O Wacken Open Air de 2017 viu ser escrita no seu palco mais uma página de destaque da história do heavy metal.

Nesse ano, o heavy metal  e a música clássica já estavam longe de ser encarados como água e óleo, principalmente quando Wolf Hoffman serve de catalisador entre ambos.

Desde a clássica “Metal Heart”, o Accept dava mostras da influência que a música clássica exercia sobre sua forma de compor, traduzindo para o Heavy Metal andamentos da “Marcha Eslava”, de Piotr Ilitch Tchaikovsky, e “Für Elise”, de Ludwig van Beethoven.

Não foi surpresa quando, em 1997, Wolf Hoffman, guitarrista da banda, lançou o brilhante trabalho exploratório “Classical”, onde registrava seus estudos de música erudita na guitarra, adaptando algumas composições clássicas e reinventando outras. E repetiu a dose recentemente em “Headbanger’s Symphony” (2016) – que resenhamos aqui.

Ou seja, o heavy metal  e a música erudita já estão unidos nas mais diferentes formas.

Seja na estruturação complexa e sinfônica do prog rock/metal, ou na pompa régia do power metal, e até mesmo nos amálgamas com mais presença da música clássica, como nos casos do Apocalyptica e do Van Canto.

Mas também não podemos esquecer que Mozart, Beethoven, e Bach, este último um virtuoso assim como Paganini  e Vivaldi, foram claras influências de guitarristas como Yngwie Malmsteen, Steve Vai e  do próprio Wolf Hoffman, além de gêneros inteiros como o power metal.

Isso posto, voltando ao Accept, é fato que “Restless and Live”, já era um sensacional registro ao vivo dessa (nem tão) nova fase da banda, e ele havia sido lançado em 2017, com direito a um DVD registrado no festival “Bang Your Head” (Alemanha), em 2015 (também lançado no Brasil via Shinigami Records, e que resenhamos aqui)

Mas o que aconteceu naquela noite de 2017, no Wacken Open Air, foi algo diferente: uma apresentação do Accept com orquestra sinfônica no tradicionalíssimo festival alemão.

Curiosamente, uma parceria tradicional em estúdio, como vimos anteriormente, mas inédita no palco, para a banda. E claro que esse espetáculo merecia um registro, que agora vemos em “Symphonic Terror – Live At Wacken 2017”.

Além disso, “Symphonic Terror – Live At Wacken 2017” é o último material com o baixista Peter Baltes, que deixou o posto em novembro de 2017, e daquele registro de “Restless and Live”, no festival de 2015, para esse, temos mais um ótimo álbum de estúdio no meio.

No caso, “The Rise of Chaos” – que resenhamos aqui-, que chegou também em 2017, operando uma dinâmica simples, de gigantismo nas harmonias vocais e guitarras que invadem o cérebro, bebendo na fonte do rico legado do Accept para livra-lo das amarras tediosas da inventividade inócua que assola o Heavy Metal nos dias de hoje.

Até por isso, o Accept busca duas faixas de “The Rise of Chaos” para compor as cinco primeiras responsáveis por abrir o show registrado em “Symphonic Terror – Live At Wacken 2017”.

E fica claro no registro em vídeo que não é só em estúdio que a banda agrada! Em áudio e imagem é nítido que o Accept dá exatamente o que o público deseja, desde o início com a nova “Die By The Sword” e seu refrão matador.

Nesse início, onde a banda executa cinco faixas sem a orquestra, vemos o profissionalismo, a vontade, e a sintonia com o público que só uma entidade do heavy metal como o Accept pode gerar.

A segunda música apresentada é nada menos que o clássico “Restless And Wild”, que fortaleceu a simbiose energética que começava a se criar entre público e banda (no fim de “Pandemic” os espectadores já estavam dominados), enquanto prosseguiriam com mais três músicas retiradas dos seus últimos discos, rumo à segunda parte do espetáculo!

