Caligula’s Horse – “Rise Radiant” (2020) | Resenha

 

“Rise Radiant” é o quinto álbum de estúdio da banda australiana de prog metal Caligula’s Horse, lançado via Inside Out Music em maio de 2020, e no Brasil via Hellion Records (numa edição em slipcase e com duas faixas bônus). Este é o primeiro álbum com o baixista Dale Prinsse, que entrou para a banda em 2019.

Caligula's Horse - Rise Radiant (2020, Haellion Records, Inside Out Music) Resenha Review

O Caligula’s Horse é uma banda que vem crescendo muito dentro da música progressiva contemporânea e este “Rise Radiant” é uma das provas e consequências disto.

De imediato preciso destacar o trabalho em estúdio que potencializou todas as qualidades da musicalidade da banda, sendo que a produção ficou à cargo do próprio guitarrista Sam Vallen e a mixagem foi feita pelo mago Jens Bogren (Opeth, Devin Townsend Project, Leprous).

A principal destas qualidades amplificadas é a forma com que eles conseguem sobrepor a técnica e a emoção. Isso é algo muito bem representado pela harmonias com que as linhas de guitarra de Sam Vallen são entrelaçadas ao trabalho vocal de Jim Grey.

Não à toa eles são os dois membros fundadores ainda remanescentes e que mantém a personalidade musical do Caligula’s Horse controlada, como podemos ouvir já na abertura com “The Tempest”, onde uma técnica absurda é encaixada como um quebra-cabeças altamente complexo que ilustra uma paisagem tão bela e simbólica quanto a capa do disco.

Até por isso, fica claro que o Caligula’s Horse não abre mão da exploração técnica inerente às formas progressivas, mas a faixa seguinte, “Slow Violence” (um atrito de tradicionalismo e modernidade), mostra que eles não fazem do tecnicismo o motivo de ser da sua música.

Creio que justamente por  isso “Rise Radiant” vai agradar tanto os fãs de Dream Theater quanto os de Riverside, sendo que muito da musicalidade destas oito faixas me fez pensar em bandas como Pain of Salvation, Haken e Leprous, principalmente, mas também clássicos como Marillion, King Crimson e Genesis em alguns detalhes.

Essas referências aparecem em composições de destaque como “Valkyrie” (um típico prog metal moderno; intrincado e sincopado), “Salt” (carregada de dramaticidade e pormenores nos andamentos) e “Autumn” (uma balada intimista e bela), que mostram perfeitamente a miríade de possibilidades de explorar o metal progressivo atualmente, indo do peso e da agressividade (existem riffs de guitarra espetaculares ao longo do disco) até uma beleza introspectiva, como um caleidoscópio musical.

Ainda temos no repertório a atmosférica “Resonate” (com o requinte pop/prog próximo do que Steven Wilson vem fazendo ultimamente) completando um conjunto de composições que me fizeram pensar se o Caligula’s Horse não seria, para o prog metal moderno, o mesmo que as bandas de AOR eram para o rock progressivo nos anos setenta e oitenta?

Digo isso porque desde a capa “Rise Radiant” é mais lírico, simbólico e poético, musicalmente progressivo, de é fato, mas muito pesado e intricado para ser rock progressivo e, também, muito envolvente, melódico, intenso e acessível para ser metal progressivo.

Digressões à parte, “Rise Radiant” cumpriu com muita solidez e qualidade a árdua missão de suceder o primoroso álbum anterior do Caligula’s Horse, a obra-prima “In Contact” (2017), mesmo que algumas faixas como “Oceanrise” “The Ascent” sejam genéricas em comparação com as demais.

A edição nacional ainda traz duas faixas bônus que são covers sensacionais (mas deslocados no contexto do disco), um para “Don’t Give Up” do Peter Gabriel e outro para a espetacular “Message to My Girl” do Split Enz (uma banda que merecia ser mais conhecida).

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