Gotthard – Resenha de “#13” (2020)

 

Gotthard - #13 (2020)
Gotthard – “#13” (2020, Nuclear Blast, Shinigami Records)

O Gotthard é um dos grandes nomes do rock suíço.

Desde 1992, quando lançou seu primeiro disco, apresentaram um crescimento constante, tanto em qualidade musical quanto em popularidade dentro do hard rock. 

Porém, a tragédia bateu à sua porta ceifando a vida do vocalista Steve Lee, em 2010, deixando uma interrogação sobre o futuro do Gotthard.

O quarteto remanescente, Freddy Scherer (guitarra), Leo Leoni (guitarra), Marc Lynn (baixo) e Hena Habegger (bateria), recrutaram um novo vocalista, Nic Maeder e resolveram seguir em frente com a banda, lançando novos discos regularmente, sendo este “#13”, o mais recente, lançado agora em 2020.

Nessa “nova fase” que já dura quase uma década o Gotthard mantém seu hard rock sólido, equilibrando bem faixas mais determinadas e empolgantes com baladas certeiras, tendo sempre o senso melódico como diretriz principal, quase como uma mistura de Europe com Whitesnake.

Nesse contexto, “#13” chega (no Brasil via Shinigami Records) para recuperar o brilho de “Firebirth” (2012) e “Bang!” (2014), e que havia sido perdido em “Silver” (2017), mesmo que não consiga superá-los por soar menos criativo, à começar pelo título, que soa um tanto redundante, ou no mínimo preguiçoso.

Obviamente a escolha se dá pelo fato deste ser o décimo terceiro disco da banda, mas certamente daria pra fazer melhor, ainda mais com tantas implicações simbólicas que o número treze carrega.

Quero começar essa análise comentando o trabalho de guitarras, pois ele reflete exatamente o adjetivo “redundante”. Os ganchos melódicos são bons mas falta aquele impacto, aquela determinação que empolgava antigamente.

Falta o feeling que fazia sentir que o Gotthard era uma entidade viva e pulsante do hard rock.

Se você ouviu os dois primeiros discos do Coreleoni, “The Greatest Hits Part 1” (2018) e “II” (2019), sabe que Leo Leoni não perdeu a pegada que sempre teve, mas parece que está se divertindo mais requentando as ideias antigas, seja revisitando os clássicos do Gotthard (como também fez no acústico “Defrosted 2”), ou disfarçando-as em novas composições.

A arma nostálgica do guitarrista, apesar de carregada com munição injetada de adrenalina e orgânicidade, parece ter perdido a precisão e ter gasto seus melhores tiros (“Another Last Time” e nos dá essa nítida sensação).

O grande impacto do disco ser a releitura de “S.O.S”, do ABBA, é um sintoma grave de uma constante por aqui: o sentimento de que o Gotthard está seguindo numa espécie de piloto automático, principalmente na hora de compor os refrãos.

Pegue a faixa de abertura, “Bad News”, por exemplo. É um hard rock que apesar de bem feito, fica só na promessa feita pela introdução instigante. Algo que também acontece com “10.000 Faces” (onde prometem o Gotthard de “Dial Hard”, mas apenas entregam uma versão mais pesada do Stone Temple Pilots da fase “Tiny Music…”).

Pensando friamente, ao longo do disco quase tudo parece uma promessa e a sensação é sempre de “quase lá”! Existe algo que deixa as composições mornas e genéricas. Talvez a produção não conseguiu valorizar os pontos positivos da músicas.

Tudo bem, que o genérico no caso da banda é acima da média de diversas bandas atuais, mas é aquilo que sempre digo: dos grandes, sempre esperamos mais.

Não dá pra reinventar a roda sempre, e não é preciso fazê-lo. Basta praticar sua essência com empenho e vontade.

Não me entenda mal, existem boas composições aqui. “Missteria”, “No Time to Cry” (com algo de Rainbow e Whitesnake), “Rescue Me” e “Marry You” (uma balada de extremo bom gosto, com Nic Maeder nos lembrando Chris Cornell), são três delas, onde experimentam algumas harmonias mais instigantes e cheias de feeling.

E se você quer apenas se divertir com o hard rock praticado por quem sabe o que faz, faixas como “Everytime I Die”, “10.000 Faces”, “Man on a Mission” e “Save the Date” vão te agradar, mas dificilmente irão te marcar como clássicos do Gotthard.

O álbum foi produzido pelo americano Paul Lani, que já trabalhou com a banda anteriormente, em “Homerun” de 2001, ao lado do guitarrista Leo Leoni, no Yellow House Studio (Lugano/Suíça). A mixagem foi feita em Los Angeles e os retoques finais em Nova York no Valhalla Studios sob os cuidados do renomado Darcy Proper.

Enfim, olhando o copo meio cheio, ao menos conseguiram superar o que fizeram em “Silver” (2017), disco anterior.

FAIXAS:

1. Bad News
2. Every Time I Die
3. Missteria
4. 10.000 Faces
5. S.O.S
6. Another Last Time
7. Better Than Love
8. Save The Date
9. Marry You
10. Man On A Mission
11. No Time To Cry
12. I Can Say I’m Sorry
13. Rescue Me
Bonus:
14. No Time To Cry (Demo version)
15. I Can Say I’m Sorry (Piano version)

FORMAÇÃO:

Nic Maeder (Vocal)
Leo Leoni (Guitarra)
Freddy Scherer (Guitarra)
Marc Lynn (Baixo)

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