Podemos dizer que o gothic metal surgiu no início dos anos 1990, de fato, mesmo que a fumaça gótica já permeasse alguns trabalhos dentro da gama existente de subgêneros do heavy metal. Bandas notáveis do gênero incluem Type O Negative, Paradise Lost, My Dying Bride, Moonspell, Lacuna Coil, Theatre of Tragedy, Draconian e Tiamat.
Algumas das características principais do gothic metal são: vocais femininos, estética carregada da cultura gótica, guitarras pesadas, ritmos cadenciados, melodias depressivas, teclados bem alocados e ambientação obscura, pois a música em si é uma fusão entre doom metal e gothic rock, concentrando-se nos riffs agressivos do metal apoiados por uma atmosfera primariamente sombria e melancólica.
A instrumentação é geralmente composta de linhas guitarras profundas, bateria pesada, sintetizadores etéreos e uma ênfase geral em texturas musicais “fantasmagóricas” ou “misteriosas”. Embora não seja o foco principal, algumas bandas de metal gótico tendem a enfatizar a instrumentação orquestral semelhante à do metal sinfônico. Temas líricos são freqüentemente de natureza deprimente, girando em torno de romances góticos, tragédia, morte e melancolia.
Claro que estas não são características necessárias para o gothic metal, mas sim suficientes para defini-lo e já representam um começo, mesmo porque esse subgênero do heavy metal se mistura a diversos outros, como o death metal, o symphonic metal, o black metal e até o thrash metal (como pode-se ouvir no injustiçado “Endorama”, do Kreator).
O HEAVY METAL E A CULTURA GÓTICA
Os aspectos sombrios relacionados à cultura gótica sempre encontraram eco no heavy metal, desde sua gênese, principalmente pela temática obscura e densa de ambos. Podemos dizer que num primeiro momento o heavy metal retirou a dramaticidade e o romantismo vinculado à estética gótica, mas logo ela seria retomada como se atraída por uma força mórbida.
Em grande parte, o gothic metal deu um novo impulso à cultura gótica, depois do declínio do rock gótico dos anos 1980. Aliás, as similaridades entre o gothic metal e o gothic rock param nas referências estílicas e líricas, pois, musicalmente, as diferenças são bem maiores que as semelhanças.
O GOTHIC METAL COMO FILHO DO DEATH METAL
O gothic metal é um subgênero da música metal que remonta ao início dos anos 1990, com desenvolvimento principal nos países europeus como Inglaterra, Finlândia, Noruega, Alemanha e Itália.
Mesmo porque, o gothic metal pode ser considerado um filho direto do death metal personalíssimo gerado por nomes como Anathema, Katatonia, Paradise Lost e My Dying Bride, e olhando um pouco mais atrás, uma espécie de proto-gothic metal foi registrado pelo Celtic Frost (no clássico “Into the Pandemonium” [1987]).
Essas bandas misturaram o doom metal de Trouble, Candlemass e Black Sabbath ao death metal, e ao inserirem a melancolia enquanto amainavam sua sonoridade que investia no atrito entre “luz” e “sombra”, criaram algo novo.
Desta forma, os aspectos melancólicos, arrastados, pesados, depressivos inerentes a uma banda de doom metal em suas mais variadas vertentes eram explorados pela estética experimental do mundo musical gótico, imerso em melancolia, requinte e melodia, tornando a decadência sombria em arte.
Com isso, foi criada uma sonoridade muito atrativa que foi crescendo rapidamente, tanto em bandas adeptas do estilo quando em fãs.
A partir dos primeiros anos da década de 1990 o gothic/doom metal começou a ganhar formas melhor definidas, com vocalizações líricas feitas por vocais femininos belíssimos, ou masculinos limpos, em contraste com os vocais guturais sobrepostos a arranjos pesados e melancólicos do death/doom metal.
Até a chegada de Anneke Van Giesbergen como vocalista principal do The Gathering, os vocais femininos tinham um papel coadjuvante no gênero, até por isso, o disco “Mandylion” (1994) é considerado um divisor de águas do gothic metal, que trouxe também um amplo horizonte de experimentações para o seu jogo musical.
É importante reforçar que o gothic metal vai muito além do subgênero estereotipado que comumente é associado como “metal beauty and the beast”, de cores pomposas e vocais femininos.
É importante ressaltar que a alta classe e requinte do gothic metal permeiam álbuns de bandas que vão do black metal do Dimmu Borgir e do Cradle of Filth ao industrial do Samael e o eletronico do Snakeskin.
EXISTE UM MARCO ZERO DO GOTHIC METAL?
Claro que estabelecer um marco zero é complexo para qualquer estilo musical, mas convenciona-se que o gothic metal teve início à partir de “Gothic” (1991), do Paradise Lost.
De fato, esta banda inglesa foi a primeira que trouxe o peso do death/doom metal entremeado de corais e vocais femininos para algo mais próximo da melancolia e da estética exploratória daquelas bandas de gothic rock dos anos 80, como The Sisters of Mercy, The Mission, Fields of the Nephilim e até Depeche Mode.
Porém, o grande salto de popularidade do gothic metal aconteceu com o hit “Black Nº1”, do Type O Negative, uma das bandas que ajudaram a definir a personalidade do gênero, ao migrar do doom metal para o gothic metal.
No fim da década de 1990, convencionou-se a chamar de gothic metal bandas que traziam a adição de vocais femininos líricos, amplificando o que já haviam feito Paradise Lost e Anathema, gerando uma zona de interseção confusa com as bandas de metal sinfônico que traziam mulheres nos vocais, como o Nightwish, o Epica, e o Within Temptation, que até esbarram levemente nos aspectos góticos, mas estão longe de serem bandas de gothic metal.
