“Arcane Rain Fell”, clássico segundo disco da banda DRACONIAN, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Definição em um poucas palavras: Lúcifer, pesado, climático, tristeza, desesperança e letras sombrias.
Estilo do Artista: Death/Doom Metal.
Comentário Geral: “Arcane Rain Fell” é o segundo álbum da banda Draconian, lançado em janeiro de 2005. O sucessor de “Where Lovers Mourn” (2003), esse segundo trabalho da banda sueca foi gravado e produzido no Underground Studios ao lado do produtor Pelle Saehter. A produção é algo que chama a atenção de imediato, pela forma límpida com que desenha o instrumental, dando um contraste com a peso áspero das partes mais voltadas ao death metal.
Essa polidez da produção deu um tom menos profundo e pesado àquele que se tornaria usual nos discos seguintes, diminuindo a organicidade das emoções pelo aspecto mais processado das timbragens. Não que isso seja um problema, mas quinze anos e cinco álbuns depois, podemos ver que essa experiência serviu de exemplo para que não repetissem esse tipo de produção clínica.
Musicalmente, o Draconian mantinha a essência do primeiro álbum (como podemos ouvir em “The Everlasting Scar”), mas também mostrava uma evolução musical no doom/death metal, adornando sua forma clássica de guitarras arrastadas e seção rítmica cadenciada com teclados, violinos, violoncelos e uma soprano.
Claro que isso tudo estava longe de ser novidade em 2005, também para o próprio Draconian, como o próprio vocalista Anders Jacobsson declarara à época: “temos sido sombrios e meio góticos desde o início.” Ele ainda definia o som do Draconian como “puro e emocional gothic/doom metal” e a forma criativa com que tudo era concatenado na música do Draconian destacava-os frente a seus congêneres pela sofisticação com que trabalhava a melancolia e as sombras em meio ao extremismo metálico.
Ou seja, o atrito de contrastes começa na produção, passa pelos elementos usados nas composições, pelos vocais, principalmente, e vão até a arte da capa que foi criada por Travis Smith, artista escolhido pelo fato de Anders Jacobsson e Johan Ericson (guitarra) terem gostado do seu trabalho para as bandas Opeth e Katatonia.
Nesse contexto, “Arcane Rain Fell” foi o disco responsável por solidificar o nome do Draconian na cena doom/death metal criando um secto de fãs neste segmento musical, principalmente por serem conservadores e fieis às formas desenvolvidas na década anterior, sem se render aos estratagemas comerciais que alçaram o gothic metal ao primeiro plano do heavy metal.
Isso podia ser conferido na abordagem dada pela soprano Lisa Johansson, que apesar de sua belíssima voz, fugia das melodias fáceis e dos disfarces operísticos tão saturados à época, contribuindo para a natureza sombria das músicas. Como destaques do repertório temos “Death, Come Near Me”, “Daylight Misery” e “Heaven Laid in Tears” ambas explorando por modos próprios melodias e atmosferas lúgubres e sombrias, abrindo espaço suficiente para beleza e melancolia épica.
Em “Death, Come Near Me”, por exemplo, temos um épico de quinze minutos que foi gravado anteriormente para a demo “Dark Oceans We Cry”, de 2002. Essa música teria entrado no primeiro disco, como contou Anders Jacobsson numa entrevista da época: “Não houve tempo suficiente para colocá-la no álbum de estreia. Estou feliz por não termos feito isso, também porque teria sido uma droga com aquele tipo de som que conseguimos. Na mesma entrevista ele confessa preferir a versão demo de “Death, Come Near Me” do que a versão do álbum: “Muito mais sentimento.”
“Arcane Rain Fell” trazia um conceito que narrava a queda de Lúcifer (presente na estátua da capa) e o estabelecimento do Inferno de acordo com a mitologia judaico-cristã, mas pela visão desenvolvida por John Milton no clássico “Paraíso Perdido”. Um conceito que dialoga e se encaixa perfeitamente ao apelo gótico da musicalidade pesada, porém melodiosa, e carregada de climas sinistros que é desenvolvida em “Arcane Rain Fell”.
Logo o reconhecimento trouxe comparações com bandas como Anathema, My Dying Bride e Theatre Of Tragedy eram, então, constantes e inevitáveis. Mas o vocalista tinha uma lista mais extensa quando perguntado sobre as grandes influências do Draconian: “Acho que Anathema, My Dying Bride e bandas como o Saturnus nos inspiraram acima de tudo. Mas também bandas progressivas e música do início dos anos 1970.”
Essa menção ao progressivo setentista explica o uso de algumas progressões diferenciadas em meio aos riffs arrastados, principalmente na criação da atmosfera bela, triste e sombria, que sem dúvidas é o foco da banda. Até hoje “Arcane Rain Fell” é tido como por muitos fãs como o melhor disco do Draconian e que ganhou uma edição luxuosíssima e histórica no Brasil à cargo do selo Cold Art Industry, em edição slipcase limitada a quinhentas cópias.
Ano: 2005
Top 3: “Death, Come Near Me”, “Heaven Laid in Tears” e “Daylight Misery”.
Formação: Anders Jacobsson (vocais), Lisa Johansson (vocais), Johan Ericson (guitarra), Jesper Stolpe (baixo), Andreas Karlsson (teclados) e Jerry Torstensson (bateria).
Disco Pai: My Dying Bride – “Turn Loose the Swans” (1993)
Disco Irmão: Saturnus – “Veronika Decides to Die” (2006)
Disco Filho: Doom:VS – “Earthless” (2014)
Curiosidades: Partes narrativas do álbum foram gravadas por um músico convidado chamado Ryan Henry, da banda americana de doom/death metal Necare.
Pra quem gosta de: Livros épicos, cultura gótica, demonologia, vinho tinto e seres da noite.
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