Black Stone Cherry – Resenha de “Family Tree” (2018)

 

Black Stone Cherry - Family Tree
Black Stone Cherry: “Family Tree” (2018, Hellion Records) NOTA: 9,0

O Black Stone Cherry (que elencamos dentre as 24 novas bandas que você deve conhecer, aqui) está longe de ser um estreante na cena, e este “Family Tree” já é o sexto full lenght de sua carreira.

Mesmo assim, a banda ainda divide opiniões.

Enquanto alguns enxergam-na como um envolvente e raivoso amálgama de The Black Crowes, Soundgarden e Stone Temple Pilots, outros acusam a banda de padecer na mesmice.

Apesar de me colocar no primeiro grupo, concordo que mesmo em álbuns brilhantes, alguns momentos soam repetitivos, argumento alimentado com mais força num trabalho como “Magic Mountain” (2014).

Todavia, “Kentucky” (2016), chegou para retomar com maturidade suas raízes, aquelas apresentadas em discos como “Black Stone Cherry” (2006) e “Folklore and Superstition” (2008), além de investir em uma maior versatilidade sonora, sem truncar a evolução musical da banda, trazendo influências de blues e soul, em backing vocals femininos, alguns naipes de metais e doses homeopáticas de malícia.

Agora, numa espécie de continuidade da proposta ali desenvolvida, onde o Black Stone Cherry parece ter encontrado sua zona de conforto, aumentam o teor southern impregnado nas linhas de guitarra, nos refrões embebidos de melodias inspiradas, administrando bem o peso nas estruturas, e esbanjando técnica musical por texturas rústicas.

Todavia, a identidade deste “Family Tree” na discografia do Black Stone Cherry vem da produção mais seca, orgânica e crua, se comparada com a lapidação de “Kentucky” (2016). Isso deu mais potência e honestidade, além de equilíbrio, para a mistura de hard rock com southern rock da banda.

“Bad Habit” já abre os trabalhos esfregando estas credenciais em nossas fuças, com atitude nos riffs de vibe setentista, bateria firme e baixo frenético,  que também veremos na instigante “Southern Fried Friday Night”.

Ambas, ao lado de “You Got the Blues” e “Family Tree” são os maiores exemplos de como o Black Stone Cherry soube amadurecer, sem enfeitar, a identidade da banda.

Já o destaque “Burnin'” traz aquele espírito estradeiro por notas de guitarra prolongadas pelo slide sobre muito groove cadenciado. Um rock n’ roll de primeira linha!

Outro destaque vem na sequência, com “New Kinda Feelin'”, uma faixa que explora pelo hard rock todas as possibilidades do boogie, com direito a um piano sinuoso, em meio a estética southern rock. 

No mesmo molde e usando o tempero sulista da soul music temos “My Last Breath”, “Ain’t Nobody” (orgástica), e “I Need a Woman”.

Tudo isso pela estética roqueira, buscando variações nos andamentos para explorar com criatividade todas as possibilidades de sua fórmula, pontuando ousadias instrumentais, sem nunca descaracterizar sua personalidade.

Os riffs são construídos com ganchos melódicos irresistíveis e os solos trazem aquela emoção sulista de simplicidade certeira (lembrando muito o Lynyrd Skynyrd), algumas vezes por guitarras dobradas, ambos impressos com aquele timbre “choroso” e rústico, claras heranças dos bluesmen do sul.

Os vocais trazem linhas determinadas, cheias de dramaticidade na interpretação, mesclando referências de Warren Haynes e Greg Allman, com versatilidade melódica e a rouquidão certa para o mezzo southern mezzo hard do rock apresentado em “Family Tree”. A seção rítmica é técnica, mas simples, sem complexidades desnecessárias.

Até por essas observações não é ousado afirmar que “Family Tree” é o disco mais maduro do Black Stone Cherry, fato marcado em “My Last Breath” e “James Broown”.

Ouça-as com atenção. A primeira é uma balada soul com direito a coro gospel e discreto naipe de metais, mas sem soar forçada ou tentando mascarar uma mudança. Já a segunda, facilmente a melhor faixa do disco, ganha o ouvinte desde os primeiros segundos, com naipe de metais bem inseridos, passagens maliciosas e guitarras vibrantes.

O Black Stone Cherry ainda foi inteligente em inserir a intensidade moderna de seus outros discos como forma de revitalizar a receita clássica de bandas como Lynyrd Skynyrd, Blackfoot e Outlaws, como nos mostram “Carry Me On Down the Road”, “Dancin’ in the Rain” (com a presença ilustre de Warren Haynes) e “Get Me Over You”.

Os fãs de longa data já não podem mais sentir falta de tonalidades mais ásperas, como aconteceu na produção lapidada de “Kentucky”.

Em contrapartida, se aumentaram a intensidade, deram uma amainada no peso moderno/alernativo, o que não tira o fato de “Family Tree” ser um disco extremamente coeso e bem composto, que energiza o southern rock pelos traços do hard rock setentista, incluindo entre suas influências, nomes como ZZ Top e Molly Hatchet, confirmando a metamorfose proposta em 2016.

Aproveite que a Hellion Records lançou “Family Tree” no Brasil e confira aquele que, pra mim, é o melhor disco da banda desde “Between the Devil and the Deep Blue Sea” (2011)!

TRACKLIST

1 Bad Habit
2 Burnin’
3 New Kinda Feelin’
4 Carry Me On Down the Road
5 My Last Breath
6 Southern Fried Friday Night
7 Dancin’ in the Rain (feat. Warren Haynes)
8 Ain’t Nobody
9 James Brown
10 You Got the Blues
11 I Need a Woman
12 Get Me Over You
13 Family Tree

FORMAÇÃO

Chris Robertson (vocal e guitarra)
Ben Wells (guitarra e backing vocals)
Jon Lawhon (baixo e backing vocals)
John Fred Young – (bateria, piano, harmonica e backing vocals)

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