Axewitch | Resenha de "Out of the Ashes Into the Fire" (2021, Hellion)

“Out of the Ashes Into the Fire” é o quarto álbum da banda sueca de heavy metal Axewitch, lançado em 2021. Este é o primeiro disco da banda após “Hooked on High Heels”, de 1985. O disco foi lançado no Brasil pelo selo Hellion Records.

O Axewitch é uma banda nascida em 1981, das cinzas do Haze, e até 1987, quando findaram as atividades, participaram de várias coletâneas, lançaram uma demo, alguns EPs e três álbuns de estúdio que tiveram certa relevância na cena européia dos anos oitenta.

Depois de três décadas, os músicos se reuniram em 2007 para alguns shows com a formação original que foi até 2012 quando o baixista Björn “Berta” Hernborg entrou para o time ao lado dos remanescentes das formações oitentistas Anders Wallentoft (vocais e teclados), Magnus Jarl e Mikael A Deild (guitarras), e Mats Johanson (bateria). Com este time gravaram um novo disco após trinta e seis anos, intitulado “Out of the Ashes Into the Fire”.

De cara, posso dizer que a sonoridade do Axewitch vai agradar e muito quem gosta de bandas como Ostrogoth, Crossfire, Overdrive, Picture, Accept, Oz e Kick Axe. Até por isso, não é errado dizer que “Out of the Ashes Into the Fire” é uma sequência daquele heavy metal à moda antiga, agora impresso por uma melhor produção (mesmo que o som da bateria ainda soe anacrônico). Amplificam esta impressão as regravações de “Axewitch” e “Nightmare”, duas pedradas metálicas que foram resgatadas da primeira demo-tape da banda

A sensação de “já ouvi isso antes” é perene, mas não por eles copiarem o passado e sim por estruturarem os clichês do metal oitentista de forma inteligente, refinada e madura. O que não impede de termos um repertório com seus altos e baixos (“The Healer”, por exemplo, mostra esse sintoma dentro uma mesma faixa, com boas guitarras, mas refrão indolente).

Mesmo assim, quando acertam a mão, como nas pesadas “Dues to Pay”, “Going Down” e “Let Sleeping Dogs Lie”, ou nas mais hard n’ heavy, como “The Pusher” (com uma vibe Twisted Sister em certos movimentos), “In Pitchblack Darkness” (com um espírito de metal clássico noventista) e “Losing You” temos interessantes demonstrações de peso, melodia e força num heavy metal largamente influenciado pela estética da NWOBHM.

Claro que as composições trazem arranjos e passagens menos ingênuos e menos crús que a forma oitentista pura. Os solos estão bem feitos, sempre eletrizantes, as guitarras técnicas e vibrantes, os refrãos melodicamente construídos pra marcar e a seção rítmica (que poderia estar melhor produzida) dá uma sustentação honesta ao som do Axewitch.

No mais, temos em “Out of the Ashes Into the Fire” aquele heavy metal tradicional oscilando entre o hard rock e o heavy metal, sempre incisivo e sem afetação, dotado de guitarras precisas que ajudam a energizar a sonoridade, que se não impressiona pela originalidade e criatividade, também está longe de decepcionar, principalmente se você curte aquele heavy metal à moda noventista.