Gov’t Mule – Resenha de “Revolution Come… Revolution Go” (2017)

 

Gov't Mule Revolution Come... Revolution Go
Gov’t Mule: “Revolution Come… Revolution Go” (2017, Fantasy Records, Hellion Records) NOTA:10

O Gov’t Mule tem uma reputação musical sólida, criada com virtuosismo e feeling desenrolados numa estrutura que valoriza os melhores aspectos da música norte-americana, indo do southern rock ao jam rock passando pelo fusion, soul blues com destreza e inteligência.

Nesse sentindo, a banda liderada pelo lendário Warren Haynes, que figurou numa das encarnações da saudosa e histórica Allman Brothers Band, traz mais um trabalho para seu legado, intitulado “Revolution Come… Revolution Go”, o décimo primeiro de estúdio.

Geralmente, quando vou ouvir um novo disco, tomo notas numa espécie de “diário de audições” e vou marcando com cinco estrelas as faixas que mais gosto durante a audição. Pois então… Vamos percorrer “Revolution Come… Revolution Go”usando esta qualificação nesta resenha

A abertura certeira, com “Stone Cold Rage”, já impactou com o groove sulista herdeiro da estética setentista, com peso bem administrado e ritmo amaciado, seguida por  “Drawn That Way” que traz o blues rock para o jogo.

Porém, mesmo que “Drawn That Way” tenha uma vibe à lá AC/DC em seu início, ela caminha numa linha harmônica invertida daquela usual no blues, além de buscar variações bruscas de andamentos, terminando com um estranho duelo de guitarras.

Duas faixas cinco estrelas e variadas abrindo “Revolution Come… Revolution Go”. 

Seguindo o tracklist chegamos à instigante balada “Pressure Under Fire” que esparrama feeling soul/bluesy no repertório, com destaque às guitarras inflamadas e a voz emocional de Warren Haynes.

E à medida que “Revolution Come… Revolution Go” passar veremos como esse apelo soul permeará grande parte das composições.

“The Man I Want to Be”, por exemplo, traz algo da psicodelia sessentista norte-americana, filha do blues e com sentimento soul/rock. Preste atenção aos teclados vintage desta música e à timbragem chorosa das guitarras.

Só fiquei pensando em como essa música se encaixaria na voz de Janis Joplin, pois o instrumental tem aquela sua marca de intensidade.

Pulando para “Dreams & Songs”, temos mais um inspirado movimento com a marca soul nos corais e vozes sobrepostas, numa balada tão eficiente quanto suas irmãs, apresentando mais credenciais southern rock, enquanto “Easy Times” traz o blues para uma balada que lembra alguns dos melhores momentos da carreira solo de Eric Clapton.

Blues que por sinal reaparecerá em “Burning Point”, faixa que traz Jimmie Vaughan, de modo moderno e com muita atitude nas guitarras.

Deve-se enaltecer a capacidade da banda em compor baladas com mesmos elementos, mas com sentimentos diferentes entre si, e Warren Haynes mostra o grande vocalista que é nas baldas, onde ele imprime todo o sentimento em sua voz.

Ou seja, cinco estrelas para todas as supracitadas.

Mas não pense que “Revolution Come… Revolution Go” é um disco cravado apenas por baladas de tons soul blues. 

Na verdade, este é um disco versátil, à começar por “Traveling Tune”, que traz aquele country/rock setentista à moda Eagles e America, de uma forma muito particular e belíssima, com direito a slide e refrão certeiro.

O experimentalismo que já fora ensaiado em “Drawn That Way”, nas explorações e variações de andamentos, retorna com mais força em “Thorns of Life”, com sua aura jazzística/progressiva, como uma atualização do The Doors junto ao Grateful Dead pela estética atual de Steven Wilson.

Uma longa e multifacetada composição, cheia de climas e solo de guitarra rusticamente timbrado, que claramente merece nossas cinco estrelas.

Ainda no campo mais experimental, “Dark Was the Night, Cold Was the Ground”, uma canção tradicional registrada pelo lendário bluesman Blind Willie Johnson, ganha uma geometria nada óbvia na transição dos arranjos, introdução dramática e pantanosa, nesta faixa que pode ser encarada como um southern rock pós-moderno, onde os teclados sombrios são um show à parte. Mais uma cinco estrelas.

“Revolution Come, Revolution Go”, a música, é daquelas que separa o profissional do diletante. Com “jeitão” fusion num blues/rock de intensidade eletrificada e leve calor eletro-boogie à moda ZZ Top numa abordagem ousada e de experimentalismo disfarçado.  Cinco estrela? Claro!

Por fim, “Sarah, Surrender” ganhou “seis estrelas”! Seu groove requintado, com cara de AOR/pop, e refrão envolvente, dariam orgulho a Steely Dan, Ambrosia e, principalmente, Hall & Oates. Pra mim, a melhor música do álbum!

Ou seja, quando terminei a audição, todas as faixas estavam marcadas com a nota máxima!

Falando de forma mais geral, a timbragem dos instrumentos está orgânica, com o sabor do passado, mas sem o cheiro de mofo.

Os teclados de “Revolution Come… Revolution Go” são um caso especial no instrumental, lascivos e imprescindíveis para os arranjos, sem soarem espalhafatoso, mas estrategicamente dispostos e extremamente versáteis.

Além disso, a s guitarras são classudas, precisas e maliciosas, a bateria sustenta tudo com robustez, mas o baixo merece também uma menção mais destacada, pois vai além de preencher espaço ou sustentar as harmonias.

Existe em “Revolution Come… Revolution Go”, um perene clima de jam session que orbita as linhas melódicas que guiam as composição. Nesta estética, as guitarras de Warren Haynes exploram as possibilidades do blues e a libertinagem acadêmica do jazz.

Até por isso, “Revolution Come… Revolution Go” é um disco de altíssimo nível técnico e criativo, orientado ao blues rock e bem trabalhado em estúdio por uma produção que remete aos discos modernos de Robin Trower e Joe Bonamassa

Existe muitas coisas a serem louvadas em “Revolution Come… Revolution Go“, mas em comparação aos outros discos da banda, elas são menos óbvias que outrora, mas não menos interessantes!

D-I-S-C-A-Ç-O!

TRACKLIST

1. “Stone Cold Rage”
2. “Drawn That Way”
3. “Pressure Under Fire”
4. “The Man I Want to Be”
5. “Traveling Tune”
6. “Thorns of Life”
7. “Dreams & Songs”
8. “Sarah, Surrender”
9. “Revolution Come, Revolution Go”
10. “Burning Point”
11. “Easy Times”
12. “Dark Was the Night, Cold Was the Ground”

FORMAÇÃO

Warren Haynes (vocal, guitarra)
Matt Abts – (bateria e percussão)
Danny Louis – (teclados, guitarra, e backing vocals)
Jorgen Carlsson (baixo)

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