Alice Cooper é um dos maiores dentro do rock!

Precursor do que conhecemos como shock rock, sempre teve nos shows sua marca registrada. Teatralidade, terror, muito sangue falso e rock n’ roll convergiam para que o espetáculo fosse direcionado aos cinco sentidos.

Como isso, Alice Cooper criou uma imagética que fez dele um personagem da cultura pop e não só do rock. 

Com “Welcome to My Nightmare” (1975) ele deu ao público um verdadeiro pesadelo sobre o palco, e quatro décadas depois , seu poderio sob a ribalta permanece intacto, e isso pode ser conferido nesse “A Paranormal Evening At The Olympia, Paris”, mais recente disco ao vivo da Tia Alice, como é carinhosamente chamado pelos fãs.

Gravado durante a turnê de seu último e ótimo disco, “Paranormal” (2017),  na tradicional casa de shows de Paris, no dia 7 de dezembro de 2017,  “A Paranormal Evening At The Olympia, Paris” traz uma viagem pela carreira de Alice Cooper em dois CDs.

A abertura fica a cargo de “Brutal Planet”, clássico recente, mas com força e dramaticidade exata para se seguir à narração que apresenta Alice Cooper, ao mesmo tempo que tem no refrão o gancho melódico e energético para preparar  o terreno para clássicos como “No More Mr. Nice Guy”, “Under My Wheels”, “Billion Dollar Babies”, “Poison”, “Feed My Frankenstein”, “I’m Eighteen” e “Only Women Bleed”.

Ou seja,  temos um repertório bem balanceado entre “velhos” e “novos” (leia-se antes de 1976 e após 1986, pois nesses dez anos existe um limbo de qualidade e solidez na carreira de Alice Cooper) clássicos, bem como outras pérolas de sua carreira do quilate de “Department Of Youth”, “Halo Of Flies” e “Cold Ethyl”.

“Halo Of Flies” é um destaque à parte. Com mais de dez minutos de solos e jams essa faixa é um bom exemplo de como as peças mais antigas ganharam em potência e oxigenação, num contexto geral.

Além destas, Alice busca em “Constrictor” (1986), álbum que recolocou sua carreira nos eixos, a ótima “The World Needs Guts”, mostrando que nem todo hard rock oitentista está datado.

Creio que a banda que acompanha Alice Cooper em “A Paranormal Evening At The Olympia, Paris” é uma das melhores que já teve na carreira.

Os músicos a seu lado conseguem imprimir sabores extras nas versões originais motivando a platéia a uma troca de energia em cada hino entoado.

Baixo e bateria esbanjam tenacidade, sustentando tudo com dinamismo e solidez, e os backing vocals estão precisos.

As guitarras estão brilhantes (são três guitarristas), com solos vigorosos e pegada rock n’ roll cheia de duetos e duelos, enchendo o show de adrenalina e movimentos arrepiantes, como vemos no desfecho de “Woman Of Mass Distraction”, uma das mais novas do repertório, retirada de “Dirty Diamonds” (2005).

Das composições do álbum mais recente, só temos “Pain” e “Paranoic Personality”, essa última finalizada com o tema do clássico filme “Psicose”, de Alfred Hitchcock. E elas não fazem feio frente ao clássicos desfilados a seu lado.

Claro que com uma carreira de 50 anos e uma longa discografia, algo sempre fica de fora do setlist. Eu mesmo senti falta de “I Never Cry”, “Is It My Body”, “Hey Stoopied”, “You and Me”, e “Devil’s Food / The Black Widow”, só pra citar algumas, mas não dá pra reclamar das escolhas.

O desfecho com School’s Out” é manjado, mas apoteótico! Ainda mais com Alice Cooper colocando a letra de “Another Bick in the Wall, part 2”, do Pink Floyd, sobre o arranjo de seu clássico maior.

Só não leva nota máxima porque merecia um DVD acompanhando essa edição luxuosíssima!

TRACKLIST

FORMAÇÃO

Alice Cooper »» Vocal
Nita Strauss »» Guitarra
Tommy Henriksen »» Guitarra
Ryan Roxie »» Guitarra
Chuck Garric »» Baixo
Glen Sobel »» Bateria

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