Uma observação: não há dúvida de que Wolf Hoffman é o centro gravitacional do Accept, mas a energia e impacto vocal de Mark Tornillo impressiona, e muito! O cara é incansável e peça-chave na forma pura de heavy metal que praticam.

A segunda parte do show traz Wolf Hoffman junto à orquestra sinfônica executando movimentos de seu segundo disco solo, “Headbangers Symphony”, como “Night On Bald Mountain”  (atenção ao feeling, técnica e virtuose do guitarrista nesta interpretação de Modest Mussorgsky), “Romeo and Juliet” (de Prokofiev, e que foi faixa bônus do disco), e “Pathétique” (virtuosa em sua mudanças de tempo, e escrita quando Beethoven tinha apenas 28 anos).

Também se faz necessária reverência à precisão dos músicos em recriar esse crossover com tamanha classe e tenacidade no palco, não diminuindo o ritmo e preparando o público para o que estava por vir!

E aí, pelo que vemos no DVD, até a natureza contribuiu para o espetáculo, oferecendo um pôr-do-sol quase poético de pano de fundo para um show que duraria por duas horas e se estenderia até o anoitecer.

Na terceira parte do show foram executadas dez músicas do Accept com a orquestra no palco, e em destaques como “Princess of the Dawn”, “Stalingrad” (que ganhou um acompanhamento épico-militar de emocionar), “Breaker” (veloz e vertiginosa), “Fast As A Shark” (com inserções precisas de orquestra e um céu noturno apocalíptico sobre o público),mas principalmente “Metal Heart”  e o épico desfecho com “Balls to the Wall”, vemos como existe uma harmonia entre orquestra e a banda, não baseada em intercalar protagonismos nas ambientações dos arranjos, mas sobrepor as texturas erudita e metálica.

Cabe uma menção final à luxuosíssima edição nacional à cargo da Shinigami Records, num digipack de nível internacional, com encarte recheado de fotos do show, dois CDs e um DVD, que além do show traz  os making offs do disco de Wolf Hoffman e da preparação para o Wacken.

Material obrigatório para os fãs e que vai agradar os colecionadores mais exigentes!

TRACKLIST

CD 1
1. Die by the Sword
2. Restless and Wild
3. Koolaid
4. Pandemic
5. Final Journey
6. Night On Bald Mountain
7. Scherzo
8. Romeo and Juliet
9. Pathétique
10. Double Cello Concerto in G Minor
11. Symphony No. 40 in G Minor

CD 2
1. Princess of the Dawn
2. Stalingrad
3. Dark Side of My Heart
4. Breaker
5. Shadow Soldiers
6. Dying Breed
7. Fast as a Shark
8. Metal Heart
9. Teutonic Terror
10. Balls to the Wall

DVD
1. Die by the Sword
2. Restless and Wild
3. Koolaid
4. Pandemic
5. Final Journey
6. Night On Bald Mountain
7. Scherzo
8. Romeo and Juliet
9. Pathétique
10. Fouble Cello Concerto in G Minor
11. Symphony No. 40 in G Minor
12. Princess of the Dawn
13. Stalingrad
14. Dark Side of My Heart
15. Breaker
16. Shadow Soldiers
17. Dying Breed
18. Fast as a Shark
19. Metal Heart
20. Teutonic Terror
21. Balls to the Wall
22. Making of: Wacken
23. Making of: Headbanger’s Symphony

FORMAÇÃO

ACCEPT

Peter Baltes (baixo)
Wolf Hoffmann (guitarra)
Mark Tornillo (vocais)
Christopher Williams (bateria)
Uwe Lulis (guitarra)

HEADBANGER’S SYMPHONY

Christopher Williams (bateria)

Wolf Hoffmann (guitarra)

Melo Mafali (teclados)

Phillip Shouse (guitarra)

Daniel Silvestri (baixo)

Czech National Symphony Orchestra (arranjos sinfônicos)

Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground Symphonic Terror Live At Wacken 2017 Accept Cultura Pop e Underground 

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