Alan Parsons sofre de um mal similar ao de Mary Shelley no contexto literário.
Sim, a mente que frutificou o clássico “Frankenstein” talvez pertença à mais famosa escritora de sua geração, mas que poucos se deram ao trabalho de ler.
Analogamente, Parsons é um dos grandes nomes da música, cuja obra transcende o bom gosto musical costumeiro, mas que poucos têm o real privilégio de conhecer e ouvir, sendo associado “apenas” ao clássico “Dark Side Of The Moon” (1973), do Pink Floyd.
Dono de sucessos incontestáveis na década de 1980 com seu Alan Parsons Project, ele já vinha galgando os degraus do mundo musical muito antes do “Álbum do Prisma” e teve um papel importantíssimo em grandes álbuns do rock.
Em 1982, o soft rock estava em alta nas rádios e uma das canções que mais se ouvia era a aprazível “Eye In The Sky”, do Alan Parsons Project.
Uma canção calma, com melodias bem encaixadas, vocais com pouca variação e harmonias confortáveis aos ouvidos.
Foi uma das melhores canções daquele ano, lançada no álbum homônimo que fora gravado no histórico estúdio Abbey Road.
EM 1980 ALAN PARSONS JÁ ERA UM SUCESSO
Não que este fosse o primeiro sucesso dos britânicos, que já haviam emplacado a ótima “Games People Play” e a belíssima “Time”, ambas do álbum “The Turn of a Friendly Card” (1980), álbum, inclusive, que é uma preciosidade dentre muitas pepitas lapidadas pela dupla Parsons/Woolfson.
Este disco já contava como o quinto álbum do Alan Parsons Project e dava continuidade à tradição dos álbuns conceituais, narrando a história de um homem de meia idade que vai a um cassino para apostar tudo o que tem, só para perder.
Misturando referências a jogos de azar e elementos medievais, a obra-prima de mais de 15 minutos que batiza o álbum vale ser ouvida com atenção.
Narrando o conto de um homem de meia-idade que fica inquieto e tem a chance de ir a um cassino e apostar tudo o que ele tem, só para perder tudo.
Ou seja, as letras deste disco, cujo título pode ser traduzido como a virada de uma carta amigável concentra-se em jogos de azar, mas existem muitas referências musicais à era medieval.
A MÚSICA PROGRESSIVA DO ALAN PARSONS PROJECT
Desde que fora formado, em 1975, por Alan Parsons e Eric Woolfson (um músico oriundo do mundo erudito, pianista por formação) o projeto sofreu pela instabilidade da formação, que se tornou uma característica tanto quanto os álbuns conceituais.
O primeiro álbum do Alan Parsons Project é um marco do rock progressivo.
Lançado em 1976, “Tales of Mistery and Imaginations: Edgar Alan Poe” traz um álbum conceitual, inspirado nos contos de um dos maiores escritores norte-americanos, agrupados no livro “Contos do Grotesco e do Arabesco”.
As canções são grandiosas, contando com corais e até uma narração de Orson Welles na faixa “Dream Within a Dream”.
Este é o tipo de disco que não se deve negligenciar, pois canções como “The Raven” (que traz a primeira gravação musical a contar com um vocoder digital, instrumento capaz de sintetizar a voz humana) e “The Fall of House of Husher” (com um pedaço de uma obra de Debussy na introdução) são sem par na música progressiva moderna e muitas das faixas possuem participações de nomes como Arthur Brown e membros de bandas como Curved Air, The Hollies e Ambrosia.
O flerte com a literatura não morreu após o lançamento deste antológico lançamento.
Seus álbuns subsequentes foram inspirados em clássicos da literatura como “Eu, Robô”, de Assimov, Philip K. Dick e história egípcia, além dos conceitos originais como nos álbuns “Eve” (que tem as grandes mulheres da história no centro das letras) e o já citado “The Turn of a Friendly Card”.
O MAGO DA ENGENHARIA DE SOM: BEATLES E PINK FLOYD
Ao contrário do que o senso comum pode propor, Alan Parsons já era um nome respeitado dentro do mundo musical muito antes de lançar seu primeiro álbum pelo Alan Parsons Project.
Em verdade, ao lançar “Tales of Mistery and Imagination”, em 1976, seu objetivo era compor uma obra no patamar de um “Dark Side of the Moon”, ou seja, um álbum conceitual, sombrio e que trouxesse avanços na gravação e nas manipulações do estúdio.
Nada mais natural pra quem foi o engenheiro de som do clássico álbum do prisma.
Sim, Alan Parsons trabalhou ao lado dos quatro integrantes do Pink Floyd na concepção de sua maior obra-prima e ele só tinha 24 anos.
Sua carreira começou na fábrica de duplicação de fitas da EMI e, posteriormente, conseguiu um emprego como engenheiro-chefe no estúdio Abbey Road.
Como se não bastasse o trabalho ao lado do Pink Floyd, em seu currículo estava o cargo de engenheiro-chefe no clássico álbum “Abbey Road”, dos Beatles, e o cargo de engenheiro-principal no álbum “Wild Life”, a estreia do Wings, banda de Paul McCartney após o fim dos Beatles.
Além disso, trabalhou com o Pink Floyd nos álbuns “Ummaguma” e “Atom Heart Mother”. O casamento entre Parsons e o Pink Floyd não podia dar mais certo.
O quarteto progressivo explorava ao máximo novos sons e tendências experimentais e, segundo o próprio Parsons, “ser engenheiro de som daquele tipo de grupo era um sonho que se tornava realidade”.
Ao final, mesmo com um honorário mínimo, ele ganhou um Grammy Award por seu trabalho como engenheiro de som em “Dark Side of the Moon”, o primeiro dos onze que receberia ao longo de sua carreira, sendo dois deles como engenheiro de som do espetacular grupo Ambrosia.
PORTANTO
Seja como engenheiro de som, ou nas composições do Alan Parsons Project, a verdade é que este músico é um dos grandes nomes do rock em atividade.
Um músico sem fronteiras, experimental por natureza, cuja obra vai do rock clássico à música erudita, passando por marcos da história como a obra de Stockhausen.
Muito mais que nos deliciarmos com grandes sucessos é importante notar que Alan Parsons carrega uma discografia de respeito e suas canções evidenciam um compositor sensível, um estudioso das melodias e harmonias, explorando as barreiras da psicodelia progressiva moderna.
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