Don Broco – “Amazing Things” (2021) | Resenha

 

“Amazing Things” é o quarto álbum de estúdio da banda inglesa de rock alternativo Don Broco, lançado em 2021 pela SharpTone Records e que chega ao Brasil pelo selo Shinigami Records. Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco.

Don Broco - Amazing Things Resenha Review

Confesso que não me lembrava de ter ouvido falar desta banda de nome peculiar até que o material (muito bem feito por sinal) da Shinigami Records chegou às minhas mãos. Como creio que parte dos leitores possam estar na mesma situação, vamos a uma rápida biografia da banda Don Broco.

Esta é uma banda que carregada consigo toda a herança britânica do rock/pop, formada em Bedford, na Inglaterra, no anos de 2008, como um quinteto completado por Rob Damiani (vocais), Simon Delaney (guitarra), Luke Rayner (baixo), Darren Playford (percussão, backing vocals) e Matt Donnelly (bateria e vocal).  Em 2011, Playford e Donnelly deixam a banda abrindo espaço para a chegada de Tom Doyle (baixo e programação) e a reestruturação da banda como um quarteto.

Neste período eles lançarem quatro discos, sendo “Amazing Things” o mais recente e o primeiro a alcançar o primeiro lugar nos charts britânicos. Os outros três discos são intitulados “Priorities” (2012), “Automatic” (2015) e “Technology” (2018) e ouvindo os discos em sequência cronológica antes de analisar “Amazing Things” posso dizer que o Don Broco é uma banda no mínimo curiosa pela coragem de ousar (para o bem e para o mal) e misturar estilos diversos em suas músicas, digamos, gentilmente, idiossincráticas.

Enquanto seu primeiro disco finca as raízes da sua musicalidade no rock alternativo moderno, percorrendo todo o espectro entre o pop rock e o hardcore melódico, eles pincelam elementos de múltiplos gêneros com muita determinação e personalidade (novamente, para o bem ou para o mal), indo além do rock, algo que fica ainda mais evidente no álbum seguinte, lançado em 2015, que alicerça esta sonoridade em torno de uma pegada mais funk/new wave, abusando de texturas sintetizadas. O terceiro disco, “Technology” , mostra o Don Broco mais focado no rock n’ roll puro e simples, mas ainda ligado à proposta do disco anterior principalmente por alguns sintetizadores.

Após estas audições eu tinha certeza de que a personalidade musical do Don Broco era forte,  livre de amarras estílicas e conceitos, mas eu ainda me perguntava o quanto disso era parte de uma banda que ainda não havia encontrado seu lugar na música. Seria um franco-atirador em busca de uma fórmula musical que lhe desse algum sucesso ou uma entidade musical que só seguia as próprias regras e não gostava de padrões?

E admito que naquele momento a melhor resposta para esta pergunta era: um pouco das duas coisas. Mas quando terminei a primeira audição de “Amazing Things” eu tive uma impressão de que a resposta estava no franco-atirador, pois a volta para o caleidoscópio estílico do primeiro álbum, se entregando novamente ao rock alternativo com tangências no nu metal e no post-hardcore, soou como espécie de confissão de que buscavam algo não tão genuíno nos dois discos anteriores. Este quarto disco me pareceu uma proposta de retomada de onde pararam em “Priorities” (2012).

Pra mim, “Amazing Things” é o melhor dos quatro discos da banda, disparado! Pois é como se eles tivessem equilibrado elementos de seus outros discos, pegando o que de melhor funcionou em cada um deles sem ir contra seu espírito alternativo.

Algo bem marcado em “Bad 4 Ur Health”, um dos melhores momentos entre as doze faixas que compõem o disco que parece brincar de forma irônica com esteriótipos, ao mesmo tempo que pega pesado musicalmente, fundindo Bring Me The Horizon com Prodigy, Pink Floyd e Limp Bizkit pelo fogo do peculiar humor britânico que o The Darkness já usou tão bem!

A produção, à cargo de Jason Perry, é perfeitamente encaixada à proposta musical do Don Broco, potencializando as qualidades e amenizando os defeitos, além de servir como fator orgânico em alguns momentos mais forçados dos arranjos, fazendo os sintetizadores mais proeminentes de “Swimwear Season” e “Manchester Super Reds No. 1 Fan” conviverem bem com os potentes grooves sincopados de “Bruce Willis” e “Revenge Body”.

Junte estas quatro faixas com a já citada “Bad 4 Ur Health” e a ótima “Anaheim” e você terá uma demonstração da pluralidade encontrada no universo musical do Don Broco, pois estes são os destaques do trabalho e o que realmente funciona por aqui, se quiser pode até ignorar o restante que soa apenas como um bazar musical de estranhezas e melodias nada marcantes.

Resumindo, “Amazing Things” é um disco heterogêneo, seja pelo conceito universalista da banda, seja pela oscilação de qualidade das faixas, mas não pra negar que nas músicas em que acertam a mão o resultado é de altíssimo nível! E isso já faz valer a pena conferir este quarto álbum do Don Broco. Tomara que no próximo disco possam manter a evolução e criar um repertório mais conciso, no geral.

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