Bruce Dickinson é uma lenda do heavy metal. Um dos maiores vocalistas de rock em todos os tempos, ele foi o pioneiro no gênero a imprimir um estilo vocal operístico, marcado em discos históricos da banda de heavy metal Iron Maiden. Mais tarde, ele seguiria em carreira solo e se tornaria uma espécie de renascentista moderno pela excelência com que atua em diversas áreas além da música. Neste artigo queremos elencar cinco discos essenciais em sua obra musical.
Quem é Bruce Dickinson?
Paul Bruce Dickinson nasceu no dia 07 de agosto de 1958, na cidade de Worksop, em Nottinghamshire. Sua banda favorita era o Deep Purple, que conheceu aos treze anos, através do disco “In Rock” (1970) e o motivou a criar suas primeiras bandas ainda na escola.
Antes de entrar para o Iron Maiden, Bruce Dickinson passou por outra banda muito importante do heavy metal inglês, o Samson (gravando os discos “Head On” e “Shock Tactics”), onde assinava como Bruce Bruce e era conhecido como ‘air raid siren’ (algo como sirene de ataque aéreo) por causa da potência de seu alcance vocal.
Com os problemas irremediáveis com Paul Di’anno no Iron Maiden, Steve Harris procurou por um vocalista com um estilo diferente e chegou até Bruce Dickinson pela apresentação do Samson no Reading Festival de 1981, onde estava na platéia ao lado de Ron Smallwood.
No começo, vários fãs torceram o nariz para o novo vocalista do Iron Maiden, mas era questão de tempo para que ele conquistasse o coração destes mesmos fãs e fizesse história na banda com discos clássicos e definidores para o heavy metal.
Após “Fear of the Dark” a relação do vocalista com o Iron Maiden se via desgastada e ele partiu para uma carreira solo que já havia sido iniciada ainda quando ele estava na banda. Uma curiosidade interessante é que antes de entrar para o Iron Maiden, o guitarrista Janick Gers gravou o primeiro disco solo de Bruce Dickinson, em 1990, intitulado “Tattooeed Millionaire”.
Com os vocais de Blaze Bailey (digamos, o cara certo na banda errada como seus discos solo mostraram) a banda inglesa viu o fundo do poço no que tange a sucesso de público e crítica. Se isso já não fosse o bastante, o Iron Maiden via Bruce Dickinson construir uma carreira solo irrepreensível, lembrando bastante o que acontecera com Ozzy Osbourne e o Black Sabbath na década anterior.
Bruce Dickinson lançou vários e diferentes discos em sua carreira solo que, pela diversidade, se tornou muito interessante. Em dado momento, ele absorveu o guitarrista Adrian Smith (à época fora do Iron Maiden) e ofereceu seus melhores discos solo. Não demorou para o retorno triunfal do Iron Maiden como um sexteto (Bruce e Adrian voltavam), com três guitarristas na formação (Janick Gers, substituto de Adrian, permanecia na formação ao lado de Dave Murray) e um álbum que remetia onde pararam no início dos anos 1990.
Em 2011, Bruce Dickinson recebeu o doutorado honorário em música, conferido a ele pelo Queen Mary College, de Londres, em reconhecimento a ‘sua contribuição para a indústria da música’.
1. Samson – “Head On” (1980)
Esse é um dos discos que ajudaram a definir a NWOBHM em suas bases, principalmente em faixas como “Hard Times”, “Vice Versa”, “Manwatcher”, “Hammerhead” e “Take Me to Your Leader”, que faziam do Samson um dos postulantes a líder do novo movimento dentro do heavy metal junto ao Iron Maiden, Saxon, Diamond Head e Angel Witch.
Segundo trabalho da banda liderada pelo guitarrista Paul Samson, “Head On” também trazia uma versão de “The Ides of March”, gravada posteriormente pelo Iron Maiden no disco “Killers” (1981), e aqui intitulada “Thunderbolt”. Isso se deu porque o baterista do Samson, Barry Purkis, tocou nos primórdios do Iron Maiden, e teria composto a música junto com Steve Harris.
O som do Samson aqui apresentado era herdeiro direto do heavy rock inglês e até por isso as notas de hard rock e classic rock são marcantes na mistura musical da banda. Nesse contexto, músicas como “Take it Like a Man” e “Too Close to Rock” evidenciavam que o talento do Samson emanava, principalmente, do vocalista Bruce Bruce que iria fazer história no Iron Maiden.
2. Iron Maiden – “The Number of the Beast” (1982)
Esse certamente é um dos cinco maiores discos da história do heavy metal. Sua faixa-título foi inspirada no filme “A Profecia” e se tornou talvez sua maior clássico, mas está longe de ser a melhor música do disco. Aliás, esse disco traz a melhor composição do Iron Maiden para mim, “Hallowed Be Thy Name”. Nas palavras de Bruce Dickinson, “essa música e todo o disco levaram o Iron Maiden para um novo patamar”.