AS BELAS E AS FERAS
O gothic metal dentre suas várias formas e conteúdos, ficou marcado pela união do heavy metal com vocais líricos em contraponto ao tradicional vocal masculino mais agressivo, trazendo um efeito muito valoroso para a musica pesada.
O Tristania, por exemplo, trouxe a talentosa Vibeke Stene, investindo em elementos góticos mais pesados e explorando o contraste do vocal angelical feminino com o vocal masculino bem gutural e áspero. Os italianos do Lacuna Coil com a vocalista Cristina Sccabia por sua vez já investiam em músicas com arranjos mais modernos.
Desta safra interessantíssima ainda podem ser citadas ótimas bandas como Theatre Of Tragedy, Trail Of Tears, After Forever, Flowing Tears, dentre outras. Já Nightwish, o Epica e o Within Temptation, como dito antes, eram bandas que musicalmente apresentavam uma forma mais sinfônica do que gótica, e por isso, mesmo com todo o hype da época, não entram no nosso contexto do gothic metal
Em verdade, a música pop da década de 80, com Cocteau Twins, Dead Can Dance e Kate Bush, influenciou de modo ímpar neste estilo metálico que trazia as mulheres e suas “heavenly voices” (como rotularam alguns críticos), para o primeiro plano.
OS DISCOS ESSENCIAIS PARA ENTENDER O GOTHIC METAL
- Paradise Lost – “Gothic” (1991)
- Paradise Lost – “Icon” (1993)
- Type O Negative – “Bloody Kisses” (1993)
- Tiamat – “Wildhoney” (1994)
- Paradise Lost – “Draconian Times” (1995)
- Anathema – “The Silent Enigma” (1995)
- My Dying Bride – “The Angel and the Dark River” (1995)
- Sentenced – “Amok” (1995)
- The Gathering – “Mandylion” (1995)
- Lake of Tears – “Headstones” (1995)
- Moonspell – “Irreligious” (1995)
- Theatre of Tragedy – “Velvet Darkness They Fear” (1996)
- Anathema – “Eternity” (1996)
- Katatonia – “Brave Murder Day” (1996)
- Sentenced – “Down” (1996)
- Type O Negative – “October Rust” (1996)
- Rotting Christ – “A Dead Poem” (1997)
- Lacrimas Profundere – “La naissance d’un rêve” (1997)
- On Thorns I Lay – “Orama” (1997)
- HIM – “Greatest Lovesongs Vol. 666” (1997)
- Tiamat – “A Deeper Kind of Slumber” (1997)
- The Gathering – “Nighttime Birds” (1997)
- Katatonia – “Discouraged Ones” (1998)
- Tristania – “Widow’s Weeds” (1998)
- Eternal Sorrow – “The Way of Regret” (1998)
- Trail of Tears – “Disclosure in Red” (1998)
- The Sins of Thy Beloved – “Lake of Sorrow” (1998)
- Moonspell – “Sin / Pecado” (1998)
- Theatre of Tragedy – “Aégis” (1998)
- Samael – “Eternal” (1999)
- Lacuna Coil – “In A Reverie” (1999)
- Crematory – “Act Seven” (1999)
- In The Woods… – “Strange in Stereo” (1999)
- Lacrimosa – “Elodia” (1999)
- Diabolique – “The Black Flower” (1999)
- My Dying Bride – “The Light at the End of the World” (1999)
- Lake of Tears – “Forever Autumn” (1999)
- Sentenced – “Crimson” (2000)
- Silent Cry – “Goddess of Tears” (2000)
- After Forever – “Decipher” (2001)
- To/Die/For – “Epilogue” (2001)
- Tristania – “World of Glass” (2001)
- Green Carnation – “Light of Day, Day of Darkness” (2001)
- Novembre – “Dreams d’azur” (2002)
- Flowing Tears – “Serpentine” (2002)
- Virgin Black – “Elegant… and Dying” (2003)
- Moonspell – “The Antidote” (2003)
- Poisonblack – “Escapexstacy” (2003)
- Cradle of Filth – “Nymphetamine” (2004)
- Draconian – “Arcane Rain Fell” (2005)
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Considerando as listas que eu vejo na Web, parabéns! Muitos clássicos representados. Concordo em parte que o “Gothic” foi o marco zero do goth metal, até porque ele é basicamente um disco de Death/Doom. Quanto aos corais femininos e o clima de melancolia do álbum, isso já rolava no primeiro disco deles, o “Lost Paradise” (1990). Acredito que o “Icon” (1993), junto com o “Bloody Kisses” (1993) do TON – como você falou – foi o verdadeiro começo do gênero.
Mas… Será mesmo?
No mesmo ano do “Gothic” foi lançado, o disco homônimo do Shadow Project, banda de Rozz Williams, ex-Christian Death. É um disco estranho que mistura gótico, punk, metal e industrial; esse, talvez, seja o primeiro disco de Gothic Metal. E até antes do Shadow Project tinham bandas de rock gótico que flertavam com o hard rock/metal. O Fields of the Nephilim, p ex., tem uma música chamada “Phobia”, lançada em 1988, que é quase a cópia de “Ace of Spades” do Mötörhead. O álbum “Vision Thing” (1990) do Sisters of Mercy tem uma pegada hard rock. Por fim, o Christian Death tem um álbum duplo, “All the Love, All the Hate” (1989) com várias músicas bem metal… Tem um a que até parece Slayer!
Enfim… Boa lista!