Em 2014, o primeiro álbum do Blues Pills caiu como uma bomba no mundo do Rock n’ Roll, principalmente por apresentar a vocalista Elin Larsson, cheia de volúpia roqueira e desenvoltura das grandes mestras do blues, vendendo as quase surreais, aos dias de hoje, 100 mil cópias.
Existem muitas bandas que se inspiram no rock setentistas e sessentista, assim como o Blues Pills, todavia, o que os diferencia das demais é que não tentam soar como se pertencessem àquela época.
Utilizam os mesmos ingredientes, mas a receita final tem sabor moderno e longe dos mimetismos dos clássicos e desta vez, como destaca a própria Elin, estavam com a mente totalmente aberta, investindo num pouco mais de psicodelia, bem como mais doses de soul.
Desta forma, ganharam muita desenvoltura musical, redobrando as influências setentistas, lapidando a psicodelia e adicionando elementos musicais que engrandecem as composições, sendo que as guitarras estão tempestuosas e os detalhes psicodelicos ecoam a década de sessenta.
É interessante a forma como usam a psicodelia, não dando a ela somente o papel climático, mas colocando-a nas timbragens dos instrumentos e como parte da música, das melodias e das linhas de cada instrumento, resultando numa sonoridade mais rica.
“Lady In Gold” abre o álbum cadenciada e forte, evoluindo para um Classic Rock cheio de influências setentistas e guitarras pesadas, psicodelia bem dosada e desfecho orgástico.
Ao contrário do que possa parecer, o título da canção, que também batiza o álbum, não se relaciona à belíssima vocalista que empunha o microfone do Blues Pills. Segundo a própria banda, “Lady In Gold” simboliza a morte.
Mesmo assim, quiseram fugir de símbolos clichês para a morte, muito menos uma mulher vestida de ouro.
Nas palavras de Elin, esta faixa foi escolhida para dar título ao álbum “por ser envolvente e memorável”.
Após a faixa título, “Little Boy Preacher” continua acentuando o sabor clássico aos blues rock do Blues Pills, dando espaço para “Burned Out”, uma faixa densa, adornada por guitarras cheias de malícia em contraste aos backing vocals, totalmente focada no sentimento que os detalhes musicais podem traduzir, assim como acontecerá em “Gone So Long” mais adiante.
Já nestas primeiras faixas, podemos notar que os arranjos estão esmerados, espalhados por andamentos inteligentemente colocados nas faixas, extrapolando a simples rotulação blues rock.
É possível notar elementos de Led Zeppelin, Black Sabbath (principalmente em “I Felt A Chance”, balada onde Elin mostra como construir muita emoção acompanhada apenas de órgão e teclados, lembrando bastante a faixa “Changes”, do Black Sabbath, mas muito melhor), evidenciando ainda mais o amadurecimento musical da banda quando exploram mais as influências do soul e do gospel, que eram deixadas apenas como plano de fundo no álbum de estréia.
Este fator deu um novo sabor e uma nova atmosfera ao Hard Rock vintage do Blues Pills.
Em comparação ao álbum anterior, temos uma sonoridade mais cerebral, climática e densa, deixando os arranjos explosivos um pouco de lado.
Esta liberdade musical é nítida nos destacáveis trabalhos de backing vocals ao longo do álbum, evocando traços de spirituals e gospel songs, bem como nos vocais diferenciados e ousados de Elin, que eram mais fiéis às regras no álbum anterior e agora, segundo ela própria, brincou um pouco mais com os vocais, tentando coisas diferentes em decorrência do encorajamento e ativo suporte do produtor Don Alsterberg.
Enquanto “Bad Talkers” é um blues rock puro como o praticado na Terra da Rainha nas eras jurássicas do Rock, misturando muito bem melodia pop com sentimento blues em guitarras proeminentes, “You Gotta Try”, uma das melhores faixas do álbum, se apresenta mesclando muito bem os elementos da banda, empolgando seja nas partes mais cadências, seja nas mais furiosas.
Um pouco do vigor de outrora é retomado em “Won’t Go Back”, faixa mais rock n’ roll e acelerada, assim como o Hard Blues “Rejection”.
“Elements and Things” é um cover de Tony Joe White, que inicia a tradição de ter ao menos um por álbum (no primeiro tivemos uma versão de “Gypsy”, de Chubby Checker), imprimindo um desfecho viajante, denso e borbulhante, que abusa dos efeitos psicodélicos e de uma batida hipnótica.
Ao dissipar completo da névoa musical psicodélica criada pelo Blues Pills, temos a dúvida se este álbum é melhor que o anterior, mas certamente passaram incólumes pelo teste do segundo álbum.
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