“Imaginations From The Other Side”, clássico álbum da banda BLIND GUARDIAN, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Definição em um poucas palavras: Guitarra, pesado, literatura, bardo, melódico.
Estilo do Artista: Power Metal
Comentário Geral: Sem dúvidas, o Blind Guardian foi uma das bandas mais interessantes no mundo do Heavy Metal nos anos noventa.
Surgida na Alemanha na década anterior, foi à partir de “Tales from the Twilight World” (1990), seu terceiro álbum, que eles moldaram seu padrão musical, embasado no power metal, mas agregando elementos de folk e orquestrações, com clima épico e fantasioso, além de inspirações literárias (de J. R. R. Tolkien, Stephen King, Michael Moorcock, Frank Herbert, e Peter Straub), cinematográficas, mitológicas, e históricas.
Vindo numa crescente em termos de composição e maturidade, o Blind Guardian tinha uma missão complicada no disco que apresentava em 1995, afinal vinham de sua melhor sequência de álbuns com “Somewhere Far Beyond” (1992) e o ao vivo “Tokyo Tales” (1993).
Com “Somewhere Far Beyond” deram continuidade à marca power metal da banda, mas fortemente influenciados pelo metal melódico e com claras e bem-vindas evidências de evolução musical, seja pela técnica ou pela criatividade.
“Somewhere Far Beyond” também é o disco responsável por marcar à ferro e fogo no Blind Guardian a alcunha de “bardos” do metal, e por definir a imagética da banda dentro da literatura de fantasia, principalmente de J. R. R. Tolkien.
Até por isso, mesmo antes de compor as músicas que ouviríamos em “Imaginations from the Other Side” o vocalista Hansi Kusch mergulhava nas histórias fantásticas em torno do mito do Rei Arthur motivado pelo lançamento do primeiro volume das “Crônicas de Arthur”.
Não podemos dizer que o disco é todo baseado na Lenda de Arthur, afinal existem referências a clássicos da literatura fantástica como “O Mágico de Oz”, “Crônicas de Narnia” e “O Senhor dos Anéis”, além se inspirar em escritores como Micahel Moorcock e T. H. White.
Claro que essa pluralidade de inspirações literárias não era novidade, mas todas elas estão amarradas de uma forma que “Imaginations from the Other Side” soe como um disco conceitual.
Suas músicas narram “a história de um garoto que deveria ser de um universo diferente daquele em que vive. Ele vai pular através de um espelho mágico que é o portal entre dois mundos”.
Ou seja, o Blind Guardian foi muito inteligente ao criar um conceito que permeia todas as composições, mas sem contar uma história linear, inspirada por recortes de diversos clássicos da fantasia literária.
O que temos em cada composição é uma reflexão, uma mensagem, ou uma ideia dada ao garoto através deste espelho, que se vê motivado a atender uma espécie de chamado deste mundo paralelo.
Tão genial quanto esse conceito são s composições deste álbum.
Mais densas, sombrias, rápidas e pesadas que as do álbum anterior, as músicas de “Imaginations from the Other Side” foram eficientes ao capturar a aura da narrativa, muito pelo excelente trabalho em estúdio, que ajudou a trazer a agressividade dos tempos de “Follow the Blind” (1989) e “Tales from the Twilight World” (1990) de uma forma mais trabalhada e até mesmo profissional.
“Imaginations From the Other Side” (1995) foi gravado no estúdio Sweet Silence, na Dinamarca, produzido por Fleeming Rasmussem, que foi muito eficiente no equilíbrio de peso e melodia na música dos alemães, além de encaixar com precisão e fluidez os aspectos épicos e dramáticos das composições.
A bateria e baixo soam pesados e agressivos (ouça o peso vertiginoso de “I’m Alive” com atenção a seção rítmica), assim como as guitarras trazem timbres encorpados nos riffs e cortantes nos solos (não se assuste se alguns destes timbres te remeterem diretamente aos de “Ride the Lightning”, do Metallica).
