Crowne – “Kings in the North” (2021) | Resenha

 

“Kings in the North” é o primeiro álbum do Crowne, uma espécie de supergrupo do hard/melodic rock sueco. Na formação da banda estão o vocalista Alexander Strandell (Art Nation); o guitarrista, tecladista e produtor Jona Tee (H.E.A.T.); o baixista John Levén (Europe); e o baterista Christian Lundqvist (The Poodles). Como convidado ainda temos Love Magnusson (Dynazty) na execução dos solos. “Kings in the North” chegou ao Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Frontiers Records.

Crowne - Kings In The North

Até mesmo por estas credenciais apresentadas pelos músicos do Crowne não causa espanto ou surpresa o tipo de música desenvolvida nas onze composições que completam “Kings in the North”.

É aquele típico hard rock energizado por toques de power metal e adocicado pelas harmonias do melodic rock, com a classe e competência que só os suecos sabem fazer na atualidade.

Em dados momentos Kings in the North” soa como como um filho direto de “Knights of the New Thunder” (1984), clássico dos noruegueses do TNT. Ok! O disco soa genérico e ensimesmado aqui e ali (por exemplo, nas quase dispensáveis “Sum of All Fears” e “Set Me Free”), eu confesso, mas até isso faz parte do pacote do melodic/hard rock.

“Kings in the North”, no geral, traz guitarras fortes, cozinha de impacto, andamentos inteligentes, melodias certeiras e vocal empolgante, sem soar datado apesar das referências claras.

Lembre-se que alguns clichês são indispensáveis para caracterizar o gênero (e torná-lo tão divertido) e eles estão bem marcados na faixa-título (com refrão e solo cativantes) e “Mad World” (mesclando a urgência dos riffs e um solo puramente heavy metal com a cadência do melodic rock), as duas melhores músicas do disco.

Além destas duas cabe menção honrosa a outras faixas que chamam a atenção por razões distintas: “Perceval” (se o H.E.A.T tocasse heavy metal soaria exatamente assim); “Unbreakable” (um hard rock interessante); “One In a Million” (que remete à fase “Address The Nation”, do H.E.A.T.); e “Make a Stand” (com um riffão de dar gosto!).

Principalmente nos diversos ataques melódicos, o Crowne parece trazer para os ouvidos modernos, uma releitura bem produzida em estúdio daquela combinação viciante de peso, dramaticidade, adrenalina e melodia tão comum a nomes clássicos como Europe e Dokken, além do próprio TNT e, obviamente, das bandas de cada um dos integrantes.

No geral, as faixas oscilam em qualidade, mesmo dentro de si próprias, mas nada que beire o vergonhoso ou que diametralmente tangencie a genialidade, sendo que dá pra perceber que os músicos se reuniram para praticar a música que lhes agrada e a sensação de diversão é perene ao longo de “Kings in the North”.

O grande diferencial das músicas está na abordagem mais cadenciada das estruturas rítmicas que dão sustentação às guitarras pesadas, que desenham riffs robustos por uma timbragem encorpada, e aos refrãos fulminantes atirados em sequência.

Pra mim, neste primeiro trabalho, o Crowne funciona bem como um projeto, mas precisa buscar uma personalidade melhor definida, solidificar sua fórmula musical, para fugir de algumas armadilhas da mesmice que foram fatais para o resultado final irregular do disco.

Em suma “Kings in the North” é um bom trabalho; um típico álbum moderno de hard rock escandinavo; e se você é fã de H.E.A.T, Eclipse e Dynazty, pode ir atrás sem medo de ser feliz!

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