Gary Moore – Resenha de “Live From London” (2020)

 

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Gary Moore - Live From London
Gary Moore – “Live From London” (2020 | Hellion Records, Mascot Label Group)

Gary Moore faleceu em fevereiro de 2011, aos 58 anos, deixando uma lacuna no mundo da música, afinal, assim como seus ídolos Eric Clapton e Jimi Hendrix, ele tinha um técnica refinada e um timbre característico como marcas de uma assinatura única dentro do rock e do blues moderno.

Sua personalidade musical era tão marcante que você podia reconhecer sua guitarra em poucos segundos, mesmo se ele estivesse tocando alguma obscuridade de sua longa discografia.

Não só isso, Gary Moore possuía uma boa voz, dando ainda mais identidade à sua obra vasta que foi muito influente nos anos 1970 e 1980, por discos como “Back on the Streets” (1978) ou “Wild Frontier” (1987), para citar apenas dois.

Além de sua carreira solo, vale conferir o que ele fez junto com o Thin Lizzy (no subestimado “Black Rose: A Rock Legend” [1979]) e em projetos como Colosseum II e G-Force, esse último um dos seus melhores momentos.

Escrevi isso tudo para responder de antemão qualquer dúvida sobre a relevância desse “Live From London”, um disco ao vivo de Gary More lançado de forma póstuma.

O clima intimista do registro se justifica pelo local onde foi gravado em 2 de dezembro de 2009, o London’s Islington Academy, pouco mais de um ano antes de seu falecimento.

O que faz deste material ainda mais especial, pois foi uma de suas últimas gravações.

Esse tom intimista do ambiente combina perfeitamente com o tom profundo e intenso do blues rock encarnado em amplificadores valvulados e emanado de forma crua pelas diferentes guitarras usadas por Gary Moore.

O mais interessante em um registro tão sincero como esse é ver como Gary Moore possui uma agressividade diferente em sua forma de tocar, que nos remete ao hard rock e ao heavy metal por diversas vezes, terrenos pelos quais já transitou, mas com a pegada de um devoto do blues e o preciosismo técnico de um amante do jazz. 

A captação do som é limpa e permite detalhar cada movimento, mas está longe das produções clínicas dos discos ao vivo atuais. Tudo é tão honesto e orgânico que é possível sentir como se estivéssemos no público sendo golpeados pelas ondas sonoras intensas vindas dos alto falantes.

show abre com “Oh Pretty Woman”, um vibrante e robusto tema gravado no álbum “Still Got The Blues”, certamente o álbum de maior sucesso comercial de Gary Moore, ao menos nos Estados Unidos.

Aliás, esse disco empresta momentos preciosos ao repertório dessa apresentação, como “Walking By Myself” (sinuosa e insinuante, e com a participação do público), “Too Tired / Gary’s Blues 1” (a segunda metade um solo de guitarra interessante), ” All Your Love” (de Otis Rush e Willie Dixon, com cadência quase hipnótica) e a dilacerante “Still Got the Blues”.

Pouco, ou quase nada, da carreira de Gary Moore é dispensável, pois tudo possui o brilho que somente os realmente talentosos conseguem imprimir em cada parcela de sua obra.

Que o digam “Since I Met You Baby” (uma aula de blues fuzzeado) e “The Blues is Alright” (uma das melhores do show) retiradas de “After Hours” (1992), disco que repetia a fórmula de sucesso de “Still Got The Blues”. 

Gary Moore faz um trabalho tão brilhante no comando das seis cordas destas duas canções neste “Live From London” que até nos esquecemos do fato delas contarem com as participações de B. B. King e Albert Collins, respectivamente, nas suas versões originais.

“Bad for You Baby “, outro bom momento do show é faixa-título de um de seus últimos álbuns de estúdio lançado em 2008, donde também são tiradas“Down The Line” (um boogie woogie rápido), “I Love You More Than You’ll Ever Know” (outra peça dramática com interpretação emocionante) e “Mojo Boogie” (aqui com uma performance alucinante), que junto a “Have You Heard” (um blues cadenciado e dilacerante, com Gary Moore moendo sentimentos em sua guitarra) de “Close as You Get” (2007) mostram poder da fatia final da obra de Gary Moore, pois nenhuma delas faz feio ou soa menor ao lado de composições clássicas do guitarrista que as executa com muita vontade e tenacidade.

Dando ainda mais força a essa observação, esse caminho nos mostra que todo o repertório é construído por faixas de quatro discos pontuais à partir de 1990, exceto por “Parisienne Walkways”, que fecha o show e é emprestada do clássico “Back on the Streets”, seu disco de 1978.

E não há como se cansar desta música, principalmente em suas versões ao vivo. A parada brusca segurando uma nota era o momento esperado em todo show. Previsível, mas sempre eficiente e emocionante!

Sem dúvidas, “Parisienne Walkways” é uma das melhores músicas da carreira de Gary Moore e em “Live From London” ela tem mais uma interpretação apaixonada e vibrante.

Claro que o guitarrista norte-irlandês está muito bem acompanhado no palco por uma banda de altíssimo nível e cuidadosamente azeitada.

Enquanto a dupla da seção rítmica dá a alicerce, a segurança, para Gary Morre explorar toda a sua experiência como  músico em cima de um palco, não economizando feeling e adrenalina em longo solos e demonstrações técnicas, os teclados preenchem os espaços no segundo plano, por vezes dialogando com as melodias de guitarra.

“Live From London” é uma aula de blues rock, um disco obrigatório, seja você fã de Gary Moore, ou não!

Tudo bem que merecia vir acompanhado de um DVD, mas não vamos nos apegar a isso. Dê o play e curta um dos melhores nomes de sua classe usando nada além de seu talento!

Aproveite que a Hellion Records lançou esse material por aqui e confira já!

FAIXAS:

1. Oh, Pretty Woman
2. Bad For You Baby
3. Down The Line
4. Since I Met You Baby
5. Have You Heard
6. All Your Love
7. Mojo Boogie
8. I Love You More Than You’ll Ever Know
9. Too Tired / Gary’s Blues 1
10. Still Got The Blues
11. Walking By Myself
12. The Blues Is Alright
13. Parisienne Walkways

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FORMAÇÃO

Gary Moore (vocal e guitarra)

Vic Martin (teclado)

Peter Rees (baixo)

Steve Dixon (bateria)

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