Além disso, Hansi Kush mostrava evoluir muito em suas linhas vocais, tanto em termos criativos, quanto técnicos, conferindo honestidade à força e ao sentimento do power metal forjado pela banda.
Com todos esses atributos, “Imaginations from the Other Side” acabou se tornando um clássico do heavy metal melódico, e a faixa “Bright Eyes” ajudou a impulsionar a carreira da banda de forma a transformá-la num fenômeno na segunda metade da década de 1990, além ampliar ainda mais os horizontes musicais pelas influências folk junto com faixas como “A Past And Future Secret” (um respiro após um início avassalador), “Mordred’s Song” (marcando algumas influências de Queen e Alan Parsons Project – esse em algumas linhas vocais).
Esse apelo folk iria ecoar com ainda mais força e bom gosto num futuro próximo, mostrando que a curva de crescimento da qualidade musical do Blind Guardian estava apontando para cima.
Também ouvimos alguns detalhes progressivos que abriam naquele momento um novo panorama de possibilidades para as músicas da banda.
As remissões ao thrash metal norte-americano se misturam com as referências ao rock clássico do Queen (como nas guitarras de “Another Holy War”) e com o peso progressivo de bandas como Fates Warning e Sanctuary em diversos momentos do disco (ouça “And the Story Ends” com atenção).
Tudo, claro, com bastante personalidade do quarteto alemão, reforçando a mudança de uma versão tipicamente alemã de heavy metal, influenciada pelo espírito épico da mitologia nórdica e cultura medieval, para uma banda grandiosa, cheia de personalidade e pompa, com grandes momentos do metal narrando a literatura fantástica clássica.
Esse foi o disco responsável por colocar o Blind Guardian como um dos principais nomes do power metal, por sua fórmula musical épica, grandiloquente e poderosa que gera músicas de alto nível como “Born in a Mourning Hall” (com muito peso e um grande refrão), “The Script of My Requiem” (resumindo o que de melhor tinha o power metal noventista), “Another Holy War”, e a longa faixa título com suas passagens pesadas e melódicas, que colocam “Imaginations from the Other Side” como um equivalente noventista a clássicos importantes da década anterior.
Esse foi o segundo capítulo da trilogia de clássicos noventistas do Blind Guardian, iniciada em “Somewhere Far Beyond” e finalizada em “Nightfall in Middle-Earth” (1998), e até por representar uma era da história do heavy metal, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1995
Top 3: “Bright Eyes”, “Imaginations From the Other Side” e “And the Story Ends”
Formação: Hansi Kürsch (vocais, baixo), André Olbrich (guitarras, backing vocals), Marcus Siepen (guitarras, backing vocals) e Thomen “The Omen” Stauch (bateria).
Disco Pai: Helloween – “ Keeper of the Seven Keys, Pt. 2” (1988)
Disco Irmão: Iced Earth – “The Dark Saga” (1996)
Disco Filho: Demons & Wizards- “Touched by the Crimson King” (2005)
Curiosidades: Este foi o último disco em que Hansi Kusch também tocou baixo em um disco do Blind Guardian além de registrar as linhas vocais. Segundo ele, as linhas de baixo estavam ficando mais complexas e seu estilo já não era suficiente para companhar a bateria de Thomas Stauch.
Pra quem gosta de: Senhor do Anéis, RPG, Caverna do Dragão, mitologia, filmes e lendas medievais, e camiseta preta com estampa no peito.
Leia Mais:
- Blind Guardian: “Somewhere Far Beyond” | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
- RESENHA | Blind Guardian – “Live Beyond the Spheres” (2017)
- STEPHEN KING | Literatura, Cinema e Rock N’ Roll
- QUEEN | 5 Discos Pra Conhecer
- Uriah Heep: “Demons and Wizards” (1972) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO
- RESENHA | Helloween – “United Alive In Madrid” (2019)
- Resenha | Gamma Ray – “Alive ’95” (1996, 2017)
- Metallica – “Kill ‘Em All” (1983) | CLÁSSICO DA MÚSICA
- Alan Parsons | O Mago de Estúdio da Música Progressiva.
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