“Ballbreaker” é o décimo terceiro álbum de estúdio da lendária banda de heavy rock AC/DC, lançado em 1995.
“Ballbreaker” é um disco esquecido da do AC/DC, mas que, como veremos neste nosso artigo especial, merece ser redescoberto, pois tem o potencial de um clássico! Até por isso é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Definição em um poucas palavras: Guitarra, Pra Encher a Cara, Urbano.
Estilo do Artista: Blues/Hard Rock.
Comentário Geral: Se eu te pedisse pra escolher um disco do AC/DC pra tocar, muito provavelmente você ficaria entre “Let There Be Rock” (1977), “Highway to Hell” (1979) e “Black In Black” (1980). Talvez poderia surpreender escolhendo um dos discos ao vivo, como “If You Want Blood, You’ve Got It” (1978) ou “Live” (1992).
Em ambas as possibilidades, se eu estivesse ao seu lado te perguntaria: “por acaso não tem o ‘Ballbreaker’ por aí?” Você me olharia torto, possivelmente, afinal este álbum não é um dos maiores clássicos do AC/DC! Todavia, na predileção deste que preenche estas linhas, este álbum é um dos melhores da banda, por um motivo simples: foi minha porta de entrada para a música do AC/DC, em uma fita K7 que ainda possuo.
Historicamente, no abrir das cortinas da década de 1990 o AC/DC vinha subindo em qualidade seus álbuns desde que haviam descido uma ladeira vertiginosa a partir de meados dos anos 80 com o mediano “Flick of the Switch” [1983], mantida até “Blow Up Your Video” [1988].
O estrondoso sucesso do álbum “The Razor’s Edge” (1990) e a repercussão positiva das canções “Thunderstruck” e “Moneytalks”, motivou Angus Young a produzir novas canções, impulso fortalecido pelo excelente disco ao vivo lançado em 1992, que virou febre no início daquela década.
Para a produção do próximo trabalho em estúdio, Angus desejava contar com Bruce Fairbairn, que estava impossibilitado de abraçar o projeto por se encontrar em estúdio com o Van Halen. A opção mais óbvia era Rick Rubin, produtor polivalente, já renomado naqueles dias e que havia trabalhado com a banda na canção “Big Gun”, presente na trilha sonora do filme “Last Action Hero”, mais um enlatado do cinema norte-americano encenado por Arnold Schwarzenegger.
Em entrevistas precedentes, Rubin já havia declarado que sonhava em trabalhar com duas bandas: AC/DC e Black Sabbath. O objetivo do produtor era retomar a sonoridade setentista dos australianos, que se perdera na segunda metade dos anos 1980.
O guitarrista e líder do AC/DC, Angus Young, comprou a ideia de Rubin de tal forma que efetuou uma ligação para o ex-baterista Phil Rudd, esperançoso de trazer a química e a alta voltagem de volta, tendo no produtor a fonte de energia. Com a volta de Rudd e a demissão de Chris Slade estava retomada a formação que gravara discos como “Back In Black” (1980) e “For Those About to Rock” (1981).
Porém, as gravações do álbum não foram nada tranquilas. Tiveram que trocar de estúdio e os integrantes constantemente discutiam sobre os rumos que o álbum estava tomando, principalmente porque Rick Rubin não estava cem por cento direcionado no trabalho com o AC/DC.
Outra produção dividia sua atenção na mesma época (ele estava se dedicando também ao trabalho em estúdio com o Red Hot Chili Peppers), inclusive com algumas acusações dele estar deixando o AC/DC em segundo plano. Na época ainda surgiam rumores de que o AC/DC estaria encerrando as atividades, o que só criava um cenário ainda mais incerto enquanto desenvolviam o novo trabalho.
“Ballbreaker”, o álbum, ganhou o mundo em setembro de 1995, totalmente calcado no blues rock. Não que a banda tenha desistido do seu hard rock típico, presente em faixas como “Love Bomb”, “The Honey Roll”, “Burning Alive”, “Hail Ceaser”, na faixa-título e na sensacional “Caught With Your Pants Down”.
Porém, em seu esqueleto, este álbum é totalmente desenhado pelos riffs e harmônias do blues. “Hard As Rock”, “Cover You In Oil”, “Boogie Man” (um blues ao melhor estilo Muddy Waters que nos shows ainda contava com um hilário strip tease de Angus Young), “The Honey Roll” e “Whiskey on The Rocks” são faixas que não escondem o fato de terem ido além da influência de antes, com o sabor bluesy sendo degustado em todos os arranjos sustentados pelo baixo encorpado e a bateria orgânica.
