“Torn Arteries” é o sétimo álbum de estúdio da banda britânica de death metal Carcass, lançado em setembro de 2021 e que chega ao Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast.
Olhando bem para a capa de “Torn Arteries”, ela me pareceu uma proposta diametralmente oposta à do clássico e distante “Reek of Putrefaction” (1988).
Se naquele primeiro disco de 1988 a poluição visual quebrava o impacto de termos uma salada de pedaços putrefatos de corpos humanos, agora a limpidez do fundo branco destaca um coração construído por vegetais.
Tudo bem que a sequência de fotos no encarte de “Torn Arteries”, feita pelo artista Zbigniew Bielak, mostra como este “coração de vegetais” vai apodrecendo com o passar do tempo, até os vegetais podres serem substituídos por cadáveres de porcos que simulam as cores de um coração de carne.
Novamente, a vivacidade da imagem da capa em contraste a opacidade da última imagem do encarte me parece ser uma mensagem clara em referência ao veganismo.
Talvez a minha mania de buscar mensagens em padrões simbólicos tenha me feito enxergar demais, mas tudo em “Torn Arteries” parece me dizer que o Carcass do passado se mostra mais consciente em todos os sentidos. Até por isso, um pouco diferente.
Indo um pouco mais além na minha reflexão, no álbum anterior, “Surgical Steel” (2013), eu achava que a paleta de cores e a estrutura visual da capa criava um link com a era de “Heartwork” (1993) e musicalmente as correlações inegavelmente existiam.
Em “Torn Arteries” os elementos identitários da música do Carcass estão presentes, mas a forma de compor e de estruturar as composições, a produção e os timbres usados para “imprimir” as músicas, e obviamente a arte gráfica clínica e simples, com segundo plano branco (inédito na história da banda), nos dizem que este é sim um disco diferente.
Isso tudo são apenas leituras pessoais e o fato é que “Torn Arteries” é o primeiro álbum do Carcass em oito anos, gravada pelo trio Jeff Walker (baixo e vocal), Bill Steer (guitarra e vocal) e Daniel Wilding (bateria e vocal). Um disco que deveria ter sido lançado em agosto de 2020, mas que foi adiado por causa da pandemia de COVID-19.
“Torn Arteries” está longe de ser incrível ou de ser alçado a um novo clássico do Carcass. Mas eles seguem trabalhando e amadurecendo a proposta de atritar peso e melodia iniciada nos discos noventistas de sua discografia.
Porém, é inegável que melhoraram alguns elementos em sua forma de compor, principalmente nos riffs e na adição de peso nas bases, se comparado ao que ouvimos em “Surgical Steel” (2013), ainda mais quando percebemos uma banda mais detalhista e com a energia certa para executar o trabalho.
O fato de usarem timbragens diferentes do que é comum ao death metal já não é mais novidade, mas ainda possui impacto por de servir de catalisador para a mistura de thrash/death metal com o groove meio bluesy do death n’ roll que eles parecem propor em diversos movimentos, como desenhado na faixa “Dance of Ixtab”.
Além disso, existem autorreferências interessantes: alguns desenhos melódicos nos levarão mentalmente para a época de “Swansong” (1996), um detalhe pontual (de “Kelly’s Meat Emporium”) fará menção a algo de “Symphonies of Sickness” (1989) e a maioria das estruturas parecem uma reconstrução diferente das usadas em “Heartwork” (1993).
O grande destaque do repertório é, de longe, a longa “Flesh Ripping Sonic Torment Limited”, seguida de perto por “Kelly’s Meat Emporium”, “Under the Scalpel Blade”, “Torn Arteries”, “The Devil Rides Out” (com um riff guiando um groove death metal certeiro) e “Wake Up and Smell the Carcass / Caveat Emptor” (essa muito pelas referências que carrega).
“Torn Arteries” é mais do mesmo? Se você espera por experimentações corajosas e musicalidade vanguardista a resposta é: sim. Mas o Carcass já não entrega isso faz tempo!
Ou seja, “Torn Arteries” é o Carcass sendo o Carcass de sempre, remetendo, principalmente, ao que fazia ente 1991 e 1993, nada além disso.
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Obrigado pelo apoio Cláudio!
E depois volte pra contar o que achou do disco do Carcass!
Abraços!
Também achei surgical steel referência direta do heartwork, e gostei muito do trabalho. Confesso não curtir o canto do cisne mas esse novo merece sim uma audição. Show a resenha!!!