ouviu falar nela pois estamos há muito tempo na estrada.”
E ele continua:
“Tocamos em muitos palcos, desde muito pequenos até palcos enormes de festivais, e sempre fomos cada vez ganhando experiência de palco e segurança de sermos nós mesmo tanto no palco quanto nos bastidores, pois as músicas que compomos e tocamos nos nossos shows são muito honestas, estas músicas são o que somos. Acredito que este amadurecimento e honestidade tem nos levado, a passos curtos, sempre pra frente.”
Aliás, a prova desse amadurecimento estaria ainda melhor demonstrada no álbum seguinte, “Membership”, que demoraria quatorze longos anos para chegar (e que resenhamos aqui).
Se você gosta de groove equilibrando a dinâmica entre peso e melodia no thrash metal vá atrás desse disco, pois creio que VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 2004
Top 3: “Shit in Fan”, “Dead Soul” e “Black Sheep”.
Formação: Romulo Ramazini Felício (guitarra e vocal), André Luiz Faggion (bateria), Alexandre Boetto (guitarra) e Eduardo de Lucca (baixo).
Disco Pai: Sepultura – “Chaos A. D.” (1993)
Disco Irmão: Korzus – “Ties of Blood” (2004)
Disco Filho: Necrofobia – “Membership” (2019)
Curiosidades: A música “Black Sheep” foi apontada pelo guitarrista e vocalista Romulo Ramazini como uma das músicas que ele mais gosta:
“A música que mais gosto é Black Sheep. Essa música tem um dos riffs mais legais que eu acho do Necrofobia, foi criado pelo nosso ex-guitarrista Alexandre Boetto. A letra, a músicas, a bateria, o caminho que a música segue até o solo, o solo em si, o final e etc., eu acho demais. Ela é uma das músicas que mais funcionam ao vivo também. É uma música cadenciada que tem uma pitada de malícia que envolve quem ouve ela.”
Pra quem gosta de: Lembrar do passado, solos, virtuose, camiseta preta com estampa no peito inteiro e som “trampado”.
Leia Mais:
- RESENHA | Necrofobia – “Membership” (2019)
- THRASH METAL | 10 Discos Para Conhecer o Estilo Bay Area
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- SLAYER | Cinco Lições Básicas do Thrash Metal!
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- Pantera: “Cowboys From Hell” (1990) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO
- RESENHA | Exhorder – “Mourn the Southern Skies” (2019)
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