Samantha Fish – Resenha de “Chills & Fever” (2017)

 
Chills & Fever (2017) Samantha Fish
Samantha Fish: “Chills & Fever” (2017, Ruf Records) NOTA:8,0

É notável a maneira como esta norte-americana de apenas vinte e oito anos consegue praticar um gênero “antigo”, de forma tão revigorada e moderna, neste seu quarto álbum pela Ruf Records.

“Chills & Fever” tem tudo para alçar Samantha Fish a voos ainda mais altos dentro do cenário do Blues Rock, principalmente pelo seu forte apelo Soul/Pop sessentista, que torna as faixas envolventes, divertidas e dotadas de uma malícia lúdica irresistível.

As guitarras de timbragem crua, dão um tom mais nu e rústico ao instrumental bem estruturado numa seção rítmica orgânica, e deitado numa bem feita cama de teclados, que ajudam a amplificar o aroma vintage destas 14 faixas (minha versão vem com duas bonus tracks), num dualismo entre perigo e inocência, tão lascivo quanto um cigarro de morango.

E enquanto o Blues Rock vem bem desenvolvido em faixas como “Crow Jane” (com sua distorção irresistível), “Little Baby” (com inspirações country bem disfarçadas), e “He Did It” (empolgante abertura do álbum), a cadência Soul/Blues maliciosa se faz presente na faixa-título (que me remeteu diretamente ao trabalho de Clairy Browne, assim como em “You’ll Never Change”), e “It’s You Voodoo Working” (com naipes de metais irresistíveis), com um esfumaçado tom de cabaré noir.

O fato de Chills & Fever” ter sido gravado em Detroit, terra da Motown, claramente teve influência na sua sonoridade, estando bem diluídas nas composições supracitadas, mas fato indisfarçável nas baladas límpidas como “Hello Stranger”, “Hurt’s All Gone”, “Nearer To You”, “Never Gonna Cry”.

É inegável que a voz de Samantha se encaixa perfeitamente nesta roupagem mais Soul do Blues Rock, mesmo que “Either Way I Lose” tenha lá seus exageros.

Além dos vocais, os pormenores dos naipes de metais estão bem alocados, e as texturas são muito bem exploradas, rendendo climas e sabores diversos, numa dinâmica acessível, mas com certo senso de imprevisibilidade, principalmente na versatilidade melódica das linhas vocais.

A verdade que as linhas vocais de Samantha funcionam muito bem dentro desta proposta, principalmente quando acompanhadas do trabalho de guitarras (com Joe Mazzola fazendo bases concisas) estonteante.

É fato que Samantha refinou sua técnica nas seis cordas nas jams do histórico Knuckleheads Saloon, em Kansas City, no Missouri, apurando técnica e feeling  de modo versátil, roubando a cena no instrumental deste álbum, principalmente em “Somebody’s Always Trying”, a melhor das duas faixas bônus.

Claro que “Chills & Fever” não traz inovações para gênero, mas aponta um redirecionamento da música de Samantha, com forte (e relativamente oportunista) apelo pop, refletindo ousadia pessoal e não musical, mas cumprindo com muita competência aquilo que se propõe.

Se Joanne Shaw Taylor, Susan Tedeschi e Ana Popovic te chamam tanto a atenção quanto Clairy Browne, Aurea e Mahalia Barnes, então “Chills & Fever” vai te agradar indubitavelmente, afinal temos uma quimera destas influências que recria organicamente uma imagética retrô, sem soar datada, sendo, na verdade, extremamente saborosa.

Confira o clipe da faixa-título… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=TRILQk5ydU0&w=560&h=315]

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