Behemoth – “In Absentia Dei” (2021) | Resenha

 

“In Absentia Dei” é um material ao vivo da banda polonesa Behemoth gravado em setembro de 2020 no seu país natal durante uma transmissão ao vivo realizada no período da pandemia de COVID-19. O material foi lançado no Brasil através de uma parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records numa edição luxuosíssima em CD duplo/DVD, no formato slipcase/digipack com um livreto riquíssimo em fotos e informações. Certamente uma das edições mais bonitas de um disco lançado no Brasil nos últimos anos.

Behemoth - In Absentia Dei

“In Absentia Dei” foi apresentado como um espetáculo em quatro atos, dirigido por Darek Szermanowicz, dentro das muralhas de uma antiga e abandonada igreja no interior da Polônia. Até por este ambiente, a carga teatral do material vem desde a produção requintada até a performance infernal dos músicos.   Até por isso, o DVD cria um visual imersivo e visualmente narrativo de impacto único.

O Behemoth é uma banda formada em Gdańsk, no ano de 1991, como um devotado ao black metal tipicamente europeu, mas que evoluiu primeiramente seu discurso do paganismo à temática ocultista thelêmica, inspirada em Aleister Crowley, e, à partir do álbum “Satanica” em 1999, sua musicalidade, incorporando elementos do death metal e do thrash metal, se tornando um expoente do metal extremo moderno.

É importante dizer isto, pois ao longo de duas horas o Behemoth faz um passeio por toda esta carreira num extenso repertório de dezenove faixas retiradas de quase todos os seus discos (eles vão de “From the Pagan Vastlands” do álbum “Sventevith” de 1995 até “Evoe” do recente EP “A Forest” de 2020), deixando o show como um culto, com muita pirotecnia e vibrações opressivas, à própria obra da banda profanando um antigo solo sagrado.

O próprio Nergal dá esse tom em dado momento do show, antes de “Conquer All”, quando clama pela egregora formada pelas “legiões que nos observam de todos os cantos do planeta” para perceber a força com que celebram a magia do black metal naquela noite que foi registrada em altíssima qualidade de som e imagem onde cada música é um clássico da banda.

O Behemoth é uma banda mágica ao vivo, reunindo como poucas o visual (Nergal muda de figurino algumas vezes e a produção artística inseriu muita teatralidade na performance da banda) com a técnica musical, e a captação de áudio foi perfeita para imprimir os timbres ásperos das guitarras e o trovejante som da seção rítmica amplificados pela acústica orgânica da antiga igreja polonesa, que cria reverberações poderosas.

Além disso, a performance das músicas, levemente diferentes nas versões ao vivo, possuem alma e ganham vida até mesmo em comparação com as versões em estúdio. Existe uma aura mística de celebração em torno de execuções de músicas impecáveis do metal extremo como “Wolves Ov Siberia”, “Blow Your Trumpets Gabriel”, “Antichristian Phenomenon”, “Conquer All”, “Bartzabel”, “Oro Pro Nobis Lucifer” e “Slaves Shall Serve”. Algumas surpresas bem-vindas do repertório são “From The Pagan Vastland” “Prometherion” (do ótimo “The Apostasy” [2007]).

Não há muito mais o que dizer a não ser que se você gosta do Behemoth, ou não, “In Absentia Dei” é um espetáculo de arte sombria que deve ser conferido ao menos uma vez. E pelo pacote entregue na edição física nacional ainda afirmo que esta é uma peça obrigatória para colecionadores.

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