Hammathaz | Entrevista com o guitarrista Thales Statkevicius

 

A banda Hammathaz, oriunda de Sorocaba, lançou recentemente seu ótimo primeiro álbum “The One”, se equilibrando entre os aspectos old-school e modernos do metal extremo.

No entanto, eles não são novatos na cena e trazem na bagagem uma década e meia de experiência, tendo lapidado e evoluído sua identidade musical pelos palcos e pela consistente coleção de EPs e singles lançados.

Após o hiato entre 2014 e 2017, o Hammathaz retornou com espirito musical renovado e determinada a marcar seu nome na história do metal nacional e não há como negar que com “The One” eles começaram muito bem.

Sobre este primeiro álbum e outros assuntos que cercam a banda, conversamos por e-mail com o guitarrista Thales Statkevicius e essa entrevista você confere na íntegra à seguir.

Hammathaz - Entrevista com Thales Statkevicius 2

Antes de tudo, agradeço pela atenção e pelo tempo cedido a esta entrevista. Para começar, não há como fugir ao tema. Poderia dividir conosco como está sendo esse período para o Hammathaz frente à pandemia que ainda vivemos?

Thales Statkevicius – Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade que vocês deram ao Hammathaz. Bom, sobre esse período, a gente está tentando manter os trabalhos. De março do ano passado (começo de tudo isso) pra cá, a gente lançou single, lançou clipe, lançamos o nosso primeiro álbum (The One) e tivemos até mesmo troca de integrantes. Então dá pra dizer que estamos tentando fazer o que dá, da maneira que conseguimos.

Apesar de “The One” ser o primeiro álbum de estúdio, o Hammathaz já está na cena desde 2003. Por que o primeiro disco demorou tanto para sair?

Thales – Eu, Thales Statkevicius, entrei na banda em 2017. A banda (antes mesmo da minha entrada), segundo Anderson (baixista e fundador do Hammathaz), nunca esteve preparada para gravar um álbum completo. Embora todo o material que o Hammathaz tenha seja de excelente qualidade, a gente sabe que um álbum exige diversas coisas como entrosamento de todos da banda, conexão entre as ideias e tudo mais… Então, em 2018 quando resolvemos gravar o álbum, acredito que tenha sido o momento onde a gente percebeu que a banda estava pronta.

Quais as lembranças do início da banda? Como era a cena de Sorocaba naquela época?

Thales – Bom, como eu disse, eu entrei na banda em 2017. Mas sempre tive bandas e projetos por Sorocaba. A cena em Sorocaba era sim mais “agitada”. Mais festivais, mais público, mais apoio etc.

Poderia comentar sobre os EPs “Crawling” (2011) e “Inner Walls” (2013). De alguma forma eles dialogam com o que ouvimos no álbum “The One”?

Thales – Acredito que os dois EPs tenham sim uma identidade que se perdurou na banda e está, de certa forma, presente no álbum The One. Não de maneira tão explícita, claro. Mas muitas das influências da banda naquela época são bem próximas de algumas influencias atuais da banda. E conseguimos notar facilmente que o Hammathaz, em toda a sua trajetória, nunca teve medo de experimentar coisas novas e misturar estilos.

A banda teve um hiato entre 2014 e 2017. Como o Hammathaz de hoje enxerga aquele da primeira década em termos musicais? Existem paralelos entre as duas fases em termos de estilo?

Thales – Foi uma década importante não só para a banda, na questão de criar o nome, trilhar os primeiros caminhos etc, mas também para todos que passaram pelo Hammathaz. Todos que passaram pela banda sabem da importância que isso teve para eles e, até hoje, o pessoal fica surpreso. No final do ano de 2020 com a entrada do Fernando Xavier nos vocais era interessante ver a galera reagindo com “Caramba mano! Hammathaz? Sensacional” ou coisas do tipo.

Quando começaram a trabalhar em “The One”? Como foi feito o trabalho de estúdio?

Thales – O “The One” foi o nosso primeiro contato com um produtor de fora e nossa primeira vez em um estúdio grande. Foi extremamente gratificante ver como tudo aquilo funcionava e como as músicas que a gente tinha na cabeça foram tomando forma.

Vocês ficaram contentes com o resultado final de “The One”? Acredita que ele traduz o que o Hammathaz é hoje?

Thales – Sim, definitivamente. Pode parecer orgulhoso demais, mas, eu ouço o álbum todos os dias. Talvez não todas as músicas, mas sempre ouço algo do álbum. E o mais interessante é ouvir e lembrar dos momentos em estúdio, lembrar de detalhes, como fizemos isso, aquilo e aquilo outro, etc… É uma experiência maravilhosa.

Como tem sido o retorno da mídia especializada e do público com relação a “The One”?

