Macabre – “Carnival of Killers” (2020) | Resenha

 

“Carnival of Killers” é o sexto álbum de estúdio do trio norte-americano Macabre, uma entidade que se desdobra entre as formas pesadas e perversas do metal extremo.

Fundada em 1985, a banda é creditada como uma das principais influências na gênese do death metaltanto pela musicalidade pesada e rápida, quanto pela temática doentia das letras.

Macabre - Carnival of Killers (2020, Shinigami Records)

A musicalidade do Macabre se tornou tão peculiar com o passar do tempo que eles referenciam sua mistura de thrash metal com death metal e grindcore como um estilo particular, batizado de murder metal.

Esse estilo próprio foi assim definido também pelo fato da maioria de suas músicas serem baseadas em serial killers.

“Carnival of Killers”, por exemplo, traz letras sobre Ted Bundy, Richard Speck, John Wayne Gacy, Richard Ramirez, entre outros assassinos hediondos, que estão representados na ótima capa desenhada pelo vocalista Corporate Death em parceria com o artista Laz Gein.

A arte remonta ao molde do clássico jogo “Onde está Wally?”, aqui colocando esses personagens mórbidos num circo/festival colorido repleto de crianças alegres. Bundy, por exemplo, está com o seu braço engessado apontando seu Fusca para uma mulher.

Também temos H.H. Holmes exibindo esqueletos para os transeuntes, além de Bittaker e Norris batendo com um martelo no rosto da sua última vítima e um sugestivo palhaço assassino (Gacy).

O mais incrível no Macabre é que a formação se mantém a mesma desde o início, e até por isso o estilo musical permanece intacto, mesmo que hoje já não soe tão provocativo e criativo como era nos anos 1980.

As provocações estão mais sutis e as dissonâncias com menos peso, apesar de incômodas desde a faixa de abertura “Your Window Is Open”.

De certa forma, encaixados na atualidade eles resvalam nas estranhezas do avant-garde e nas mudanças de andamentos quase progressivas, mas de uma forma psicótica, doentia e esquizofrênica.

As timbragens são carregadas de tensão, o peso é trocado por uma montanha russa de atonalidades e a perversão é desenhada de modo libertino, como se trouxessem as influências mais insanas do Frank Zappa para a objetividade do heavy metal.

Sem dúvidas, o trio formado por Nefarious (baixo), Dennis the Menace (bateria) e Corporate Death (vocal e guitarra) se preocupou apenas em se divertir enquanto registrava essas composições que espremem todo o legado de sua bagagem musical dentro do heavy metal.

Aos meus ouvidos, o que o Macabre pratica em “Carnival of Killers” não é propriamente death metal, mas uma forma imprevisível de música pesada, indo do humor negro das paródias claras de “Them Dry Bones”, “Warte, Warte” (cantada em alemão) e “The Wheels On The Bug” ao peso cativante com desenvoltura de faixas como ” Your Window Is Open” e “Now It’s Time To Pay”, que remontam aos clássicos como “Gloom” (1989) e “Sinister Slaughter” (1993).

Ainda podemos destacar faixas como “Joe Ball Was His Name” (parecendo um Frank Zappa do inferno), “Tea Cake” (com o pé fincado no thrash/death metal), “Slaughter House” (uma espécie de death/doom metal com distúrbios de personalidade e ataques epiléticos), “Corpse Violator” “The Murder Mack”, dentre as dezesseis que completam o repertório.

“Carnival of Killers” está no nível dos clássicos do passado? Não mesmo!

Porém o Macabre ainda consegue provocar diversão e reflexões com sua música recheada de humor, sarcasmo e ironia, seja de forma direta ou implícita.

Só por isso, “Carnival of Killers”, que foi lançado no Brasil via Shinigami Records, já vale ser conferido!

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