Talvez o abuso deste tempero bluesy mais cadenciado tenha tornado a receita um pouco morna, até indigesta, para alguns, justificando a torrente de críticas negativas que o álbum recebeu e ainda recebe. Mesmo assim, creio que após duas décadas e meia de seu lançamento, “Ballbreaker” seja merecedor de uma audição acurada e sua formatação possa ser melhor compreendida.
Felizes são aqueles que dão mais uma oportunidade a estas composições e vão além da faixa de abertura, podendo degustar algumas das melhores músicas criadas pelo AC/DC. Além de reforçar os ingredientes do blues, investiram também em alguns assuntos pouco discutidos em suas letras, como temas sociais (“Burning Alive”) e religiosos (na canção “Hail Caesar” eles associam Adolf Hitler a um fanático religioso).
Os objetivos de Rubin podem não ter sido efetivamente alcançados, mas a malícia voltou a rondar as guitarras da banda, novamente aromatizadas com perfume barato misturado a uísque. Tanto que muitas das harmônias aqui impressas pedem pelos sinuosos movimentos de uma stripper. Outro atrativo de “Ballbreaker” mora nas ilustrações a cargo de artistas da Marvel espalhadas pelo encarte, que só ampliavam um clima de malícia herética.
Algo importante a enaltecer é a sonoridade orgânica que a banda voltou a apresentar, em contraste às produções anteriores que tornaram os principais elementos da banda mais sintéticos na fase pós-“For Those About To Rock”.
Por fim, para embasar minha escolha, desafio o ouvinte a uma tarefa impossível: passar inerte pela audição deste álbum, sem praticar, nem mesmo por um segundo, o tradicional air guitar. Tente e falhe miseravelmente!
Qualquer disco do AC/DC deve ser ouvido, mas “Ballbreaker” merece uma atenção especial, pois precisa ser redescoberto. Aliás, nada me tira da cabeça que eles aprovaram o resultado final, pois parece que tentaram repetir a dose com o disco seguinte,“Stiff Upper Lip” (2000).
Ano: 1995.
Top 3: “Caught With Your Pants Down”, “Hard As A Rock”, “Boogie Man”.
Formação: Angus Young (guitarra), Malcom Young (guitarra), Brian Johnson (vocais), Cliff Willians (baixo) e Phil Rudd (bateria).
Disco Pai: Muddy Waters – “Hard Again” (1977)
Disco Irmão: ZZ Top – “Rythmeen” (1996)
Disco Filho: Motorocker – “Rock Brasil” (2014)
Curiosidades: Por um curto tempo o AC/DC tinha dois bateristas: Phil Rudd, que havia voltado para a banda, após uma ligação de Angus, e Chris Slade, que não sabia da volta de Rudd até que os rumores se tornaram públicos. Em agosto de 1993, Rudd estava de volta à banda e Slade fora, compreensivelmente, carregado de raiva para com o AC/DC.
Pra quem gosta de: guitar heroes, hard rock temperado com blues, perfume barato, bicho-papão e uísque com gelo.
Ofertas de Discos do AC/DC:
- AC/DC – Ballbreaker – [CD Nacional]
- AC/DC – Power Up [Disco de Vinil]
- AC/DC – Back In Black [Disco de Vinil]
- AC/DC – Who Made Who [Disco de Vinil]
- AC/DC – Let There Be Rock [Disco de Vinil]
- AC/DC – High Voltage [Disco de Vinil]
Leia Mais:
- AC/DC – “Power Up” (2020) | Resenha Expressa
- Os 6 melhores guitarristas de todos os tempos segundo Keith Richards
- O que é Classic Rock? Quais os Discos Obrigatórios do Rock Clássico
- Stephen King | Literatura, Cinema, AC/DC e Ramones
- Quais Bandas “Salvaram” o Rock nos Anos 2000?
Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:
- Kindle Unlimited: 10 razões para usar os 30 dias grátis e assinar
- Os 6 melhores fones de ouvido sem fio com bateria de longa duração hoje em dia
- Edição de Vídeo como Renda Extra: Os 5 Notebooks Mais Recomendados
- As 3 Formas de Organizar sua Rotina que Impulsionarão sua Criatividade
- Camisetas Insider: A Camiseta Básica Perfeita para o Homem Moderno