“Royal Art” é o terceiro álbum do guitarrista Kiko Shred, que costuma acompanhar nomes com Mike Vescera, Tim “Ripper” Owens, e Leather Leone em suas passagens pelo Brasil.
Sucessor de “Riding the Storm” (2015) e “The Stride” (2017), “Royal Art” investe em aspectos técnicos e agressivos do power metal, somado ao virtuosismo do metal neoclássico, esse último onde a guitarra de Kiko se encaixa perfeitamente.
E mesmo que tenhamos um disco voltado à guitarra, “Royal Art” é composto por dez faixas, ora instrumentais, ora com os vocais determinados e técnicos de Mario Pastore, algo comum em álbuns de Yngwie Malmsteen, uma clara influência de Kiko.
Em suas participações, a voz de Pastore funciona como fulcro do equilíbrio de técnica e melodia, e isso fica claro em “I Will Cast No More (Pearls Before the Swine)” e “Achemy’s Fire”, responsáveis por abrir e impulsionar “Royal Art”.
Além de Mário Pastore, Kiko está acompanhado dos músicos Lucas Tagliari Miranda (Bateria) e Will Costa (Baixo) formando uma concisa seção rítmica.
Devemos enaltecer também a forma com que Kiko construiu a sequência das faixas.
Ele foi inteligente em inserir três faixas com os vocais de Pastore dentre as quatro iniciais, gerando uma dinâmica envolvente e nada enfadonha, que é levada para o restante do trabalho.
No geral, as dez faixas que completam “Royal Art” são consistentes, construídas com tudo de mais clássico e nobre que existe entre os diversos elementos que constituem as diferentes formas do heavy metal, mas com pontuais elementos diferenciados que inserem o álbum à época em que se situa.
Ou seja, “Royal Art” olha para influências do passado, mas com os pés no presente!
Destaques? Atenção à faixa-título (com algo de Joe Satriani), “Mortal”, “Over the Edge” (um speed metal à moda noventista) e “Straight Ahead” (com a participação mais do que especial de Michael Vescera).
Outro detalhe que chama a atenção são os esboços progressivos nos teclados de “Merlin’s Magic” e em algumas evoluções de “Tébas”, com suas remissões pontuais ao trabalho de Steve Vai.
Todavia, mesmo com todo o talento e técnica envolvidos, falta algo que brilhe com força, que cative de modo fulminante, nestas composições.
E acredite, Kiko não cansa nossos ouvidos com passagens auto-indulgentes ou exibicionismos técnicos desnecessários.
Ele respeita o fio melódico condutor das músicas, sem trocar a adrenalina pela auto-indulgência.
Aliás, existe um sólido sentimento de banda impresso nas faixas.
Até os refrãos, quando se aplicam, possuem melodias fortes e as linhas vocais de Pastore estão bem encaixadas, mas, no geral, falta algo que marque cada uma das faixas, e que nos dê vontade de começar a ouvir o álbum de novo.
E esse tempero que falta na receita não tem nada a ver com a produção.
Orgânica, ela confere honestidade à timbragem da guitarra de Kiko, e potencializa a seção rítmica, emprestando timbres noventistas (melhor sentidos em “The Knights of the Round”) enquanto provoca uma espécie de déjà vu constante, mas sem deixar a sonoridade datada.
Se Yngwie Malmsteen, Joe Stump, Judas Priest, Joe Satriani e Steve Vai são de sua predileção, pode conferir esse disco sem medo, pois ele vai te dar tudo o que você gosta nestes nomes.
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