Gotthard – Resenha de “Steve Lee: The Eyes of a Tiger” (2020)

 

A morte do vocalista Steve Lee parece ser um trauma ainda não superado pelo Gotthard e por seus fãs. Uma prova disso esta registrada nesse “Steve Lee: The Eyes of a Tiger – In Memory of Our Unforgotten Friend”.

O fatídico acidente que ceifou sua vida aconteceu em outubro de 2010 no estado de Nevada e foi assistido pela namorada do vocalista e pelo baixista do Gotthard, Marc Lynn.

O quarteto remanescente, recrutou um novo vocalista, Nic Maeder, e resolveu seguir em frente com a banda, lançando novos discos regularmente.

Nessa “nova fase” que já dura quase uma década o Gotthard manteve seu hard rock sólido, equilibrando bem faixas mais determinadas e empolgantes com baladas certeiras, tendo sempre o senso melódico como diretriz principal, quase como uma mistura de Europe com Whitesnake.

Gotthard - Steve Lee, The Eyes of a Tiger (2020, Shinigami Records)
Gotthard – “Steve Lee, The Eyes of a Tiger” (2020, Shinigami Records)

Porém, Leo Leoni, o guitarrista do Gotthard, parece ainda estar ligado fortemente ao passado, tanto que revisitou a fase da banda com Steve Lee nos vocais nos dois primeiros discos do Coreleoni, “The Greatest Hits Part 1” (2018) e “II” (2019).

Para preencher um pouco da lacuna aberta com a passagem prematura de Steve Lee, o Gotthard lançou “Steve Lee: The Eyes of a Tiger – In Memory of Our Unforgotten Friend”, um disco com quatorze faixas na voz do vocalista.

Duas dessas faixas são um cover inédito de “Eye of the Tiger” (em duas versões), do Survivor, e “Tarot Woman”, faixa inédita com a voz de Steve Lee.

O restante são clássicos do Gotthard com o instrumental regravado de forma acústica, como “Heaven”, “One Life One Soul”, “Lift U Up”, “In the Name” (uma das melhores músicas da banda, aqui ainda melhor), “Need to Believe”, “And Then Goodbye” e “Let It Be”, sendo que alguns arranjos ganharam acompanhamentos orquestrados.

Isso sem falar na inflamada performance de “Hush”, música de Joe South que muitos lembram pela versão que o Deep Purple fez em seu primeiro disco.

O resultado final é uma homenagem tão brilhante e elegante quanto a voz de Steve Lee sempre fora, não abrindo espaço para apontar defeitos.

A voz abençoada e a interpretação de Steve Lee acabam se destacando ainda mais pela natureza desplugada dos instrumentos, pela palpável emoção em cada melodia e harmonia e pelos backing vocals muito bem encaixados.

Aliás, o formato acústico cai muito bem para as composições do Gotthard e provas disso já tinham sido dadas em “D Frosted” de 1997.

Isso aliado a uma produção brilhante, que amplificou a beleza dos timbres orgânicos do formato acústico e deu tridimensionalidade à sonoridade. Aconselho ouvir esse disco com bons fones de ouvido.

Apenas um reflexão.

Um dos grandes problemas dos últimos discos do Gotthard foi o sentimento de que estão seguindo numa espécie de piloto automático.

O que não acontece por aqui.

Nesse material, sentimos os músicos vívidos novamente, injetados de empolgação e determinação para  praticar sua essência com empenho e vontade.

Se você gosta do Gotthard não pode deixar essa material passar batido, principalmente porque ele foi lançado num belíssimo digipack no mercado nacional, via Shinigami Records.

FAIXAS:

1. One Life One Soul
2. Let It Be
3. In The Name
4. Lonely People
5. Heaven
6. Need To Believe
7. Lift U Up
8. Hush
9. First Time In A Long Time
10. Tarot Woman
11. And Then Goodbye
12. The Train
13. Eye Of The Tiger (Acoustic Version)
14. Eye Of The Tiger (Electric Version)

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