“The Reality of Miracles” é o terceiro álbum do Lionheart, uma banda com estreitas ligações com os primórdios do Iron Maiden.
Que o Iron Maiden é uma das maiores bandas de todos os tempos ninguém discute.
Mas o que muitos esquecem é que da formação que gravou o primeiro disco auto-intitulado, somente Steve Harris e Dave Murray permaneceram imutáveis em seus postos.
Ao lado de Murray, empunhando a outra guitarra naquele primeiro disco, estava Dennis Stratton, o líder deste Lionheart, banda fundada nos meses finais de 1980, após a saída de Dennis do Iron Maiden, abrindo espaço para a chegada de Adrian Smith.
Apesar de pouco lembrado, o Lionheart conseguiu certa notoriedade na época, chegando a tocar no Reading Festival de 1981, ao lado do Saxon, Def Leppard e Whitesnake.
Com o passar do tempo, o heavy metal típico da NWOBHM foi dando lugar ao hard rock bem trabalhado na musicalidade da banda, tanto que “Hot Tonight”, seu álbum de 1984, estava mais para o AOR do que para o heavy metal britânico.
Porém, a banda entrou num hiato à partir de 1986, com seus membros indo para bandas importantes do cenário, até a reunião em 2016, que de cara rendeu o disco “Second Nature”, em 2017.
Ou seja, “The Reality of Miracles” é o terceiro disco do Lionheart, que agora traz na formação, além de Dennis Stratton, o guitarrista e tecladista Steve Mann, o baixista Rocky Newton, ambos presentes na formação dos anos oitenta, por sua vez acompanhados pelo baterista Clive Edwards e o versátil vocalista Lee Small.
O que ouvimos neste disco é basicamente uma continuidade da proposta brilhante de outrora, com belas harmonias vocais, teclados bem alocados, guitarras desenhando melodias vibrantes e seção rítmica sólida.
Ou seja, hard rock com muita melodia e sofisticação AOR, mas com a energia e a adrenalina da NWOBHM, tudo revigorado pela produção moderna, mas orgânica.
Algo que pode ser conferido desde a abertura com “Thine Is The Kingdom” e ainda melhor em faixas de destaque como “High Plans Drifter” (com toque norte-americano pronunciado), “Five Tribes” (com o peso e a velocidade do classic metal britânico, assim como na multifacetada “The First Man”), “Widows” (FM mandou lembranças), “Kingdom of the East” (que tem algo de Rainbow), “Behind the Wall” (lembrando a verve dramática e progressiva do Magnum), “Outlaws of the Western World” (com um “q” de Survivor) e “Overdrive” (que vai agradar os fãs de Foreigner).
As melodias vocais são muito bem desenhadas assim como o trabalho de guitarra mostra técnica e bom gosto, sendo as duas molas propulsoras da musicalidade classuda e cativante do Lionheart, ambas impressas por uma produção orgânica (destaque ao belíssimo som de baixo) e que alavancou todas as qualidades destes músicos experientes.
Pode não não ser o supra-sumo da originalidade ou da ousadia, mas o Lionheart cumpre muito bem sua clara proposta de executar o hard rock/AOR com empenho e paixão neste “The Reality of Miracles”.
Se bandas como Survivor, Loverboy, Night Ranger, FM, Bad English, Foreigner, Boston e Journey são de sua predileção, então, aproveite que “The Reality of Miracles” foi lançado no Brasil via Hellion Records, e vá atrás desse disco sem medo de ser feliz!
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