Sobre sua entrada na banda, Bruce Dickinson anos mais tarde diria: “Eu sabia que estava me juntando a uma grande banda. E sabia que podia deixa-la ainda melhor. Em ‘The Number of the Beast’ minha voz se encaixou de forma perfeita na banda”.
E uma ouvida rápida em clássicos como “Run to the Hills”,”22 Acacia Avenue”, “Children of the Damned”, além das já citadas “The Number of the Beast” e “Hallowed Be Thy Name” corroborarão essa afirmação de Bruce Dickinson, que também detecta o único defeito do disco: “O único erro que cometemos foi incluir ‘Gangland’ em vez de ‘Total Eclipse’. Mas o resto do álbum é fantástico”.
3. Iron Maiden – “Seventh Son of a Seventh Son” (1988)
Sei que muitos preferiam colocar “Powerslave” (1984) ou “Somewhere in Time” (1986) como os discos essenciais de Bruce Dickinson no Iron Maiden, mas eu considero “Seventh Son of a Seventh Son” (1988) como o disco mais inteligente e criativo da banda em toda a sua carreira, onde atingiram o ápice tanto em letras quanto em musicalidade. Mesmo assim, o vocalista parece não ter gostado muito do resultado final e, segundo Steve Harris, Bruce Dickinson teria dito a ele que o Queensryche tinha feito um disco conceitual melhor com “Operation: Mindcrime”.
Talvez seja apenas minha predileção por música progressiva, mas um disco que tem obras-primas do repertório da banda como a poética “Infinite Dreams”, a certeira “Can I Play With Madness”, o heavy metal classudo de “The Evil That Men Do” e a viajante “The Clairvoyant”, e que parecia tirar o heavy metal da ingenuidade, deve ser enaltecido.
“Seventh Son of a Seventh Son” é um disco conceitual, musicalmente progressivo, que vai além das faixas citadas acima. Ao meu ver, se tornou um disco “mal quisto” pelos fãs não pela vibe prog (explorada pela banda com mais ênfase após os anos 2000), mas por ter sido marcado como o último do Iron Maiden com Adrian Smith em sua fase de ouro.
4. Bruce Dickinson – “Accident of Birth” (1997)
Se “Seventh Son of a Seventh Son” (1988) marcava a saída de Adrian Smith do Iron Maiden, “Accident of Birth” (1997) era o disco que trazia o guitarrista novamente em parceria com Bruce Dickinson. Quarto disco da carreira solo do vocalista e terceiro após sua saída do Iron Maiden, o heavy metal puro e direto aqui apresentado foi o que os fãs precisavam após o criticado “Skunkworks” (1996).
Sobre a volta de Adrian Smith, Bruce acha que foi um grande feito para o público: “Foi tipo, ‘uau, os dois do Iron Maiden voltaram a tocar juntos’, este tipo de coisa. Para nós apenas estamos fazendo o que sempre fizemos, cantar e tocar guitarra.” Além de Adrian Smith, para completar o “pacote Iron Maiden”, a violentíssima capa era feira por Derek Riggs.
Bruce Dickinson também reafirmava a parceria com Roy Z, mantendo o peso do disco anterior, mas com uma orientação heavy metal e uma interpretação memorável do vocalista, imprimindo emoções diversas, em faixas como “Freak”, “Accident of Birth”, “Man of Sorrows” e “Arc of Space” e creio que o tom agressivo e violento de “Accident of Birth” nunca mais foi repetido por Bruce Dickinson em sua carreira.
Bruce Dickinson – “The Chemical Wedding” (1998)
Pelos mesmo motivos de “Seventh Son of a Seventh Son” (1988), “The Chemical Wedding” é meu disco favorito da carreira solo de Bruce Dickinson e considero-o melhor que qualquer disco que o Iron Maiden lançou após “Fear of the Dark” (1990), exatamente pela criatividade e pela inteligência com que o conceito e a musicalidade são desenvolvidos.
Até por isso, “The Chemical Wedding” é, pra mim, uma versão melhor acabada e sofisticada de “Accident of Birth” (1997). Faixas como “King in Crimson”, “The Chemical Wedding”, “The Alchemist”, “Book of Thel”, “Gates of Urizen” e “Jerusalem” mostravam Bruce Dickinson em seu ápice como compositor, dentro de um contexto mais sombrio, quase doom metal, em conluio à temática ocultista.
O próprio Bruce Dickinson explica o significado do título e a temática do disco: “Foi inspirado no livro de mesmo nome escrito séculos atrás, e narra a viagem de uma alma do estágio da ignorância à elevação, através da alquimia. Enquanto eu estava escrevendo o álbum, descobri a poesia de William Blake, que foi muito influenciado pela filosofia da alquimia”. Ou seja, “The Chemical Wedding” (1998) é heavy metal para a mente e não para emoções primitivas.
Leia Mais:
- Aleister Crowley | As Influências do Ocultista Inglês no Rock e no Metal
- Samson – “Head On” (1980) | Você Devia Ouvir Isto
- Iron Maiden | O Heavy Metal Influenciado Pela Literatura
- Iron Maiden | “The Trooper”, o Poeta e a Guerra da Crimeia
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