“You Will Be The Death Of Me” é o segundo álbum da banda norte-americana de metalcore, Light The Torch, que é uma espécie de supergrupo do gênero com músicos ligados a bandas como Killswitch Engage, Bleeding Through e All Shall Perish. O disco foi lançado em 2021 e chega ao Brasil por uma parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records.
Este segundo disco do Light The Torch, banda que é capitaneada por Howard Jones, ex- vocalista do Killswitch Engage, foi gravado em fevereiro de 2020 e esperou mais de um ano para ser lançado em decorrência da pandemia de COVID-19.
“You Will Be The Death Of Me” mostra Howard Jones mantendo o Light The Torch no mesmo patamar daquele de “Revival” (2018), que era apenas o The Devil You Know com outro nome (eles tiveram que mudar seu nome devido a questões legais envolvendo a saída do ex-baterista John Sankey). Ou seja, “nada de novo no front!”
Enfim, temos um metalcore melódico bem típico, mas de cara este segundo disco se destaca em comparação ao anterior pela capacidade maior das novas músicas de marcar o ouvinte. Não que as músicas de “Revival” (2018) fossem ruins, mas falta a elas algo que colocaram, mesmo que de forma heterogênea, nas novas músicas de “You Will Be The Death Of Me”.
As músicas dinamizam com maturidade o peso e a melodia, e as linhas vocais (Howard Jones é mesmo um vocalista excelente) estão melhor construídas desde o excelente refrão da faixa de abertura “More Than Dreaming”, mesmo que sobre a estrutura básica de um gênero tão desgastado quanto o metalcore.
Até por isso creio que “Let me Fall apart” saiu como single, pois ela aponta pra uma direção diferente em termos de estilo em comparação às demais faixas do trabalho, todas embasadas em efeitos, guitarras com afinação baixa, tempos quebrados e linhas vocais se desdobrando entre melodias e berros.
O fato é que a dificuldade de desassociar a voz de Howard Jones das melhores músicas do Killswitch Engage cria uma armadilha mental para o ouvinte que acaba ouvindo as demais faixas e achando tudo não tão empolgante, sem riffs e melodias que fujam do “bom, mas previsível”.
Isso porque “You Will Be The Death Of Me” é um típico disco de Howard Jones. O que é uma faca de dois gumes: por um lado temos um bom material, bem produzido e nada imprevisível, mas por outro, ele criou um padrão de qualidade em outras épocas que não é atingido desta vez, mesmo com as boas melodias e os arranjos interessantes que são sacados aqui e ali.
Ou seja, fora “Let me Fall apart”, temos um bom, mas unidimensional, disco do Light The Torch. O que não impede faixas como “Come Back To the Quicksand”, “Living with a Ghost”, “Death of Me” e “Become the Martyr” de se destacarem por um riff, um refrão ou um groove certeiro. Mas outras, como “Sign Your Name” chegam a ir além de simplesmente não agradar.
A performance dos músicos em estúdio (além do vocalista, temos o guitarrista Francesco Artusato, o baixista Ryan Wombacher e o baterista convidado Alex Rüdinger) é precisa, as letras tem uma carga sombria muito maior que os discos anteriores, e a produção eficiente em amplificar as potencialidades das músicas.
Em suma, está tudo no lugar, mas não existe muito aqui além do que já não tenhamos ouvido à exaustão no metal moderno, abraçando o metalcore mais canônico, com pouca criatividade e organicidade. Além disso, a cada disco, partindo do primeiro do The Devil You Know, “The Beauty of Destruction” (2014), tenho a sensação de que Howard Jones e sua trupe estão diminuindo peso e pendendo a balança para os aspectos melódicos e emocionais do metalcore, como revela propriamente a faixa “Something Deep Inside”.
O fato de não existir nada de novo em “You Will Be The Death Of Me”, também significa que se você é fã do trabalho de Howard Jones certamente vai curtir a maioria das músicas, mesmo que elas funcionem mais como acalanto para aqueles que sentem falta dos velhos tempos de Killswitch Engage.
Em suma, “You Will Be The Death Of Me” é um disco de metalcore comum, com pontuais momentos de brilhantismo, ao mesmo tempo que mostra o Light The Torch mantendo sua personalidade musical estabelecida e controlada.
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