Thales – A cada resenha que a gente recebe sobre o The One, é um baque diferente, rs. O mais interessante é ver a maneira com a qual as pessoas estão não só recebendo o álbum, mas também interpretando a nossa música. Como elas entendem as mensagens que tentamos transmitir e tudo mais.

Em resposta à nossa seção ‘SE7E PERGUNTAS’, foi dito que “o Hammathaz sempre teve como grande influência o Sepultura”. Acredita que isso ainda é algo claro no som de vocês? Se sim, onde podemos perceber essa influência mais facilmente em “The One”?

Thales – Sem dúvidas. O Sepultura, assim como Sabbath, Metallica e Pantera é uma das bandas que TODOS nós da banda curtimos. Digo isso por que muito do som do Hammathaz vem da variedade de estilos de cada um na banda. Desde o lado mais Old School e cru do Rodrigo Marietto (Guitarra) até o lado mais moderno do Lucas (baterista), o lado mais clássico do Anderson e assim por diante. Mas o Sepultura acaba sendo uma das bandas que a gente busca influências juntos.

Acha que seria errado apontar bandas como In Flames, Dark Tranquillity, Killswitch Engage e Suicide Silence como nomes que possuem similaridades musicais com o atual Hammathaz?

Thales – Definitivamente, não! São excelentes bandas e acredito que o Hammathaz possua pelo menos um integrante que curta cada uma dessas bandas, rs.

Classificar a musicalidade do Hammathaz como metalcore não é errado, mas não traduz tudo o que ouvimos no disco. Como vocês se classificam nesse mar de gêneros que se tornou o metal moderno? Você acha que esses rótulos e estilos são importantes para quem não conhece a banda se interessar por ela?

Thales – Acredito que estejamos mais longe do que perto do Metal Core. Principalmente no The One. Você encontra facilmente elementos do Death metal, Thrash Metal até mesmo Black Metal em determinadas partes. Tudo isso arrastado para o lado mais “Moderno” da coisa. Talvez uma boa pitada de Death Core. Mas acredito que o Metal Core não tenha tanta Influência na sonoridade da banda como antes tinha.

Nesse sentido, acha que podemos dizer que o Hammathaz escolheu, musicalmente, o equilíbrio do caminho do meio entre as abordagens old-school e moderna do metal extremo para construir “The One”?

Thales – Essa é uma boa definição para o nosso som. Quando perguntam o estilo da banda, a gente costuma chamar de “Metal”. E esse “Metal” é constituído com um pouco de tudo, como já citei, Thrash, Death, Black e até New Metal.

“The One” teve lançamento em CD, via Voice Music, numa época onde as bandas têm se abdicado cada vez mais dos formatos físicos. Vocês acham que esse tipo de mídia ainda é importante para uma banda ou tende a ser substituído de vez pelo digital?

Thales – Isso acaba dependendo muito da região que estamos falando. Aqui no Brasil temos muitos colecionadores de mídias físicas. Eu mesmo sou um deles. Lá fora a galera costuma consumir K7 e LPs como nunca… Logicamente que tudo isso reduziu, mas o consumo de mídias físicas continua. E, pra nós, ter esse material em mãos é uma das coisas mais incríveis nesse mundo. E, de quebra, ainda temos esse material sendo distribuído pela Voice Music (que dispensa comentários) aqui no Brasil e pela Defense Records na Europa.

O Hammathaz já tocou em vários festivais e casas de shows pelo Brasil. Nesse momento onde tocar ao vivo é impossível, quais as grandes lembranças que vocês trazem dos palcos? Quais os shows que marcaram a carreira da banda?

Thales – Um dos últimos shows que a banda realizou foi em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, ao lado e Mike Portnoy, Edu Falaschi e Noturnall. Uma experiência inesquecível para todos nós. Além, é claro, de todos os momentos na estrada.

Para finalizar, uma questão sobre o nome da banda. Li que ele veio de um apelido do primeiro guitarrista da banda e que estava escrito na parede do primeiro estúdio de ensaio de vocês, mas de uma forma diferente. Essa história procede? Já pode nos dizer o que significa o nome?

Thales – A gente brinca que nem mesmo a banda sabe a origem do nome Hammathaz. Porque, na realidade, é legal ver esse “mistério” em cima do nome. Já foi dito que o nome era um nick de um dos membros da banda, já foi dito que é uma derivação de Ramatis… enfim, quem sabe?

Agradeço novamente pela a entrevista e fique à vontade para fazer suas considerações finais.

Thales – Mais uma vez agradeço pela oportunidade e também aos meus irmãos de banda: Anderson, Lucas, Rodrigo, Thiago e Fernando. E também dos nossos managers Eliton e Susi Tomasi.

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