Yngwie Malmsteen – Resenha de “Blue Lightning” (2019)

 

Yngwie Malmsteen - Blue Lightning (2019)
Yngwie Malmsteen – “Blue Lightning” (2019 | Hellion Records) NOTA:7,0

Pense nos dez maiores guitarristas de todos os tempos dentro do rock e certamente o sueco Yngwie Malmsteen estará dentre eles.

Porém, com o passar dos anos ele acabou virando uma caricatura de si mesmo, onde a persona egocêntrica e afetada suplantou boa parte de sua genialidade como músico, outrora capaz de revolucionar a guitarra, conseguindo trazer algo de novo para o heavy metal com pouco mais de vinte anos de idade.

Se antes ele foi vanguarda, hoje ele tem soado um tanto datado em seus discos mais recentes.

Felizmente com “Blue Lightning” foi diferente em uma boa parcela do repertório, pois além de todo aquele aglomerado de notas por segundo que caracterizam seus trabalhos, ele trouxe um tributo ao blues rock em faixas inéditas e algumas releituras de clássicos do rock mais próximos ao blues.

Claro que alguns nomes escolhidos são óbvios, como Jimi Hendrix (que empresta ao sueco “Foxey Lady” e “Purple Haze” – essa ganhando um peso libidinoso instigante) e Ritchie Blackmore (de quem buscou “Demon’s Eye” e “Smoke On The Water”, no Deep Purple), dois de seus grandes ídolos.

Porém é interessante ver escolhas como “Paint It Black” (que definitivamente não funcionou), dos Rolling Stones“Forever Man”, gravada por Eric Clapton, “While My Guitar Gently Weeps” (depois do que Jeff Healey fez com essa música, não deu pro Malmsteen, sinto muito), dos Beatles, e “Blue Jeans Blues” (outra interpretação interessante), do ZZ Top, executadas ao estilo Malmsteen.

Obviamente, assim como você não espera que ele nos ofereça novamente um disco nos padrões de um “Marching Out” (1985), um “Trilogy” (1986), ou até mesmo um “Facing the Animal” (1997), é também previsível que sua execução destas composições não sigam à risca as versões originais.

Além destes covers temos quatro composições inéditas no repertório que ainda trazem Malmsteen explorando as possibilidades do blues dentro de sua estética e personalidade.

Nesse âmbito, a faixa título abre o trabalho com boas intenções, mas aqui percebemos que o guitarrista devia estar passeando com uma de suas Ferraris na primeira aula de blues: não basta usar as notas certas, é necessário deixar o silêncio também fazer parte da música, o que claramente atrita com o estilo virtuoso, atlético e histriônico de Malmsteen.

A faixa “1911 Strut”, por exemplo, parece um excerto aquele duelo que ouvimos no final do filme “Crossroads”, só que sem a parte do Ry Cooder. No geral sempre parece que ele está usando as mesmas “fritações” em todas as músicas quando sai do eixo principal, o que deixa até os covers genéricos em dado mormento.

Não que a virtuose não possa ser usada no blues, Gary Moore e Stevie Ray Vaughan nos ensinaram isso há tempos, mas esse é um estilo onde a técnica precisa ser guiada pelo feeling, onde “inspirar e expirar” é importante, e a guitarra de Malmsteen parece sempre estar apressada, ansiosa, nesse processo.

Mas sejamos honestos, ele quase chegou lá na faixa “Sun’s Up Top’s Down”. Sem dúvidas a melhor dentre as faixas autorais. Quiçá o ponto alto do disco!

“Blue Lightning” foi autoproduzido, e apenas o baterista Lawrence Lannerbach aparece como músico creditado, sendo que todo o trabalho, exceto masterização e mixagem, ficou à cargo de Malmsteen.

E aí está um dos graves problemas do álbum: ele está muito, mas muito longe de ser um vocalista minimamente competente, o que compromete todo o resultado final!

Parece que ele desenvolveu um asco tamanho de vocalistas (e olha que ele trabalhou com alguns dos mais talentosos) que prefere minar a própria obra recente (desde “Spellbound” [2012], onde assumiu os vocais e a qualidade dos discos caiu vertiginosamente) a trazer um deles para nos oferecer uma performance vocal decente.

Aí você argumenta em sua cabeça que Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan também não eram vocalistas primorosos. De fato, mas para eles fazia parte de sua personalidade artística desde o início. No caso do Malmsteen, existem  vozes como as de Jeff Scott Soto, Doogie White, Joe Lynn Turner, Michael Vescera, e Tim “Ripper” Owens ao lado de sua guitarra para servir de comparação e amplificar a impressão de carência de um bom vocalista neste novo álbum.

Por fim, acho que “Blue Lightning” é o melhor entre os seus últimos três discos, mas pelo amor de Deus, Yngwie Malmsteen, pare de se autossabotar e contrate um bom vocalista!

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