Heavy Water – “Red Brick City” (2021) | Resenha

 

“Red Brick City” é o primeiro álbum da banda Heavy Water, lançado em 2021, liderada por Biff Byford, vocalista do Saxon, e seu filho, o guitarrista e vocalista Seb Byford. O disco foi lançado no Brasil pelo selo paulista Heavy Metal Rock.

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De antemão aviso aos fãs de Saxon que o Heavy Water é musicalmente bem diferente e poderá chocar alguns mais radicais, pois mistura o rock setentista e o alternativo noventista, sempre guiado por riffs de guitarra pesados e sonoridade valvulada.

Uma ideia musical que conduz toda a peça, por mais que varie em forma e conteúdo pontualmente, construída de modo tenaz à partir da herança que o heavy rock tem do blues, e alicerçada por uma seção rítmica encorpada e pulsante. Como ouviremos nas ótimas “Solution” (a abertura com um groove matador), “Now I’m Home” (uma balada bluesy com um show de Seb Byford) e “Faith” (um blues rock de espírito estradeiro).

Até por isso, mas não só, “Red Brick City” é algo como uma mistura de gerações. Enquanto Biff Byford traz influências do heavy rock setentista para o jogo musical, Seb Byford claramente é quem admira bandas como Soundgarden, Alice In Chains, Black Crowes e Audioslave. O catalisador deste blend de eras do rock é a simplicidade estrutural da proposta, sempre direta ao ponto, com o espírito de um antigo show de rock gravado de forma analógica.

Apresentando muita força e vitalidade na sua sonoridade, o Heavy Water se vale de ataques roqueiros clássicos, trabalhados nos cânones hard rock setentista, com bateria sustentando firmemente as harmonias e o baixo mostrando versatilidade, ora dobrando as guitarras, ora preenchendo seus espaços, numa fórmula que cativa de imediato.

O trabalho de guitarras é primoroso, com energia e versatilidade, e aliado aos vocais bem trabalhados dão toda a alma rock n’ roll do disco. As texturas e timbragens estão certeiras, mas a produção, inegavelmente orgânica, me soou um tanto limpa demais. Talvez esta seja a forma ideal de catalizar a fórmula, mas acredito que uma sonoridade um pouco mais rústica daria mais potencia às excelentes composições.

Muito do poder de cativar deste disco vem da alternância dos vocais entre pai e filho, e até mesmo dos dois cantando ao mesmo tempo, criando uma dinâmica envolvente, onde há simplicidade, mas também personalidade no som do Heavy Water, principalmente nas linhas de guitarra.

Nesse sentido podemos destacar faixas como “Red Brick City” (uma faixa densa e com pegada sludge), “Turn to Black” (com refrão que dá aquela sensação de força e poder), “Tree in the Wind” (uma power ballad classuda), “Revolution” (pesadíssima) e “Personal Issue No. 1” (outro heavy rock moderno com algo de post-hardcore).

Na formação, além do clã Byford (o vocalista do Saxon também é responsável pelo baixo), temos o baterista Tom Witts e o tecladista/saxofonista Dave Kemp, e o trabalho de todos, em conjunto, amplifica ainda mais a impressão de que o Heavy Water é uma banda e não um projeto.

No geral, “Red Brick City” é um excelente ponto de partida de uma banda que já nasceu com destaque dentro do nicho rock/metal, principalmente por mostrar Biff Byford transitando por terrenos bem diferentes do que faz no Saxon, e até mesmo em sua carreira solo, como ele faz em “Tree In The Wind” (uma balada pop rock com um “q” de U2), “Follow This Moment” (um classic rock com solo de saxofone) e na vibe alternativa de “Medicine Man”.

Claro que ainda existem algumas arestas a serem aparadas, mas não acho que o clã Byford mostrou tudo o que pode dar neste primeiro disco! O que nos deixa ainda mais curiosos pelos próximos passos do Heavy Water.

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