“Durere” é o quinto álbum de estúdio da banda Clouds, um nome de destaque dentro do cenário mais atmosférico do death/doom metal.
Fundado em 2013, o Clouds tem como líder e mentor intelectual o baterista e vocalista romeno Daniel Neagoe, conhecido por trabalhos junto a bandas como Pantheist e Shape of Despair, principalmente.
Em “Durere” Dan Neagoe reuniu um time de músicos de respeito no nicho do death/doom metal, que coparticipam em bandas como Descend into Despair, Saturnus, dentre outras.
Falando dos músicos não como deixar de destacar a violinista romena Irina Movileanu e o guitarrista britânico Indee Rehal-Sagoo, que serão os principais responsáveis pelo toque refinado da melancolia que ouviremos em “Durere”.
Será principalmente essa dupla que irá transmutar quase que alquimicamente a depressão e a decadência em arte refinada, mesmo que os vocais ora guturais, ora contemplativos, mas sempre profundos, também se destaquem no conjunto da obra.
Até por isso, espere por músicas longas, densas, pesadas e carregadas de emoção, atritando beleza com escuridão de uma forma mágica através das nuances góticas emergentes da riqueza instrumental que se vale de orquestrações e timbres acústicos para reforçar o atrito de contrastes marcado pela ótima produção.
Faixas como “Above the Sea” (um tour de force pelos aspectos emocionais do gênero) e “The End of Hope” (um desfecho inspirador ainda que dotado de resignação) são os momentos onde essas observações se tornam indiscutíveis, em suas belezas hipnóticas que levam o metal extremo para um novo patamar de elegância sombria e melancólica.
Essa ode à tristeza e ao sofrimento está impressa desde o título do álbum, pois durere pode ser traduzido do romeno como dor.
Aliado ao fato deste trabalho ter sido inspirado pela perda do pai de Daniel Neagoe, as emoções ficam ainda mais concentradas enquanto as músicas passam, principalmente em “A Father’s Death” (com um dilacerante arranjo de violino).
Até por isso, esse disco possui um caráter tão intrinsecamente pessoal para Daniel que é possível vê-lo destacado da discografia do Clouds.
“Durere” é, tomadas as devidas proporções, mais um exemplar onde a dor da perda move a arte rumo a algo diferenciado e brilhante, assim como Albrecht Dürer fazia numa tela, criando um universo obscuro e sombrio, mas também refinado e simbólico.
Olhando para composições como “Cold Guiding Light” (bela abertura, mas que não entrega tudo o que ouviremos no disco), “Empty Hearts” (dona de uma profundidade gótica envolvente) e “The Sailor Waves Goodbye” (uma jornada intensa pela melancolia pura) podemos confirmar ainda que “Durere” é um disco que se destaca, não pela inovação que enseja, mas pela qualidade com que é construído e executado.
Aqui, quando o sentimento não pode ser expresso por palavras ele é desenhado através de movimentos melódicos criando uma paisagem sonora que até extrapola o sentido da audição (como no sentimento impresso pelas guitarras de “Images and Memories”).
Pensando bem, por mais que “Durere” seja um disco criado à partir de uma experiência pessoal, por diversas vezes suas composições são capazes de dialogar com as experiências do ouvinte, com seus fantasmas, extraindo sentimentos absolutos que nos amarram ao trabalho.
Ou seja, “Durere” é um trabalho imersivo, que merece toda atenção durante sua audição.
Felizmente, esse disco saiu no Brasil numa edição belíssima, com direito a slipcase e acabamento metalizado, encarte envernizado, poster, e faixa bônus exclusiva para o Brasil (“I Fear the Light” com os vocais de Kostas Panagiotou, do Pantheist), à cargo do selo Cold Art Industry. Adquira o CD aqui.
Se as formas melancólicas, sombrias, arrastadas, atmosféricas e sofisticadas do doom/detah metal te agradam, então não deixe esse disco passar batido, pois o tempo o revelará como um clássico do gênero.
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