In Flames – Resenha de “I, The Mask” (2019)

 

In Flames - I The Mask
In Flames: “I The Mask” (2019 | Shinigami Records) NOTA:9,0

O In Flames talvez um dos nomes que mais sofreram mutações em sua sonoridade ao logo de sua biografia.

Colecionando uma discografia respeitável, em número e qualidade, o último trabalho da banda foi o fraco e pouco inspirado “Battles”, de 2016.

O que nos leva a perguntar quanto do contraste provocado pelas composições de “I, The Mask” em relação a “Battles”, influencia em nossa avaliação positiva para este novo trabalho.

Porém, é inegável que a banda soa mais poderosa e, por que não, com algo dos velhos tempos, atirando aqui e ali, e com naturalidade, elementos que fizeram do In Flames ser tanto amada quanto odiada em suas diferentes fases.

De cara, numa primeira audição vemos que o In Flames colocou um pouco mais de peso e agressividade em sua música. As guitarras, por exemplo, estão muito mais nervosas e tempestuosas, dando ainda mais energia aos breakdowns poderosos. Tudo bem acompanhado pelo trabalho técnico e pesado de Bryce Paul Newman (baixo) e Tanner Wayne (bateria).

Uma agressividade extremamente melódica, é fato! Mas também carregada de tensão.

Como em “Voices”, faixa de abertura, por exemplo, com seus sintetizadores que servem de arauto ao peso moderno emanada das guitarras.

Aqui, vemos como é cativante o atrito entre ganchos melódicos saborosos e a raiva angustiante, principalmente nas linhas vocais. Sem dúvidas, Anders Fridén é um dos vocalistas mais versáteis de sua geração (ouça o que ele faz em “All the Pain”).

Com essa faixa, o In Flames já prende o ouvinte, capturando sua atenção com um refrão que gruda na cabeça. Aliás, um dos grandes méritos de “I, The Mask” são as músicas com grandes refrãos.

Em sua maioria, o que ouvimos em “I, the Mask” remete a “Reroute to Remain” (2002) e “Come Clarity” (2006), ou seja, peso moderno, melodia cativante e sincopada, dando prioridade aos riffs ao invés de empilhar solos de guitarra, fazendo do heavy metal acessível.

Isso fica mais evidente na ótima faixa-título, e na sequência com “Call My Name” (com seu refrão infalível) e“We Will Remember”, faixas onde o gigantismo das harmonias vocais e das linhas de guitarra invadem o cérebro.

E mais ainda nos destaques absolutos de “I, the Mask”, que são “I Am Above” (um modelo do perfeito heavy metal moderno), “(This Is Our) House” (com dinâmica instigante), “Burn” (com ótimo trabalho de guitarras e uma dose a mais de peso) e “Deep Inside” (com suas pinceladas de orientalismos nas melodias e belíssima passagem climática).

Não dá pra negar que o In Flames já domina sua fórmula musical com destreza, evitando as armadilhas que residem no abuso de clichês, ao mesmo tempo que é inteligente ao usar melodias de assimilação mais fácil, vestidas de sentimentos diversos.

Com isso, os músicos, extremamente hábeis, conseguem camuflar o quão tecnicamente complexa e sofisticada é sua música, num amálgama de modernidades e classicismos, oxigenando e dinamizando o segredo do bom heavy metal: um riff e um bom refrão!

Exceto em “Follow Me”, onde a mistura de texturas e a dinâmica mais melancólica escancara essa realidade, tendo até algo de progressivo em alguns detalhes. Ou em “Stay With Me”, com sabor de balada prog metal e que tem cara de hit.

Corroborando com a observação anterior, mesmo uma faixa fraca como “In this Life”, que parece uma versão com testosterona do Keane, é salva pelo excelente refrão.

Acredito que os fãs do In Flames já amadureceram o suficiente para não esperar algo como o que ouvimos entre “The Jester Race” (1996) e “Clayman” (2000), pois sabem que a banda já passou mais tempo distante desta sonoridade do que praticando-a e guiou sua identidade para uma fórmula diferente.

Pensando bem, a mudança se deu já há tanto tempo que nem faz mais sentido dizer que soam diferentes. Mesmo assim, se você torce o nariz para o que o In Flames tem feito nos últimos quinze anos, não creio que seja “I, The Mask” que mudará sua opinião.

Uma opinião que também não muda o fato de que In Flames possa ser o apelo heavy metal para as novas gerações. Ao menos é assim que me soa, mesmo que muitos enxerguem apenas a “fase atual” do In Flames com um exercício de metalcore.

Claro que os riffs são secos e os tempos quebrados, as linhas vocais melódicas encaixadas em meio aos berros, numa música equilibrada entre groove, melodia e velocidade. Mas eles fazem isso tudo, e muito mais, como poucos conseguem!

Por isso tudo,  “I, the Mask” é um disco sólido, o melhor da banda desde “Come Clarity” (2006), disparado!

Aproveite que a Shinigami Records lançou esse disco no Brasil com direito a uma excelente faixa bônus e confira já!

TRACKLIST

1. Voices
2. I, the Mask
3. Call My Name
4. I Am Above
5. Follow Me
6. (This Is Our) House
7. We Will Remember
8. In This Life
9. Burn
10. Deep Inside
11. All the Pain
12. Stay with Me
13. Not Alone

FORMAÇÃO

Björn Gelotte (guitarra)
Niclas Engelin (guitarra)
Tanner Wayne (bateria)
Anders Fridén (vocais)
Bryce Paul Newman (baixo)

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